Extensão

Acadêmicos da UPF realizam acompanhamento domiciliar de idosos em Passo Fundo

12/08/2019

16:36

Por: Jéssica França

Fotos: Jéssica França

Estudantes do curso de Medicina visitam idosos que estão em tratamento na UBS Independente e em instituições de longa permanência

Para quem já viveu mais de meio século e está em tratamento médico, muitas vezes, a rotina de se deslocar até a Unidade Básica de Saúde (UBS) ou a um hospital pode ser bastante difícil e cansativa. Com o objetivo de promover um atendimento e uma educação sensível, teve início neste ano o projeto de extensão Adote um Idoso. O projeto é uma ação de extensão do Programa ComSaúde da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (FM/UPF). 

O objetivo do projeto é familiarizar os estudantes de Medicina com as etapas do processo de envelhecimento humano, propiciando aos acadêmicos o desenvolvimento de uma comunicação sensível, acolhimento, vínculo e responsabilização com idosos residentes na cidade. “Como nosso principal objetivo é promover uma educação sensível entre profissionais de saúde, pacientes e famílias, o projeto nasceu de um desejo de se ter uma formação mais apropriada aos estudantes de como lidar com um idoso tendo em vista as questões epidemiológicas, de expectativa de vida da população, que ficará cada dia mais idosa”, explicou o professor Me. Daniel Marcolin. 

Os acadêmicos também fazem acompanhamento quinzenal de idosos numa instituição de longa permanência, convivendo com eles e conhecendo-os a partir de suas histórias de vida, aprimorando a relação médico x paciente. A atividade é supervisionada pelo professor Marcolin. 

Os estudantes dos níveis 5, 6 e 7 do curso de Medicina participam do projeto realizando visitas domiciliares e atuando na UBS Independente, atividade que é vinculada à disciplina de Saúde do Idoso e desenvolvida sob a supervisão da professora Me. Silvana Momm Crusius. “Nós escolhemos esses pacientes porque são carentes, não têm condições de pagar um médico que vá até o domicílio deles e precisam de alguém que vá até lá porque muitos não têm condições de ir até a UBS. São pacientes acamados, frágeis, com múltiplos problemas de saúde e que acabam tendo uma dificuldade muito grande de acesso a saúde”, explicou a professora. 

Projeto também tem o olhar voltado ao cuidador do idoso
De acordo com a professora Silvana, além de oferecer um acompanhamento diferenciado, o projeto também busca dar atenção ao cuidador do idoso. “Aquela pessoa que está ali do lado cuidando do paciente acamado, seja um familiar ou mesmo um profissional contratado, precisa também de um olhar do acadêmico e do professor, porque também está em uma situação de vulnerabilidade, em uma situação de stress contínuo e muitas vezes não tem tempo ou mesmo condições de cuidar de sua própria saúde, principalmente se é a esposa ou o marido do acamado”, comentou. 

As visitas domiciliares ocorrem quinzenalmente nos lares de idosos atendidos pela UBS do Bairro Independente. Nelas, os acadêmicos da UPF verificam a pressão dos pacientes; realizam testes de glicose, escuta pulmonar e cardíaca; verificam o uso correto das medicações, o prazo de validade e toda a questão da segurança para saúde do paciente. “Os estudantes examinam o paciente e apresentam para o professor a situação encontrada. Se for percebida alguma questão urgente, eles voltam no mesmo dia para entregar alguma receita ou mesmo a solicitação de exames. Houve pacientes que precisaram internar no hospital e foram acompanhados no período e depois na alta em seus domicílios, então, o acadêmico sempre informa ao professor aquilo que ele viu e relata como foi a visita, para que seja avaliada a melhor forma de intervir com vistas a garantir a qualidade de vida desse idoso e também do cuidador”, destacou.

Ainda conforme a professora Silvana, o projeto possibilita que os estudantes criem vínculos com os pacientes, tendo um atendimento mais sensível para cada situação. “No passado, existiam muitos médicos de famílias. Há pessoas mais velhas que morrem de saudade do médico de família. Contam, com nostalgia, que ele visitava os doentes em casa, ouvia suas queixas, medicava e fazia as recomendações necessárias. Depois, tranquilizava os familiares na sala, ouvia confidências e dava conselhos”, disse a professora.

O projeto também conta com o suporte burocrático das professoras Me. Cristiane Barelli e Maria Lucia Dal Magro. “Essa é uma proposta excelente, muito promissora, ainda não é um projeto de extensão, mas desejamos que seja, porque, além de proporcionar um cuidado mais efetivo, completo e duradouro para determinada família, ele também possibilita que os acadêmicos desenvolvam habilidades mais adequadas para lidar com o idoso, porque o paciente idoso tem mais particularidades, tem mais dificuldade de entender as orientações. Às vezes, ele é teimoso, enfim, precisa ter uma sensibilidade diferente, mais completa, para ter um bom atendimento e um bom cuidado à saúde”, destacou a professora Cristiane.