Pesquisa e Inovação

Escolaridade, situação conjugal, aposentadoria e acesso ao dentista: o que isso tem a ver com prótese dentária?

28/09/2020

15:17

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

Pesquisa realizada por estudantes de Odontologia da UPF aponta que esses fatores impactam na prevalência do uso de prótese dentária. Estudo recebeu menção honrosa em reunião da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica

Estudo sobre prevalência de próteses dentárias em idosos, também conhecidas como dentadura e ponte móvel, constatou que a escolaridade, a situação conjugal, a aposentadoria e o acesso ao dentista estão associados ao uso de prótese. Esses fatores foram levantados em pesquisa realizada por estudantes do curso de Odontologia e do Programa de Pós-Graduação em Envelhecimento Humano (PPGEH) da Universidade de Passo Fundo (UPF). Estudo recebeu Menção Honrosa na modalidade Prêmio Myaki Issao, na 37ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica (SBPqO), realizada de forma virtual, em setembro deste ano.
 
O trabalho denominado “Uso e necessidade de prótese e fatores associados em idosos de uma cidade do sul do Brasil: um estudo transversal”, apresentado pela acadêmica de Odontologia, Nathália Prigol Rosalen, e que teve como orientador, o professor Dr. Paulo Roberto Grafitti Colussi, analisou a prevalência do uso e da necessidade de prótese dentária em idosos da cidade de Veranópolis/RS, com a participação de cerca de 280 idosos com 60 anos ou mais.
 
A pesquisa demonstrou que mais de 87% dos idosos eram usuários de prótese, sendo que, 27% dos idosos ainda necessitavam de algum tipo de reabilitação oral.
 
Fatores para a prevalência
Idosos casados, com pouca escolaridade, aposentados e que vivem em área rural têm mais probabilidade de usar uma prótese dentária, conforme a pesquisa.
 
O estudo demonstrou uma menor necessidade de reabilitação oral, quando comparados com estudos realizados em diferentes cidades e/ou regiões do Brasil. “Esses resultados demonstram uma melhor condição de saúde bucal dos idosos de Veranópolis, quando analisadas apenas a questão referente à reposição dos dentes perdidos ao longo da vida”, ressalta a autora da pesquisa.
 
Conforme o orientador do estudo todas as questões sociodemográficas têm relação direta com saúde bucal, e isso é particularmente importante em países como o Brasil, onde as desigualdades socioeconômicas são mais acentuadas.
 
Por que as pessoas usam prótese dentária?
As pessoas usam prótese em razão da perda dentária parcial ou total (edentulismo), que causa prejuízo desde a mastigação até a fala. Esses danos podem afetar a autoestima e a qualidade de vida do paciente. A perda dentária ocorre, principalmente, pelo efeito cumulativo de duas principais doenças bucais crônicas: a doença periodontal e a doença cárie.
 
Conforme especialistas, mesmo com toda a evolução da odontologia, o Brasil apresenta uma das maiores médias de perda dentária e/ou maior prevalência de edentulismo entre os idosos. A autora do trabalho destaca que “infelizmente, perder dentes no Brasil, ainda é tido como algo normal do avanço da idade, tanto que ainda pode ser considerado como o ‘país de desdentados’”.
 
Além disso, destaca-se o custo para a reabilitação oral, que é elevado e prejudica o acesso da população aos tratamentos odontológicos. “Fazer o uso de prótese ainda não é acessível para boa parte da população brasileira”, enfatiza a acadêmica.

Acadêmica de Odontologia, Nathália Prigol Rosalen

Estudo recebe menção honrosa
O trabalho recebeu Menção Honrosa na modalidade Prêmio Myaki Issáo, na área 6 (Oclusão/DTM e Prótese), na 37ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica (SBPqO). A SBPqO é a Divisão Brasileira da International Association for Dental Research (IADR), sendo a maior divisão da América Latina.
 
O orientador do trabalho salienta a importância do projeto de pesquisa multidisciplinar que envolveu alunos da Faculdade de Odontologia e o mestrado em Envelhecimento Humano da UPF e que resultou em vários trabalhos ao longo dos últimos dois anos. Além disso, segundo o professor Colussi, esta pesquisa reforça o papel da UPF na produção e na disseminação do conhecimento científico na sua área de abrangência.
 
O estudo também foi tema do trabalho de conclusão de curso (TCC) da Nathália. “Hoje, em meio a uma pandemia, o Rio Grande do Sul se destaca por realizar um estudo epidemiológico de excelência conduzido pela UFPEL, com a participação da UPF, na qual se pode perceber com clareza a importância de uma pesquisa deste gênero”, enfatiza a acadêmica.

Integrantes da equipe de pesquisa
A autora do estudo, denominado “Uso e necessidade de prótese e fatores associados em idosos de uma cidade do sul do Brasil: um estudo transversal”, é Nathália Prigol Rosalen (UPF) e os co-autores são: Natália Rigon Scalco (UPF), Thaís Carleso Trevizan (UPF), Diandra Genoveva Sachetti (UPF), orientadas pelos professores Dr. Francisco Wilker Mustafa Gomes Muniz (UFPel) e Dr. Paulo Roberto Grafitti Colussi (UPF). Além deles, a pesquisa também contou com outras duas acadêmicas de Odontologia da UPF: Koriandher da Silva Dezingrini e Fernanda Pretto Zatt. Também fizeram parte da equipe, Marluce de Oliveira Muhl e Eduarda de Lucca, do PPGEH, sob orientação da professora Dra. Eliane Lucia Colussi.