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Leão-Baio passa a ser monitorado pelo Projeto Charão

05/06/2018

16:12

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

A criação da RPPN Papagaios-de-Altitude no município de Urupema, no planalto de Santa Catarina, teve como objetivo principal a conservação de um remanescente de Floresta com Araucárias Altomontana, em um terreno com altitude que oscila entre 1350 m a 1465 m de altitude em relação ao nível do mar. O Projeto Charão, desenvolvido pelo Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UPF e pela Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA), ao assumir essa iniciativa, buscou garantir o fornecimento de pinhões para o papagaio-charão e o papagaio-de-peito-roxo. Em toda a região, há coleta de pinhões para o consumo humano, mas os pinhões da reserva natural ficam disponíveis para a fauna silvestre.

Conforme o coordenador do Projeto Charão, professor Jaime Martinez, ao proteger uma reserva estratégica de pinhões para os papagaios, verificou-se um efeito de sinergia, quando muitas espécies que utilizam o pinhão, direta ou indiretamente, passaram a ser beneficiadas, tais como os veados, as cutias, os coatis. “Tendo uma boa população de presas, torna-se fundamental a presença de grandes predadores para realizar o controle dessas populações. E, assim, a RPPN Papagaios-de-Altitude, criada em fevereiro deste ano, passou a receber, cada vez com maior frequência, a visita de um predador de topo de cadeia alimentar, um grande felino: o leão-baio (Puma concolor)”, comentou o professor.

Também conhecido por puma ou onça-parda, o leão-baio passou a ser monitorado pela equipe de pesquisadores do Projeto Charão, principalmente através do uso de armadilhas fotográficas que cobrem os diversos ecossistemas da RPPN de 36,06 hectares. “A natureza preservada e protegida e o sossego do lugar têm atraído pumas da região do planalto catarinense para essa unidade de conservação”, destaca Martinez. A equipe do Projeto Charão chegou a registrar por duas vezes o encontro da fêmea e do macho do leão-baio, algo não muito comum de ser registrado conforme o professor, evidenciando os benefícios da conservação da natureza.

A paz da natureza conservada tem permitido atividades de reprodução entre os pumas, e a equipe espera agora para registrar os filhotes que venham a nascer na RPPN. “Os pumas foram beneficiados pelos papagaios, uma vez que foi o motivo da criação da área, e agora os pumas parecem querer dar sua ajuda na conservação dos papagaios, pois a importância dessa área natural protegida vem crescendo no cenário da manutenção da fauna silvestre da Floresta com Araucárias e campos de altitude”, frisa o professor.

Administrada pela AMA, em parceria com a UPF, a reserva natural vem sendo utilizada por alunos de pós-graduação da UPF, a exemplo do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCiAmb), vinculado ao Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UPF, para a realização de suas pesquisas a nível de mestrado, contemplando espécies, populações e ecossistemas protegidos em caráter permanente.