Os 50 anos da primeira expedição tripulada rumo à Lua

Alex Antônio Vanin e Roberto Biluczyk
Mestrandos em História – PPGH/UPF

No contexto pós-Segunda Guerra Mundial, o mundo se dividiu em dois blocos econômicos antagônicos que disputavam, de maneira indireta, a influência sobre diversas partes do globo. Era a Guerra Fria. No centro desse conflito – que em certos momentos ameaçou se tornar “quente” –, os Estados Unidos da América (EUA) lideravam o bloco capitalista, contrapondo-se à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que definia as ações do bloco socialista. 

Há divergências entre os historiadores acerca do ponto exato de início da Guerra Fria, que marcou a segunda metade do século XX. Seu encerramento, porém, está relacionado com a decadência da URSS, entre 1987 e 1991, que culminou em sua dissolução, colocando fim à bipolarização, permitindo o avanço do processo de globalização, que transformou a geopolítica internacional.
Durante a Guerra Fria, os dois países líderes dos blocos eram desenvolvedores de tecnologias próprias, buscando não apenas a hegemonia do planeta, como a supremacia na corrida espacial. Dessa forma, as potências procuravam superar uma a outra em conquistas, a fim de demonstrar a própria superioridade. Nesse quesito, a URSS saiu na frente, enviando ao espaço, o primeiro ser vivo, a cadela Laika, em novembro de 1957. Em 1961, Yuri Gagarin (1934-1968), jovem militar da Força Aérea soviética, selecionado pelo programa espacial, alcançou êxito em sua missão de viajar pelo espaço sideral, tornando-se um símbolo de superioridade soviética naquele país.

Ainda em 1961, o Presidente dos EUA, John Fitzgerald Kennedy (1917-1963), anunciou a intenção de seu país em levar o ser humano à Lua, satélite natural da Terra, e trazê-lo de volta em segurança, antes do final da década. Através do Programa Apollo, produto de anos de pesquisa, os EUA cumpriram a promessa em 20 de julho de 1969, causando comoção na população, que pode assistir o acontecimento pela televisão. 
A missão Apollo 11 envolveu o investimento de milhões de dólares e estava tripulada pelos astronautas Neil Armstrong (1930-2012), Edwin Aldrin Jr., conhecido como Buzz (1930-), e Michael Collins (1930-). Enquanto os dois primeiros pisaram sobre o satélite, o terceiro manteve a espaçonave na órbita da Lua. A ação foi amplamente destacada no mundo capitalista. A expedição produziu uma série de fotografias, que seriam divulgadas por revistas ilustradas brasileiras como Manchete e Fatos e Fotos. 

O jornal O Nacional acompanhou em detalhes os desdobramentos da missão Apollo 11. No dia 16 de julho de 1969, destacava-se o começo da “mais fantástica aventura já tentada pelo homem”, conforme o periódico. Naquela quarta-feira, a espaçonave partiria rumo à Lua, a fim de viabilizar pesquisas científicas sobre características observadas à distância por astrônomos. A mesma edição publicou em sua contracapa, a tabela de horários previstos para as ações dos astronautas. O entusiasmo se refletiria ainda nos dias seguintes, quando o jornal informaria pormenores operacionais sobre a viagem e a alunissagem – isto é, o pouso na Lua. O significado científico e tecnológico da expedição e seu resultado de sucesso despertavam a expectativa de que os problemas políticos e sociais seriam solucionados mais facilmente, a partir de então. 
O pouso estava previsto para 21 de julho de 1969, uma segunda-feira, dia da semana que, em muitos idiomas, homenageia a Lua em sua nomenclatura. Entretanto, já no domingo, dia 20, o desembarque foi possível. Um ponto polêmico foi a instalação de uma bandeira estadunidense no satélite, ato que, segundo o comando espacial, não significaria a posse ou o direito legal daquele país sobre a Lua. Paralelamente, a URSS enviou um módulo não tripulado para a superfície lunar, a fim de investigar aspectos de seu solo.

O retorno dos astronautas estadunidenses, no dia 24, foi amplamente festejado. Diante do sucesso da missão, O Nacional, no dia seguinte, recordava a promessa de Kennedy e sua visão de futuro, interrompida por seu assassinato, seis anos antes. O Programa Apollo foi extinto em 1972 e, desde então, os EUA não mais retornaram ao satélite em missões tripuladas.