O desenvolvimento de Passo Fundo e o Grupo Busatto

Passo Fundo hoje é considerada a maior cidade do norte do estado, com uma população aproximada de 195.000 habitantes, segundo os dados do IBGE, 2010. Conhecida nacionalmente como Capital do Planalto Médio e Capital Nacional da Literatura, tem sua formação iniciada a partir de 1827, com a fixação do Cabo Manuel José das Neves no território que originaria, anos depois, em 1857, o atual municipío.

A nova configuração político-administrativa e os acontecimentos desenrolados na região durante o século XIX (Revoluções Farroupilha e Federalista, especialmente) contribuíram, também, para o desenvolvimento local e regional. Em 1887 o município contava com 20.000 habitantes e a vila com 277 casas. Em decorrência do aumento progressivo de moradores foram sendo instalados, aos poucos, serviços comerciais, de correio, telégrafo, viação férrea, telefonia, energia elétrica, canalização da água e esgoto, asfaltamento, etc. Em 1980, Passo Fundo já contava com 850 estabelecimentos comerciais. Tais empreendimentos do setor terciário são bem desenvolvidos na cidade, o que acarreta diversidade de oferta para atender a uma expressiva demanda, visto que o público consumidor abrange cerca de cinquenta municípios da região. O estabelecimento comercial Busatto, Langaro e Cia faz parte desta história, foi um dos comércios pioneiros que contribuíram para o desenvolvimento desse setor no município.

A família Busatto migrou da Itália para o Brasil em 1885 estabelecendo-se, incialmente, na cidade de Antonio Prado no Rio Grande do Sul, onde se dedicaram à atividade da sapataria. Ainda em fins do século XIX abriram uma pequena loja na vila de nove casas, onde anexaram curtume à  sapataria. Com o passar dos anos, os Busatto abriram crédito em uma empresa de Porto Alegre, adquirindo melhores condições para novos investimentos. Assim, passaram a  explorar o ramo de “secos e molhados” em 1903. Em 1912 já evidenciavam sua marca de fortes comerciantes e empreendedores, tendo em São Luiz de Guaporé cinco casas comerciais e, em Passo Fundo, armazéns para depósito de produtos exportáveis.

Ainda derivada de tal crescimento contínuo dos empreendimentos, em 1924 constituiu-se a firma Busatto, Irmãos e Cia., em Passo Fundo. Desta constituição derivou o moinho produtor da farinha “Excelsa”. Além deste investimento, uma refinaria de banha produtora de cerca de 400 caixas diárias foi constituída. As novas produções evidenciam a diversidade de ramos nas quais a empresa mobilizava seu capital, assim como nos faz avaliar o desenvolvimento geral do município em função da abertura de comércios variados para atender a um público consumidor crescente e carente de produtos dos mais variados tipos.

Em 1º de julho de 1930, a família Busatto associa-se à família Langaro, iniciando assim a firma Busatto, Langaro e Cia., com 78 empregados e operários. Esta empresa já surge como um dos maiores complexos comerciais da época. A atuação da Busatto, Langaro e Cia. continuou até os anos 1950, quando ocorreu sua falência. Todavia os Busatto ainda mantêm-se no ramo comercial. Atualmente esse grupo reduziu-se a uma casa comercial situada na Avenida Presidente Vargas, onde oferta produtos diversos de utilidades e ferragens. O moinho, símbolo da empresa pujante de outrora, ainda se mantêm de pé, mas há algum tempo a construção abriga uma casa noturna.

Em toda a trajetória do grupo Busatto, destacou-se o senso comercial e empreendedor, assim como a luta para o desenvolvimento da empresa, coadunado à da própria cidade. O grupo Busatto marcou a história de Passo Fundo e da região e ainda constitui-se num marco referencial para a compreensão do desenvolvimento econômico do município, visto sua importância como pioneiro e empreendedor na região norte do Rio Grande do Sul de outrora.

Lindalva S. L. Miola e Alexandra Zimmermann
Acadêmicas do 3º nível do Curso de História UPF
Fonte: Acervo AHR