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Iniciado em sala de aula da UPF, iniciativa do Banco Vermelho se espalha por Passo Fundo

20/06/2025

14:43

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

A Universidade de Passo Fundo (UPF) foi a responsável pela instalação do primeiro Banco Vermelho da cidade de Passo Fundo. Localizado no prédio do curso de Direito, no Campus I da Universidade, o banco representa uma intervenção urbana que visa conscientizar a sociedade sobre a violência contra as mulheres, especialmente o feminicídio.

A iniciativa surgiu dentro das atividades de curricularização da extensão em uma aula da disciplina de Direito Penal III, ministrada pela professora Dra. Josiane Petry Faria. Movidos pelo tema e pela urgência da pauta, os estudantes idealizaram a proposta e solicitaram autorização da Universidade para utilizar um dos bancos do campus. A limpeza, pintura e seleção das frases que compõem o banco foram feitas pelos próprios acadêmicos.

“Esse foi o primeiro Banco Vermelho instalado na cidade de Passo Fundo, o que tornou a ação ainda mais significativa para nós, estudantes. Estávamos imersos no estudo dos crimes em espécie — como homicídio, lesão corporal, roubo e, especialmente, os crimes relacionados à violência doméstica — e ver o projeto tomando forma no ambiente acadêmico foi um verdadeiro divisor de águas”, diz a aluna Júlia Fiorentin.

 

Banco Vermelho como política pública

O Banco Vermelho é uma intervenção urbana simbólica, composta por um banco pintado de vermelho e acompanhado de frases de conscientização, além de contatos de apoio como o Ligue 180. Sua proposta é romper o silêncio sobre a violência contra a mulher e alertar a sociedade para a escalada do feminicídio. Inspirado no projeto internacional nascido na Itália, em 2016, o Banco Vermelho tem ganhado força em diferentes partes do mundo, e agora se consolida como política pública no Brasil por meio da Lei 14.942/2024.


Intervenção por toda cidade
 
A repercussão do projeto ultrapassou os limites da Universidade. Os acadêmicos, por meio do Programa Projur Mulher e Diversidade, da UPF, foram convidados a replicar a ação na Escola Estadual Anna Luisa Ferrão Teixeira. Com apoio de alunos e de professoras da instituição, foi instalado o primeiro banco vermelho em uma escola de Passo Fundo. 

“O banco vem para mostrar que a escola e os professores estão ao lado da comunidade e que estão abertos para ouvir e ajudar. No dia a dia, não se tem essa intimidade de troca com os alunos, mas o banco reforça o posicionamento de estarmos abertos para auxiliar. Os estudantes, tendo este olhar em ambiente escolar, irão refletir na comunidade, nas casas e nas relações", comenta a professora e coordenadora do projeto, Stela Maris Rossetto.

A aluna Ágata Costa Ribeiro, uma das principais envolvidas no projeto, fala sobre a frase escolhida para a pintura no banco: “A frase escolhida foi o que mais me impactou, ‘Dizer não é um direito, respeitar é uma obrigação!’, pois todas merecemos respeito, e é muito triste pensar que isso muitas vezes não acontece”, comentou a aluna.

A proposta também chegou ao Fórum da cidade, por sugestão dos próprios acadêmicos e da professora Josiane, que faz parte da Comissão da Mulher Advogada, sendo acolhida pelo diretor do foro. Atualmente, dois bancos estão instalados na entrada do Fórum e um na sede da OAB. 

O Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Passo Fundo também reforçou o compromisso com a causa: “Os bancos, instalados em frente ao Fórum, simbolizam a memória das vítimas e atuam como um alerta à sociedade sobre a gravidade dessa realidade. A iniciativa também busca encorajar mulheres a romperem o silêncio, mostrando que o Judiciário está ao lado delas para acolher, proteger e garantir seus direitos”, informa a assessoria do Fórum, em nota.


Para a surpresa da turma e da professora que os acompanhava, diante do aumento alarmante de casos de feminicídio, sendo registrados 10 casos no feriado de Páscoa deste ano (2025), no Rio Grande do Sul, o Tribunal de Justiça do Estado aderiu oficialmente à proposta e pretende instalar bancos vermelhos em todas as comarcas do estado.

“Essa vivência nos fez refletir profundamente sobre o nosso papel enquanto futuros profissionais do Direito. Foi um primeiro contato com a atuação em causas sociais e nos mostrou que a prática jurídica vai além dos fóruns e tribunais — é também sobre garantir direitos, mobilizar consciências e ser voz para quem muitas vezes não é ouvido. O Projeto Banco Vermelho nos tirou da bolha acadêmica e nos aproximou de uma realidade que exige ação, empatia e responsabilidade”, conclui a acadêmica Júlia, em nome do grupo de alunos envolvidos.

 

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