Extensão

Religiosidade de matriz africana é pauta de roda de conversa

25/11/2022

10:31

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Reprodução

Evento, promovido pelo projeto de extensão “Educação das relações étnico-raciais”, contou com a participação de Pai Saul de Ogum e da Mãe Carmem Holanda

Em alusão ao mês da Consciência Negra, o projeto de extensão “Educação das relações étnico-raciais” da Universidade de Passo Fundo (UPF) promoveu a roda de conversa “Papos de Terreiro”, que abordou a religiosidade de matriz africana. A atividade, realizada na noite de quinta-feira, 24 de novembro, de forma presencial e on-line, contou com a participação de acadêmicos e sacerdotes - Pai e Mãe de Santo pesquisadores da cultura religiosa, que contextualizaram a religião de matriz africana e desconstruíram preconceitos.
 
Um dos convidados foi o Pai Saul de Ogum, que debateu dois temas: “Oralidade das religiões afro-brasileiras” e “Sacralização de animais”. Sobre a primeira temática, ele destacou que a oralidade é um gênero presente em algumas culturas e que as religiões se estruturam por meio da fala, da oralidade e do discurso. “Essas culturas são denominadas culturas ágrafas, ou seja, são culturas que não têm um livro-texto específico para orientar. As religiões afro-brasileiras, de matrizes africanas, constroem seus saberes através da oralidade. E aí temos um tripé: há a oralidade, que se constitui num patrimônio e que nos dá a identidade. Esse tripé faz parte da tradição afro-brasileira”, comentou, ao relatar que as religiões de matrizes africanas são criticadas por não possuírem um livro-texto.

A respeito do assunto “Sacralização de animais”, Pai Saul mencionou que a sacralização animal nas religiões de matriz africana não é, de forma alguma, uma prática de tortura ou de desconsideração dos animais. “Ela traz uma missão para o animal, reverenciando-o como uma expressão do orixá. Tudo o que é do animal é utilizado para que as pessoas possam receber aquilo que é o mais importante das religiões afro-brasileiras, que é o axé, que promove saúde e nos dá vitalidade e consciência”, disse.

Ainda, Pai Saul lembrou que no Brasil existe a afrofobia, que se caracteriza pela rejeição ligada ao pensamento africano.

Mãe Carmem Holanda também foi uma das convidadas da roda de conversa “Papos de Terreiro”. Ela complementou a fala de Pai Saul lembrando que, com relação à oralidade, não é possível esquecer a árvore do esquecimento, que foi onde se guardou a oralidade ancestral e toda a origem afro-brasileira.

A roda de conversa completa pode ser conferida neste link.

Sobre o projeto de extensão
Vinculado ao Instituto de Humanidades, Ciências, Educação e Criatividade (IHCEC) e aos cursos de Pedagogia e Serviço Social, o projeto “Educação das relações étnico-raciais” é coordenado pela professora Elisa Mainardi e tem por objetivo construir processos que viabilizem a promoção de uma cultura de proteção de direitos e inclusão dos grupos étnicos afro-brasileiros, indígenas e imigrantes na comunidade. Para isso, busca promover processos participativos, dialógicos e dialéticos que consideram a historicidade dos sujeitos envolvidos, aproximando a produção científica e a formação profissional aos grandes problemas sociais, tratando de questões complexas da atualidade, com implicações políticas, sociais, educacionais e culturais, de maneira inter e transdisciplinar.

Conheça mais o trabalho do projeto AQUI.