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Fatores ambientais, culturais até os agrotóxicos: é preciso falar sobre suicídio

11/09/2019

17:59

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Natália Fávero, Victor Ferreira/Nexjor

Assunto foi debatido no Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, 10 de setembro, na UPF

O Rio Grande do Sul está entre os estados com maior índice de mortes autoprovocadas, cerca de 1,3 mil óbitos. Das 20 cidades brasileiras onde o número de suicídio é mais elevado, 11 são gaúchas. Passo Fundo está em segundo lugar nesse ranking, com 12 suicídios cometidos para cada 100 mil habitantes, mais do que o dobro da média nacional, que é de 5 suicídios para cada 100 mil habitantes. Muitos são os fatores que podem estar ligados ao suicídio, como biológicos, psicológicos, socioculturais e ambientais. O assunto foi discutido na “III Mesa Redonda: Suicídio”, no auditório da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (FM/UPF), Campus II, com a temática “Vamos falar sobre o suicídio?”, atividade que integra o Setembro Amarelo.

O evento contou com a presença dos psiquiatras e professores Me. Bruna Chaves Lopes, Dr. José Saraiva e Me. Jorge Alberto Salton, da psicóloga presidente do Núcleo de Apoio à Vida (Navipaf) e professora Dra. Ciomara Benincá, com mediação da psicóloga do Setor de Atenção ao Estudante (Saes) Ana Luíza Funghetti. O evento foi promovido pela Faculdade de Medicina (FM), por meio da Liga Acadêmica de Medicina Legal (Lamel), e pela Liga de Saúde Mental (Lisam) do HCPF.

Os fatores que podem levar ao suicídio são diversos, desde a questão cultural até fatores ambientais. “Os fatores são diversos. Temos uma questão cultural importante e que diz respeito à honra e à masculinidade do gaúcho, que, por vezes, não sabe lidar muito com fracassos e derrotas. Isso tem muito a ver com as etnias alemã e italiana, predominante entre nós, que têm bastante dificuldade de lidar com perdas e frustrações, tendo o valor do trabalho e da dignidade muito fortes, naturalmente”, explicou a professora Ciomara.

O clima também pode ser um dos fatores. “O nosso inverno rigoroso faz com que as pessoas aqui do Sul fiquem mais em casa, tomem menos sol, e isso favorece o desenvolvimento de alguns transtornos psiquiátricos como a depressão”, pontuou Ciomara.

Além disso, uma das questões bastante discutidas atualmente são os agrotóxicos. “Um agrotóxico utilizado na região, muito parecido com o utilizado na indústria fumageira – os organofosforados, que têm magnésio como elemento – está sendo estudado com uma possibilidade nesses índices de suicídios dos gaúchos”, observou a professora.

Centro de Valorização da Vida 
O Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma instituição fundada em São Paulo, em 1962, que desde 2015 mantém com o Ministério da Saúde um termo de cooperação para a implantação de uma linha telefônica gratuita nacional de prevenção do suicídio: o 188 (24 horas e sem custo de ligação). Além do telefone, os contatos com o CVV são feitos pessoalmente ou pelo site www.cvv.org.br, por chat e e-mail. Nesses canais, são realizados cerca de 3 milhões de atendimentos anuais, por aproximadamente 3 mil voluntários, localizados em cerca de 100 postos em 19 estados. 

Passo Fundo também conta com um CVV e precisa de mais voluntários. Para essa atuação, basta ter 18 anos e disponibilidade de 4 horas por semana. Os voluntários passam por treinamento. Informações pelo e-mail comitecvvpf@gmail.com.