Revista O Cruzeiro

26 de setembro de 2013

O mundo em papel couchê

A revista “O Cruzeiro”, da qual o acervo de periódicos do AHR tem vários exemplares, foi criada em 10 de novembro de 1928 nos arranha- céus da cidade do Rio de Janeiro, na rua do Livramento, nº 189, no então estado da Guanabara. Foi considerada uma revista à frente de seu tempo e, mais tarde, ficou mais conhecida como o mundo em papel couchê. Circulava em todo o Brasil, em Portugal, na Argentina, no Chile, no México e em mais de 142 países. Focando desde conhecimentos gerais e de entretenimento, priorizando de forma marcante os assuntos relacionados com economia e política de âmbito nacional e internacional. Atendia, em suas 150 páginas semanais, público diversificado, desde as camadas populares até os intelectuais.

Em seus 47 anos de circulação conheceu o apogeu, a glória, a fama e a decadência através de inúmeras reportagens que marcaram a história: o carnaval do Rio de Janeiro, a morte de Getúlio Vargas, o disco voador na Barra da Tijuca, a bomba atômica Russa, o desembarque de tropas americanas no Líbano, a espionagem em Berlim.

A revista O Cruzeiro representou mais do que uma revista ilustrada, foi modelo para a mídia brasileira lançando novos modos de comunicação. Foi projetada para ser a mais moderna publicação do Brasil, tendo circulação em todas as regiões do país, com uma tiragem inicial de 50 mil exemplares, um recorde  para  os padrões da época. Chegando ao ápice com o número de 600.000 exemplares publicados  entre a metade e o final da década de 1950.

As representações feitas nas páginas da revista O Cruzeiro possibilitam captar uma história em movimento, relacionando os personagens com as práticas sociais de um determinado período. A revista é fonte de sua própria história e das mais diversas situações, encontrando dados sobre a sociedade, seus ritos e costumes, informando sobre questões políticas e econômicas inseridas em suas representações através de seus textos e imagens.

A imprensa não controla as atitudes, crenças e pensamentos do público receptor, mas traz para sua atenção uma seleta agenda de tópicos para se pensar a respeito. Os corpos podem ser torturados, amordaçados, repreendidos, mas o pensamento de um homem jamais vais ser reprimido. Onde quer que a imprensa seja livre e todos os homens saibam ler, tudo está salvo, dizia Thomas Jefferson.

A revista O Cruzeiro possibilita aos historiadores realizarem profunda análise crítica-reflexiva sobre o contexto da época. Suas páginas são fonte de pesquisa, abrindo-nos um leque de possibilidades para ampliar nossos estudos sobre os acontecimentos históricos daquelas décadas.

Leonice Portela
Acadêmica do 7º semestre do curso de graduação em História da UPF (bolsista PIBIC/UPF)
Fonte e Imagem: Acervo AHR
* O AHR destaca que os artigos publicados nessa seção expressam única e exclusivamente a opinião de seus autores