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“Se eu puder dar um momento de felicidade para essa criança, já vai fazer o meu ano inteiro”

14/08/2024

11:44

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Carla Vailatti

Primeiro contato dos calouros de Medicina com o ambiente hospitalar, Trote do Bem proporciona gestos de empatia com as crianças em tratamento contra o câncer

Uma tradição do curso de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF) teve um novo capítulo na última semana. O Trote do Bem, projeto da Associação Atlética Acadêmica Gaúchos de Passo Fundo (AAAGPF) para receber os calouros do curso, teve mais uma edição na sexta-feira, 9 de agosto. A ação ocorre na Oncologia Pediátrica do Hospital São Vicente de Paulo, onde os estudantes têm o primeiro contato com o ambiente hospitalar. Por lá, os cabelos dos futuros médicos são colocados à disposição dos pequenos pacientes em tratamento contra o câncer: muitas estudantes doam seus cabelos para a confecção de perucas; já os meninos recebem cortes de cabelo criativos feitos pelas crianças, em um gesto de empatia e desapego. Além de marcar o início do curso, o Trote do Bem proporciona momentos de alegria, entusiasmo e leveza para as crianças, que vivem uma jornada longa e intensa de tratamentos oncológicos.

Alana Kerber, de 5 anos, foi uma das pacientes que participou da atividade. Desde janeiro deste ano, ela e sua família, de Boa Vista do Buricá, têm passado longos períodos no HSVP para sessões de quimio e radioterapia. No início, Alana estava tímida, mas aceitou todos os convites que recebeu para ajudar a cortar os cabelos das estudantes. “É legal para elas (as crianças), porque elas se entretêm com outra coisa. É bom participar de outras coisas fora do tratamento intensivo dentro dos quartos, acho muito legal”, comentou Célia Kerber, que é mãe de Alana.

“A gente encontra a realidade das crianças e pensa: se eu puder dar um momento de felicidade para essa criança, já vai fazer o meu ano inteiro”. Essas palavras são de Leonardo de Freitas Pedroso, o primeiro “bixo” que colocou seus cabelos à disposição da criatividade das crianças da Oncologia. Leonardo ficou feliz de poder participar da atividade, e destaca que momentos como esse terão reflexos até mesmo depois de formado. “Acho muito interessante esse contato com o hospital. Das universidades que conheço, a UPF é a única que tem esse contato tão cedo, o que é algo muito importante para a formação e para a humanização do médico”, destacou.

De paciente a médica


Uma das participantes deste Trote do Bem acompanhou a atividade de uma perspectiva única. Formanda em Medicina, Júlia Gavazzoni passou por tratamento oncológico quando criança. “Com 13 anos tive um câncer, então a atividade toda ganhou um significado imenso, porque pude vivenciar os dois lados, agora praticamente até o terceiro lado, como profissional”, contou a estudante, que já participou de mais de 10 edições do trote, seja como caloura, como veterana ou como organizadora. “O cabelo tem um peso muito diferente para eles durante o tratamento. Quanto tive a notícia que teria que fazer quimioterapia, o meu maior medo era que meus coleguinhas me excluíssem porque eu ia ficar careca. Então, a questão do cabelo vai muito além da vaidade para quem está passando por um momento como esse. Hoje a atitude de vocês simboliza força para eles”, disse Júlia aos calouros antes do trote.

Estudante do 5º semestre de Medicina e presidente da AAAGPF, Giovana Scussel, é entusiasta do Trote do Bem. “Participo desde que era bixo. Já doei o cabelo e foi uma experiência incrível, saí emocionada e muito feliz comigo mesma por, de alguma forma, poder estar ajudando as crianças, demonstrando força e empatia para elas, e mostrando que o cabelo não é a coisa mais importante que a gente tem. Agora não tem como não estar aqui todo semestre, vendo as crianças, conversando com elas, e me emocionando junto com os calouros ”, comentou Giovana.