Ensino

UPF realiza fórum de debates sobre diagnóstico do mormo

22/08/2018

16:17

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Reprodução

Evento será realizado no dia 5 de setembro e, na oportunidade, será inaugurado o Laboratório de Diagnóstico da UPF

Retomar o debate de um tema que trouxe preocupação para toda a cadeia produtiva de equídeos é o que propõe o “Fórum de debates sobre diagnóstico do Mormo”. O evento é promovido pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e acontecerá no dia 5 de setembro. A data também será marcada pela inauguração do Laboratório de Diagnóstico da UPF, vinculado à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV). O evento inicia às 14h, no auditório do curso de Medicina Veterinária, no Campus I. 

O debate reúne produtores, técnicos, veterinários, autoridades, acadêmicos e comunidade que é envolvida com o setor produtivo. A programação contempla a apresentação do Laboratório, que será feita pela veterinária Priscila Bianchi; a evolução do mormo no estado, no Brasil e no mundo, pelo professor Me. João Ignácio do Canto; as provas de diagnóstico, pelo professor Dr. Luis Carlos Kreutz; e os desdobramentos da judicialização, tema que será apresentado pelo procurador Rodinei Candeia, com depoimentos de autoridades de outros países por videoconferência.

Coordenador do evento, o professor João Ignácio do Canto destaca que a UPF protagoniza o debate sobre o mormo desde 2015, quando oportunizou um encontro importante no I Fórum Gaúcho do Mormo. Em 2016, o Fórum teve sua segunda edição, já alcançando participação internacional, e seguiu em 2017, com encontros regionais. Para 2018, além da inauguração do laboratório, segue o debate sobre a doença infectocontagiosa que tem ocasionado sérios transtornos em vários países do mundo. O mormo é considerado uma enfermidade reemergente, uma vez que novos casos têm sido descritos em diferentes países, após vários anos de controle. Por ser uma zoonose, além do impacto na saúde de equídeos e outros mamíferos, ganha notoriedade em razão da possível transmissão ao homem e seus desdobramentos na saúde pública. 

Os números do mormo
Dados de entidades ligadas ao setor apontam que, de 2005 a 2007, os focos de mormo estavam localizados nos estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Já entre 2013 e 2015, os únicos estados sem casos registrados foram Acre, Tocantins e Amapá. Nesse período, o Brasil teve um total de 274 casos, 1 deles no Rio Grande do Sul, 6 em Santa Catarina e 3 no Paraná. 

O Rio Grande do Sul, de junho de 2015 até julho de 2017, registrou 44 focos com 71 animais confirmados e 122 animais suspeitos que foram negativos para o teste. Em Santa Catarina, em 2015, foram 12 focos de mormo positivos e outros 72 de animais suspeitos. A última atualização de casos de mormo confirmados no Rio Grande do Sul foi feita em maio de 2016, confirmando 59 casos em 40 focos, conforme levantamento da Defesa Sanitária Animal da Secretaria de Agricultura.

Diagnóstico do mormo
Em um parecer técnico no Processo Judicial relativo ao diagnóstico de mormo no Rio Grande do Sul, o professor João Ignácio do Canto destacou que, com relação às manifestações clínicas da doença – um dos principais aspectos questionados por proprietários que têm seus animais aparentemente sadios reagentes às atuais provas de diagnóstico atualmente disponíveis –, o mormo tem sido descrito na forma aguda, com manifestações clínicas características da doença respiratória, pulmonar ou cutânea e na forma crônica, sem sintomas clínicos aparentes, inclusive, podendo sobreviver por muitos anos. “Quando o animal apresenta sintomas característicos da doença respiratória e lesões cutâneas, torna-se mais fácil para o proprietário aceitar o diagnóstico sorológico, uma vez que as manifestações clínicas são óbvias e podem ser observadas visualmente. No entanto, no caso de animais aparentemente sadios, mas portadores da bactéria Burkholderia mallei (agente causador do mormo), o diagnóstico sorológico torna-se mais difícil de ser aceito, em razão, justamente, da ausência de sintomas clínicos da doença. Esses animais são reservatórios naturais dessa bactéria”, explica o professor. 

Surtos de mormo têm ocorrido recentemente em diferentes países, com diferentes apresentações clínicas e diagnosticados por diferentes métodos, mas também há registros de mormo sem sintomas clínicos e com diagnóstico definitivo confirmado. Com relação às provas de diagnóstico para o mormo atualmente disponíveis, a Organização Mundial da Saúde Animal recomenda as provas de cultivo bacteriano e prova de reação em cadeia da polimerase (prova de PCR), com propósito de identificação do agente, com algumas ressalvas em seu emprego. Com o propósito de detecção de resposta imune, estão recomendadas as provas de Fixação do Complemento, ELISA, Prova da Maleína e Western Blotting, cada uma delas com algumas peculiaridades. “Com os estudos que temos tido a oportunidade de realizar, baseado nas publicações de diferentes grupos de pesquisa de diferentes países, observa-se uma postura comum de preocupação no aprimoramento dos métodos de diagnóstico, nos países livres do mormo ou em países endêmicos, no sentido de buscar um controle efetivo desta importante enfermidade”, explica Canto.

Em 2015, o governo federal criou um projeto para combater a doença, o que desenvolveu o teste de ELISA com uma proteína recombinante que diferencia Bucelia mallie e a pseudo mallie. Em abril de 2018, foi publicada a portaria nº 35 da Secretaria de Defesa Agropecuária, que valida novos testes a serem empregados como diagnóstico para prevenção, controle e erradicação da doença no território nacional. “Os testes de triagem aceitos em território nacional são Fixação do Complemento ou ELISA, e, a partir disso, os laboratórios precisam de adequações para requerer novo credenciamento junto à Coordenação Geral de Laboratório (CGAL) do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, órgão oficial para auditar. Os laboratórios têm prazo de dois anos para se adaptarem”, comenta. Outra inovação diz respeito ao formulário de requisição do exame, que deve conter detalhes clínicos do animal. “O teste de ELISA é válido apenas em território nacional. Para trânsito internacional, o exame válido é o de fixação do complemento, aceito pela Organização Mundial da Saúde Animal”, conclui.

Atualmente, para o diagnóstico de mormo, os médicos-veterinários devem ser capacitados e, para isso, há o curso de capacitação MVH, disponibilizado pela Secretaria da Agricultura do estado do Rio Grande do Sul, pelo Programa Estadual de Sanidade Equina.

 

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