Universidade

A inovação que nasce das sinergias da comunidade

15/08/2025

14:32

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Michel Sanderi

Bernadete Maria Dalmolin

Reitora da Universidade de Passo Fundo

A palavra inovação carrega a ideia do novo, do inédito, da criação e da evolução. Mas, na prática, ela também é a síntese de uma história — a história de uma comunidade que aprendeu, ao longo de décadas, a transformar conhecimento em desenvolvimento.

Na quinta-feira, 14, o Sebrae apresentou um estudo que, além de reunir dados secundários, foi construído com a contribuição direta de muitos atores de Passo Fundo, vindos de diferentes setores. É essa análise que coloca o município em posição de destaque: Passo Fundo é o primeiro sistema de inovação consolidado de médio porte no Estado e o único fora da capital a alcançar essa classificação. No ranking geral, somos o segundo sistema consolidado de inovação do Rio Grande do Sul.

Esse resultado não surgiu por acaso. É fruto de uma caminhada de formação de pessoas talentosas e interessadas e, principalmente, da sinergia entre muitos setores e atores. Ao longo do tempo, instituições, empresas, indústrias, entidades de classe, setor público e organizações da sociedade civil formaram um tecido produtivo e criativo capaz de gerar possibilidades e respostas para problemas complexos e impulsionar transformações.

As instituições formadoras, de ciência e tecnologia, o pioneirismo do nosso Parque Científico e Tecnológico têm sido peças-chave no desencadeamento desse processo. São nelas que se cultivam talentos, se desenvolvem pesquisas, se testam soluções e se criam ambientes de troca entre o conhecimento acadêmico e a prática empresarial e social. A pesquisa, o desenvolvimento tecnológico e a formação qualificada tornaram-se motores desse ecossistema, ampliando a capacidade local de inovar e competir.

Foi nesse contexto que se adensaram movimentos, exercícios de governaça e uma decisão importante do poder público de apresentar e aprovar uma política de inovação para a cidade. Ter alcançado esse grau de maturidade é motivo de orgulho, mas também impõe novos desafios. É hora de planejar — ou replanejar — à luz desses resultados, reconhecendo que o mesmo diagnóstico que celebra conquistas também aponta fragilidades sensíveis ao desenvolvimento. Um exemplo claro é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da nossa cidade: se, por um lado, temos ativos que nos colocam num patamar elevado, por outro, convivemos com desigualdades expressivas que precisam ser enfrentadas com coragem e políticas coerentes e consistentes.

Nesse sentido, a fala da Secretária de Inovação, durante o lançamento da Escola da Inovação, foi certeira: “Para esse dinamismo do mundo, para esse futuro incerto (a única certeza é de que) nós precisamos preparar a nossa gente, e esse futuro está na educação de hoje, na educação que inclui a todos”. Inclusão social e equidade não são adereços do desenvolvimento, mas sim condições essenciais para que a inovação seja um motor de transformação real. É preciso olhar para todos os públicos, especialmente aqueles historicamente afastados das oportunidades, e assegurar que ninguém fique à margem dessa caminhada.

Hoje, Passo Fundo ocupa um lugar de referência no “vilarejo global” da inovação. O desafio que se impõe é consolidar e expandir esse lugar, investindo continuamente em ciência, tecnologia e educação, fortalecendo parcerias, mantendo políticas públicas consistentes e cultivando a cultura da inovação como patrimônio coletivo. Mais do que um título ou um ranking, esse reconhecimento é um convite: continuar trilhando, juntos, o caminho que fez de Passo Fundo um exemplo de como uma comunidade pode transformar conhecimento em desenvolvimento — e desenvolvimento em qualidade de vida para todos.
 

 

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