Por: Assessoria de Imprensa
Fotos: Divulgação
Tema foi abordado em palestra no encerramento da semana acadêmica da Fear
Alunos e professores do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade de Passo Fundo (UPF) participaram ativamente das atividades da XVI Semana Acadêmica da Faculdade de Engenharia e Arquitetura (Fear). Numa edição que contou com a participação de alunos dos Programas de Pós-Graduação em Bioexperimentação e em Ciência e Tecnologia de Alimentos, além de acadêmicos de instituições como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a atividade debateu temas importantes como empreendedorismo, tecnologia e o papel do engenheiro de alimentos no futuro da alimentação.
Segundo a presidente da comissão organizadora das atividades do curso Engenharia de Alimentos, acadêmica Caroline Vicenzi, a variedade de público permitiu uma interação e um aprendizado ainda maiores. Com o slogan "empreendendo o futuro", os principais temas abordados incluíram a preocupação do engenheiro de alimentos com a segurança alimentar e nutricional e o estímulo do senso crítico dos acadêmicos para a resolução/previsão de problemas específicos.
Ao longo da programação, foram realizadas visitas técnicas, cursos, oficinas e palestras. Com o tema “Tecnologia na produção de aromas”, aromistas da empresa Duas Rodas apresentaram a arte e a produção de aromas com atividades práticas. As visitas técnicas ocorridas na Cervejaria Kosk e na Indústria Peccin trouxeram um grande aprendizado de processos e controles industriais. Além disso, os presentes contaram com uma oficina de panificação com a Cavipan. De acordo com Caroline, um dos pontos fortes da semana acadêmica foi uma atividade desenvolvida em conjunto com o curso de Engenharia Ambiental, na quinta-feira (17), com o tema “Êxito na vida, êxito na profissão”, com o terapeuta Luís Henrique Oliveira, que abordou a importância do reconhecimento do amor de nossos pais por nós para o sucesso na vida.
Palestra de encerramento
Na palestra de encerramento, realizada na sexta (18), o tema escolhido foi “Qual o papel do engenheiro de alimentos no futuro da alimentação?”. A atividade foi ministrada pela professora Dra. Luciane Maria Colla, docente do curso de Engenharia de Alimentos. Luciane é engenheira de alimentos, com mestrado e doutorado em Engenharia e Ciência de Alimentos, e, atualmente, coordena o Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da UPF.
Segundo a professora, tentar prospectar a alimentação do futuro envolve uma avaliação do contexto atual relacionado à alimentação, incluindo fatores que dizem respeito ao alimento e à sua composição, ao processamento e à indústria de alimentos em si. Os fatores que impactam na alimentação do futuro ou no futuro da alimentação, no entanto, transcendem essas questões, pois também envolvem aspectos sociais, econômicos, ambientais, científicos e tecnológicos.
Ela ressalta que a população mundial aumentou de forma exponencial a partir de 1850, atualmente contando com cerca de sete bilhões e meio de habitantes, com perspectiva de sermos 9 ou 10 bilhões em 2050. “Felizmente, no início da crescente no aumento da população mundial, a ciência de alimentos surgiu, desenvolvendo-se com a descoberta de quais microrganismos eram responsáveis pela fermentação do vinho (Pasteur) e por doenças (Koch). Os avanços científicos iniciados na época, com o desenvolvimento da ciência médica, bem como a mudança trazida pela Revolução Industrial (1740-1820) impactaram diretamente no aumento da população e na sua longevidade. O percentual de pessoas com mais de 65 anos tem aumentado ao longo do tempo, podendo chegar ao índice de 16% em 2050. Isso trará mudanças que envolvem passar de um modo terapêutico para um modo profilático de vida, o que tem impactado na forma como os consumidores enxergam o alimento e sua função nas relações saúde-doença-bem estar”, pontua.
Com o aumento da população, houve o aumento da necessidade por alimentos, além da necessidade do desenvolvimento de métodos de conservação de alimentos, baseados, num primeiro momento, na conservação através do uso de sal, do açúcar, de processos fermentativos e de métodos físicos como a secagem, o tratamento térmico, a refrigeração. De acordo com Luciane, o processamento e a industrialização foram, e continuam sendo, uma necessidade. “Isso precisa ser mencionado num momento em que a indústria de alimentos tem sido considerada uma vilã. Quem já não ouviu falar que, para que se tenha uma alimentação saudável, não se deve consumir alimentos industrializados? A questão é que praticamente tudo que se consome passa por algum processamento industrial, mesmo que mínimo, a exemplo dos alimentos minimamente processados. A conservação de frutas e vegetais frescos e da carne requer a cadeia do frio, a manutenção da qualidade de grãos depende da secagem. Então, a menos que você viva no campo e produza seu próprio alimento como antigamente, você depende da industrialização de alimentos”, salienta a coordenadora do PPGCA.
Papel de cada um
Outro fator considerado importante é o reequilíbrio em relação ao componente pecuário da dieta, ou seja, o consumo de proteína animal. Luciane apresentou dados de 2017 que colocam o Brasil como um dos líderes da produção, exportação e consumo de carne no mundo. Então, qual o papel de cada cidadão? “Como engenheira de alimentos e cientista, posso atuar na proposição de novos processos na indústria de alimentos, que contribuam para o desenvolvimento de novos alimentos, levando em consideração os conceitos atuais de controle de qualidade, economia e sustentabilidade. Essas temáticas têm sido exaustivamente discutidas na ciência e na engenharia de alimentos da atualidade e também nos nossos cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia de Alimentos e no PPG Ciência e Tecnologia de Alimentos aqui da Universidade de Passo Fundo”, ressalta.
De acordo com a professora, a indústria de alimentos do futuro precisará de profissionais que possuam formação científica sólida em engenharia, capazes de contribuir nos balanços energéticos dentro da indústria de alimentos, na avaliação dos ciclos de vida dos produtos, no controle exaustivo da qualidade química, sensorial e microbiológica do alimento. “O engenheiro de alimentos do futuro é aquele que contribuirá na engenharia de produtos, que tenham o entendimento do efeito do alimento sobre a manutenção da saúde do consumidor e de suas preferências. Assim, podemos dizer que a Engenharia de Alimentos, entre tantas definições que já conhecemos, pode ser mais bem definida como sendo uma das ciências que sustenta a vida, parafraseando uma aluna de nosso curso”, pontua Luciane.
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