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Making Of: três dias de jornalismo, política e redes sociais

24/09/2018

11:39

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Bruna Scheifler e Lucas Santos

Evento do curso de Jornalismo da UPF chega à 9ª edição, com o debate sobre "Imprensa e Política"

Refletir e discutir o fazer jornalístico, especialmente no âmbito político, foi o principal objetivo do “Making Of”, evento do curso de Jornalismo, vinculado à Faculdade de Artes e Comunicação (FAC) da Universidade de Passo Fundo (UPF). A atividade, que chegou em sua 9ª edição, foi realizada entre os dias 17 e 19 de setembro e, durante três dias, os estudantes participaram de debates, painéis e palestras com o tema “Imprensa e política”.

O evento é uma parceria com o Diretório Acadêmico Carlos Gomez e com o Núcleo Experimental de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação (NEXJOR). Entre os convidados, estiveram diversos profissionais que trouxeram experiências e opiniões. O professor do curso de Jornalismo, Me. Cassiano Cavalheiro Del Ré, um dos organizadores do evento, destaca que o evento consistiu em um debate amplo e enriquecedor. “Foram discussões extremamente qualificadas, com pessoas de diferentes áreas, em momentos nos quais se tratou de temas que contemplaram desde a legislação até assuntos eminentemente políticos”, afirmou ele.

Debates do primeiro dia

No primeiro dia de evento, o foco foi no tema “O papel do jornalismo na política”. O assunto foi debatido pelo jornalista Edson Coltz, editor-chefe do jornal Diário da Manhã de Passo Fundo e egresso do curso; pelo juiz Luis Cristiano Aires; e pelo professor do curso de Direito da UPF, Mestre em Direito do Estado, Ronaldo Laux. O jornalista Edson Coltz relembrou que esse é um debate que vem sendo feito há muito tempo e que se intensificou mais recentemente, em função do jornalismo digital. Para o juiz Luis Cristiano Aires, o papel da imprensa é, no contexto digital, de tentar garantir um espaço público. “É fundamental permitir a pluralidade das informações, verificar a veracidade da verdade factual e discutir eticamente as consequências das notícias que são dadas”, disse.

Também participaram dos debates o vice-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da UPF, Dr. Rogerio da Silva; e a jornalista Zulmara Colussi, editora-chefe do jornal O Nacional. Para o vice-reitor, que também já atuou no jornalismo, o debate é significativo. “É oportuno que a FAC esteja debatendo esse tema com os futuros jornalistas em um momento tão importante como é este da eleição para o país”, declarou. A jornalista Zulmara Colussi demonstrou preocupação com a polarização do debate nas redes sociais. “O debate é raso, não tem profundidade, falta conhecimento, é muito ódio expelido naquele ambiente e ele não contribui em nada para o processo eleitoral. Meu conselho é que as pessoas procurem nos veículos tradicionais a informação antes de debater qualquer coisa na rede social”, opinou.

Questionamentos no segundo dia

“Para que serve o jornalismo na política?” foi a pergunta do segundo dia do Making Of. O prefeito de Marau e jornalista egresso da FAC, Iura Kurtz; o professor doutor em Ciências Criminais, Gabriel Divan; e o professor mestre em Educação e especialista em Publicidade e Cultura Contemporânea, Olmiro Schaeffer foram os responsáveis por responder ao questionamento.

Olimiro Schaeffer destacou a importância do fazer jornalístico. “Por mais que as redes sociais tenham um alto grau de influência hoje, o jornalismo continua sendo importante”, refletiu. Para o prefeito Iura Kurtz, as pessoas buscam apenas a manchete, uma foto ou alguns detalhes. “Eu acredito que o jornalismo hoje tem esse papel de emprestar credibilidade às informações”, afirmou. O professor Gabriel Divan analisou o contexto digital. “A pessoa que antigamente buscava no jornalismo uma informação para construir uma reflexão, hoje, muitas vezes, está buscando uma confirmação de algo que ela já tem, vindo de outros lugares sem tanta apuração e qualidade”, explanou.

No turno da noite, o destaque foi para a palestra “A responsabilidade da imprensa nas eleições”, com a juíza eleitoral de Passo Fundo, Dra. Ana Paula Caimi. “O eleitor só pode escolher com consciência e liberdade os seus candidatos quando ele tem informação, e é nesse sentido que o jornalismo exerce um papel fundamental”, destacou a juíza. Já o painel “Redes sociais e política” recebeu Gabriel Divan, Luis Henrique Boaventura e o jornalista Cristian Puhl. “Eu acredito que o jornalista tem que ter acesso a essa ampla variedade de experiências para que possa construir sua visão de mundo e reforçar novas construções da realidade”, defendeu Puhl, que também é egresso do curso e especialista em Ciências Sociais pela UPF.

Experiências e cine-debate no último dia de Making Of

Na manhã de quarta-feira, dia 19, último dia do evento, o egresso do curso e doutor em Letras, Luis Henrique Boaventura, voltou a abordar o tema das redes sociais. Segundo ele, estamos em uma atmosfera política extremamente polarizada. “Acabamos retrocedendo às nossas intuições e motivações tribais; a gente não fala com o lado oposto. Isso acaba empobrecendo o diálogo e o nível do debate que acontece na arena pública”, afirmou.

Logo após, como é tradicional no evento, os acadêmicos ouviram relatos de experiência. O jornalista egresso da FAC e vencedor do 10º Prêmio Santander Jovem Jornalista, Vinícius Coimbra; e Lauriane Agnolin, acadêmica do curso de Jornalismo, voluntária do Centro de Comunicação da ONU no Brasil, foram os responsáveis por contar histórias e aconselhar os futuros jornalistas.

O cine-debate sobre o documentário “A Vida Extra-Ordinária de Tarso de Castro” encerrou o evento. O jornalista Ivaldino Tasca; a professora Dra. Sônia Bertol; e o diretor do documentário, Zeca Brito, conversaram sobre a vida de Tarso, traçando uma comparação com o jornalismo da época do fundador de “O Pasquim” e de agora. “Existem vozes alternativas e vozes de liberdade nas redes sociais, mas até que ponto essa voz fica direcionada a quem tem o mesmo pensamento?”, questionou o diretor do filme.

O papel da imprensa na política

Para a organizadora do evento, professora Me. Nadja Hartmann, a edição deste ano alcançou o objetivo de provocar uma reflexão sobre o papel da imprensa na política. “Os debates oportunizaram uma autocrítica da atuação da mídia, principalmente neste momento em que o país está passando por uma grande crise ética e moral”, disse.

Reavaliar e qualificar o jornalismo é o que a coordenadora do curso, professora Me. Maria Joana Chaise, acredita que seja o grande saldo de eventos como esse. “Isso colabora para melhorar o jornalismo que nós temos, e talvez esse jornalismo que queremos fique mais próximo quando conseguimos fazer um exercício de análise do que está sendo produzido”.

O evento e a sua interdisciplinaridade foram aprovados pelos acadêmicos. Franciele Moraes, estudante do IV nível do Jornalismo, considerou o tema importante por ser debatido em um período muito importante da democracia brasileira. “Eu acho que o estudante de Jornalismo precisa muito ter esse tipo de conhecimento”, ponderou.