Ensino

Esporte e leitura para melhorar a vida

14/08/2018

17:02

Por: Caroline Simor

Fotos: Divulgação

Egresso da UPF desenvolve projeto social na Bahia, oportunizando aos jovens uma nova realidade

Uma realidade violenta e com poucas oportunidades de crescimento pode apontar dois caminhos: acomodar-se ou pensar alternativas. A segunda hipótese foi a escolhida pelo egresso do curso de Educação Física da Universidade de Passo Fundo (UPF), Anderson Balestra. Formado pela UPF, ele foi morar na Bahia por amor e acabou construindo muito mais do que a sua família.

Natural de Uruguaiana, Anderson formou-se em Educação Física Licenciatura no Campus Palmeira das Missões em 2010. Durante esse período, ele conheceu a esposa Carla Lucia Almeida Miranda pela internet. Moradora da Bahia, ela conquistou o coração do gaúcho e, logo após o término da graduação, eles iniciaram a família em São Sebastião do Passé. Hoje, pais do pequeno Luiz Guilherme Miranda Balestra, de cinco anos, eles encontram no projeto social que une esporte e leitura, uma forma de contribuir com a melhoria da qualidade de vida dos jovens moradores do município. 

No interior da Bahia, Anderson encontrou uma realidade bastante diferente da que ele conhecia. Mesmo com uma população de menos de 50 mil habitantes, situações de violência, vulnerabilidade social e falta de perspectivas são enfrentadas pelos jovens. E foi observando essa realidade e a falta de estímulo ao esporte e à educação que ele pensou em desenvolver um projeto que colocasse a bola no pé e os livros nas mãos. “Observei que era importante elaborar algo para contribuir para a formação das crianças. Como sou gremista, enviei o projeto para o Grêmio Futebol Porto-alegrense e de imediato recebi a confirmação para iniciar uma escola em parceria”, conta.

Apesar do apoio imediato, a ação passou por problemas financeiros, já que Anderson não conseguiu auxílio do poder público. Foi então que ele entrou em contato novamente com a equipe do Grêmio e, pela importância do trabalho realizado, recebeu a notícia de que seu sonho viraria um projeto social apoiado pelo clube. Anderson ressalta que a mensalidade cobrada serve apenas para a aquisição de material esportivo, como bolas, redes, uniformes e coletes.

Uma realidade diferente exige ações diferentes
Segundo Anderson, o ensino de Educação Física nas escolas mudou muito nos últimos anos, o que fez com que as crianças não tivessem tanta vontade de participar de atividades esportivas. Além disso, ele observou que ler também não era um costume. 

No projeto, que contempla jovens entre 10 e 17 anos, para correr em campo é necessário exercitar a leitura. Ele explica que os participantes devem ler uma obra por mês. Essa leitura é compartilhada com os demais e apresentada ao professor. “Hoje, todos os alunos que fazem parte do projeto estão em suas séries regulares e não reprovaram de ano. Muito mais do que apenas ler, eles trabalham valores como o respeito, a partilha. Esse momento em que eles têm um incentivo para ampliar o seu horizonte, conseguimos melhorar a educação e o vocabulário deles”, frisa.

A ideia de Anderson é ampliar o projeto para atender a mais jovens. Para isso, ele conta com a ajuda de voluntários e doadores que colaboram tanto com materiais como com o trabalho. “Não existe a ajuda de nenhum partido e isso dificulta o acesso aos recursos públicos, mas nos viramos com o auxílio de alguns amigos do Rio Grande do Sul que nos enviam bolas, coletes e materiais necessários à continuação. O projeto tem esse objetivo de pensar no futuro das crianças e que elas tenham uma vida digna”, destaca.