Vinte e cinco anos das eleições gerais de 1994

 
                                                                                                                                                                                                                                                                                                  Vítor Mateus Viebrantz
                                                                                                                                                                                                                                                                                          Acadêmico de História - UPF

No último 3 de outubro, completaram vinte e cinco anos da realização das eleições gerais de 1994, cujo resultado elegeu para presidente da República Fernando Henrique Cardoso (FHC), candidato pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).  Aquele pleito foi o segundo depois da Redemocratização, ocorrida na metade da década de 80 e confirmada em 1988 com a nova Constituição. Pelas páginas d´O Nacional, as eleições foram marcadas em Passo Fundo pela tranquilidade e pela delonga nas apurações. 

Em 1989, no primeiro pleito realizado democraticamente após o período ditatorial, haviam sido eleitos Fernando Collor como presidente e para vice Itamar Franco. No ano de 1992, com o impedimento de Collor, Itamar assumira o poder. No ano seguinte, o então presidente indicava para o cargo de Ministro da Fazenda o sociólogo FHC. Devido aos problemas econômicos ligados à hiperinflação, o cargo garantia visibilidade no governo. Os efeitos do Plano Real, arquitetado pelo então ministro e auxiliares, promoveram melhoras na economia nacional e a redução da inflação, o que colocou FHC no hall de candidatos à presidência em 1994. 
As eleições de 1994 ocorreram em uma segunda-feira, dia 3. Além da presidência da República seriam eleitos os novos governadores, senadores e deputados – estaduais e federais. Disputavam os cargos da presidência com o tucano, outros sete candidatos, entre eles Lula (PT) e Leonel Brizola (PDT). 

O jornal O Nacional trazia na edição do dia anterior às eleições um caderno especial, tratando das questões gerais do pleito eleitoral: seções eleitorais, informações dos candidatos, pesquisas locais. Um texto chama a atenção por tratar do perfil do eleitorado brasileiro, destacando que dos “94,7 milhões de eleitores, cerca de 34 milhões [são] tecnicamente analfabetos”, o que para aquele momento era significativo, pois era apenas a terceira vez que esse grupo poderia participar de um pleito do processo democrático.

 Uma charge também chama atenção, ela traz um dragão entristecido que vai descer em um elevador, enquanto que, ao seu lado está uma moeda, representando o Plano Real que irá subir, enquanto isto, um terceiro personagem representando Lula está escorado na parede, com semblante colérico. As charges desse cunho político-eleitoral, também seguem nas publicações que se estenderam até a apuração final dos votos. Essas representações estão ligadas ao aspecto decisivo da diminuição da inflação associada ao candidato do PSDB e que afligia os demais concorrentes. 

Nos dias seguintes à eleição, em textos do jornal, se comentava que “a empolgação foi pequena” e que ela foi “tranquila”, “foi mais uma eleição”. É interessante perceber como a morosidade para a divulgação dos resultados era fatigante: os votos eram em cédulas de papel, e segundo o mesmo jornal, eram duas cédulas – uma para os candidatos à presidência, governadores e senadores e outra para os deputados federais e estaduais. A apuração dos votos era feita manualmente e, segundo O Nacional, envolveu mais de duzentas pessoas. Em Passo Fundo a apuração ocorreu no CTG Lalau Miranda, primeiro contando os votos dos outros municípios que compunham a 33ª Zona Eleitoral e, por último, Passo Fundo. O resultado oficial da Zona era esperado para três dias após o pleito, mas se deu apenas na sexta-feira, 7 de outubro. 

As eleições de 1994, colocavam o país sob a presidência de FHC, que vai governou até final de 2002. No Rio Grande do Sul, para o governo estadual, elegeu-se Antônio de Britto. A passagem dos vinte e cinco anos desse pleito revelam alterações e permanências comparando-se às eleições gerais de 2018: mudanças expressivas no processo eleitoral como um todo e também a alteração das morosas urnas de papel para urnas eletrônicas, rápidas e seguras; e continuidades, com a permanência no cenário eleitoral de personagens políticos dos anos 1990, de posterioridade a um impeachment e um governo de um vice-presidente, da questão econômica de contexto de crise como um dos fatores decisivos para a escolha de voto.