Palestra discute a contribuição de Roberto Burle Marx para o paisagismo brasileiro
18/04/2017
16:12
Por: Assessoria de Imprensa
Fotos: Camila Guedes
Evento realizado na noite dessa segunda-feira, 17 de abril, marcou também o lançamento do livro “Paisagens particulares: jardins de Roberto Burle Marx (1940-1970)”
"Paisagismo de resistência: a contribuição de Roberto Burle Marx e outros paisagistas contemporâneos" foi o tema da palestra que aconteceu nessa segunda-feira, 17 de abril, no auditório do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo (PPGAgro/FAMV/UPF). A atividade teve como convidada a engenheira florestal do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, doutora Ana Rosa de Oliveira, que falou sobre práticas de planejamento e projetos que indicam vias alternativas para proteção, gestão e projeto da paisagem no Brasil e apresentou o livro de sua autoria, intitulado “Paisagens particulares: jardins de Roberto Burle Marx (1940-1970)”.
Ana Rosa de Oliveira é engenheira florestal (UFSM), doutora em arquitetura (UPC ETSAB / ETSAV Valladolid), responsável pelo Laboratório da Paisagem do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico e professora do mestrado em Arquitetura Paisagística do PROURB/FAU/UFRJ. Durante sua trajetória, foi também professora da UPF e, há cerca de 15 anos, iniciou sua pesquisa sobre o trabalho de Burle Marx. Em 2015, lançou, no Rio de Janeiro, o livro “Paisagens particulares: jardins de Roberto Burle Marx (1940-1970)”.
Na obra, Ana Rosa evoca a produção de Burle Marx através de cinco obras. Os cinco jardins são os condutores de uma narrativa sobre o paisagista, que percorre os aspectos de sua formação, certas constantes de seu método, os desafios para a preservação de seus jardins e sua relação com diferentes demandas de clientes e arquitetos. Para a engenheira, o maior desafio do trabalho foi mostrar a evolução do trabalho dele a partir desses cinco projetos. “Normalmente, as obras sobre ele são panorâmicas. A ideia era ir a fundo em cinco projetos e mostrar como ele também não nasceu sabendo. Aqui no Brasil, todos nós somos um pouco frutos do trabalho dele. Ele marcou muito, foi genial, e o que eu encontrava sobre ele era tão pobre, não dava conta da produção, então eu acabei me aprofundando nisso”, comentou.
Os desafios do paisagismo
Durante a palestra, Ana Rosa falou sobre a contribuição de Burle Marx para o paisagismo brasileiro e também sobre as formas de se produzir paisagismo hoje. Na opinião dela, o maior desafio é que vivemos questões muito mais específicas do que as que existiam na década de 1990, por exemplo, como a questão climática, a ecológica. “As necessidades mudaram, o foco do paisagismo já não é só produzir jardins bonitos, paisagens bonitas, é também criar paisagens que preservem, que se preocupem por exemplo com as enchentes, com a poluição”, enfatizou.
Para a pesquisadora, o principal erro dos profissionais que trabalham com paisagismo é o de deformar a natureza para criar uma beleza que depois não funciona. “Não se pensa em questões como a infraestrutura verde, a vegetação; a gente tem uma tendência a não usar plantas nativas, sempre se pensa em trabalhar contra a natureza e não usar o que a natureza tem, não pensa em uma parceria, acho que essa é uma questão”, lembrou. Para ela, falta incentivar o conhecimento mais profundo de questões como a ecologia, o solo, a climatologia e não apenas a beleza de uma obra. “A beleza e o desenho são muito importantes, mas nós temos outras demandas mais urgentes”, finalizou.
O evento foi uma promoção do Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA), do PPGAgro e do grupo de pesquisa do CNPq Paisagem, Sociedade paisagista, Agroecologia, Horticultura e Produtos Naturais da UPF, do qual Ana Rosa faz parte.
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