A história em patrimônio

A história das cidades tem sido objeto de estudo de muitos historiadores, urbanistas, antropólogos, etc. Entre suas aspirações está a de produzir sistemas explicativos para o desenvolvimento urbano, sua disposição geográfica, social, econômica, entre inúmeros aspectos que envolvem o cenário citadino, mas as cidades contam por si próprias sua história e Passo Fundo não é diferente.

Passo Fundo possui em seu panorama elementos que nos fazem imaginar o passado em preto e branco e trilha sonora, um passado com vistas ao progresso, encantador, político, econômico e movimentado. Muitos prédios magistrais remetem ao início do século XX, um deles é o emblemático Banco da Província, o qual representou o símbolo da chegada do avanço econômico ao município.

Instalado em Passo Fundo no ano de 1912, o Banco da Província logo se firmou na cidade e tratou de construir uma sede própria e distinta, situada na esquina entre as ruas Bento Gonçalves e Morom, uma estrutura voltada ao monumento e com características sofisticadas. Sua construção teve a projeção de João de Césaro, imigrante naturalizado brasileiro. Formado no curso “Liceu em Arquitetura” na Itália, veio para o Brasil no ano de 1913 e ajudou a construir a imagem arquitetônica de Passo Fundo, nas edificações de vários prédios importantes do município, entre eles o Banco da Província.

A construção do prédio, além de seus objetivos econômicos, obteve grande proclamação social. Sua inauguração deu-se em 6 de setembro de 1922, com a realização de atos sociais. Segundo a Senhora Leofrida Barbieux em entrevista ao jornal Zero Hora para um especial sobre a história do município, houve na ocasião “uma grande festa que movimentou a cidade”.

Após o término de sua edificação, respeitando o projeto original, a agência realizou ampliações no ano de 1928 e 1949, a primeira estendeu o prédio no sentido da Rua Morom e a seguinte estabeleceu os limites da propriedade como a conhecemos hoje. Após estas, o prédio recebeu algumas reformas durante o tempo e conforme as prestações de serviço do banco, mas nada que alterasse sua aparência e estilo arquitetônicos originais.

O Banco funcionou neste mesmo edifício até o ano de 1985, quando mudou de endereço e seguiu suas atividades em Passo Fundo até o ano de 1989. A antiga agência foi vendida ao Banco Itaú, o qual funciona no mesmo local até os dias de hoje.

Reconhecemos aqui uma instituição que juntamente com outros patrimônios materiais contam em si a história do município, mas mais do que isso, é preciso reconhecer nestes bens culturais a própria ação histórica, reconhecê-los como autênticos sujeitos que contribuíram para escrever as linhas da história de Passo Fundo.

Mayara Hemann Lamberti
Acadêmico do 3º nível do Curso de História
Fonte: Acervo AHR