Pesquisa e Inovação

Mestranda do PPGBioexp estuda efeitos da associação de metilfenidato com cafeína na memória

07/08/2020

15:52

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

O metilfenidato (Ritalina®) é um medicamento prescrito para o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Há relatos do seu uso também como droga de abuso devido a sua estrutura química semelhante às anfetaminas e visando aumentar o tempo de vigília de trabalhadores ou estudantes, que fazem uso deste medicamento com o intuito de aumentar a produtividade e melhorar o foco ao estudar para provas e concursos. Pensando nisso, a agora mestre em Bioexperimentação (PPGBioexp), Natália Freddo, estudou o impacto do uso agudo de doses não terapêuticas do metilfenidato, associado ou não à cafeína na ansiedade, memória e sociabilidade. Os trabalhos foram desenvolvidos utilizando como modelo animal o zebrafish, organismo que apresenta importante homologia genética com os mamíferos, no Laboratório de Fisiologia de Peixes da Universidade de Passo Fundo (UPF), sob a orientação da professora Dra. Luciana Grazziotin Rossato Grando e coorientação do professor Dr. Leonardo José Gil Barcellos. 

De acordo com os pesquisadores, existem estudos que comprovam a presença de resíduos de metilfenidato no esgoto de universidades, e a quantidade destes resíduos é superior em períodos de provas e exames, demonstrando que esta prática é bastante difundida entre estudantes. “Além de não existir comprovação de benefícios do uso desta medicação para indivíduos que não têm TDAH, sabemos que existem riscos associados a esse uso não prescrito, especialmente quando utilizados junto a outros estimulantes, como a cafeína”, observa a professora Luciana.

Os resultados demonstram que, embora inseridos no contexto do doping científico, a associação de metilfenidato e cafeína de forma abusiva prejudica a memória e aumenta a ansiedade. Além disso, o metilfenidato utilizado em altas doses provoca comportamento antissocial e dano oxidativo, evidenciado pelo aumento da carbonilação de proteínas. “Apesar do crescente uso do metilfenidato como realçador cognitivo, vale ressaltar que esta droga não foi desenvolvida para este fim. Embora o Sistema Nacional de Produtos Controlados (SNGPC) adotados por farmácias represente um progresso na comercialização de medicamentos controlados, as evidências da aquisição do metilfenidato sem prescrição é um indicativo de falhas nas políticas públicas direcionadas a esse controle”, salienta Natália Freddo.

Os resultados do trabalho foram publicados no artigo Stimulants cocktail: methylphenidate plus caffeine impairs memory and cognition and alters mitochondrial and oxidative status”, recentemente aceito para publicação na Revista Progress in Neuropsychopharmacology & Biological Psychiatry. 

Natália foi Bolsista Capes-CNPq, Modalidade I, durante a realização de mestrado e teve como orientadora a professora Dra. Luciana Grazziotin Rossato Grando e como coorientador o professor Dr. Leonardo José Gil Barcellos. Também foram fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa os integrantes do Laboratório de Fisologia de Peixes, o curso de Farmácia, a equipe do UPF Parque e, como parceria, a Rede de Farmácias São João.