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Videoconferência com pesquisadora portuguesa é realizada na UPF

08/03/2018

18:11

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

“A Infância na Latitude Zero – as brincadeiras da criança ‘global’ africana” foi o tema da videoconferência realizada na terça-feira, 6 de março, no auditório do Instituto de Ciências Exatas e Geociências da Universidade de Passo Fundo (Iceg/UPF), Campus I. O tema foi abordado pela pesquisadora portuguesa Sandra Marlene Barra, para a turma de Especialização em Educação Infantil da Faculdade de Educação (Faed). A atividade foi desenvolvida na disciplina de “Estudos da criança: questões emergentes na perspectiva da psicologia e da sociologia da infância”, ministrada pela professora Rosana Coronetti Farenzena. 

Sob a luz da sociologia da infância, a conferencista, que realizou a sua pesquisa de campo para o doutorado em Estudos da Criança em São Tomé e Príncipe, país em que também prestou consultorias para organismos internacionais, como a Unicef, abordou “[...] os saberes daqueles que historicamente não têm tido voz na sua alteridade geracional, geográfica e cultural”.  Uma visão frequentemente não desvendada pelos relatórios em nome do “maior interesse da criança”. 

A partir dos resultados de uma etnografia visual produzida ao longo de um ano, a conferencista ressaltou que “ouvir as crianças na sua marginalidade geracional e geográfica, através das suas práticas cotidianas, nos permite trilhar estimulantes caminhos na ampliação do conhecimento sobre as infâncias no mundo”.

Para qualificar a experiência formativa, a turma realizou a leitura prévia de dois artigos publicados pela conferencista. Esse investimento preparatório e a abordagem envolvente garantiram um longo e profícuo diálogo na sequência da conferência. 

A pesquisadora destacou aspectos relevantes do estudo. “As crianças vivem plenamente os mundos – natural, biológico, social e imaginário – e, como especialistas da brincadeira, incorporam esses mundos em todas as dimensões das suas vidas. E, como brinquedos, as crianças santomenses usufruem daquilo que está no céu, daquilo que está na terra, das potencialidades dos diversos materiais de desperdício, usufruem delas próprias, do próprio corpo e do corpo do outro”, disse.  

Sobre o tema
A fala da pesquisadora foi um convite a descobrir as epistemologias da latitude zero, ou seja, a perceber aquilo que sabem aqueles que não sabem: quer porque são crianças, quer porque são africanas; tanto porque são marginalizadas pelo adultocentrismo quanto porque são invisibilizadas pelo eurocentrismo. No quadro teórico da sociologia da infância e no âmbito das teorias pós-coloniais, estão presentes os pressupostos de reflexividade, colaboração e participação, os quais também ecoam na utilização das metodologias visuais. 

A apresentação fez uso dos registos fotográficos e de vídeos para a revelação dos saberes das crianças santomenses e a provocação de questionamentos: a normatização das brincadeiras das crianças e a valorização do ato de brincar em si próprio; a preservação da relação entre a criança e a natureza enquanto palco privilegiado do brincar; e a promoção de relações significativas com as crianças, (re) conhecendo as suas culturas lúdicas. 

Nova edição do ciclo de videoconferências será em abril
O ciclo de videoconferências com pesquisadoras internacionais da área da infância, iniciado com a socióloga italiana e pesquisadora da infância Elena Colonna, prosseguirá no mês de abril. A ação representa um diferencial formativo para esta edição do curso de especialização oferecido pela UPF, pois oportuniza o contato direto com autores e pesquisadores de referência na apresentação dos seus estudos e experiências.