Extensão

Equoterapia retoma atividades presenciais

02/06/2021

10:10

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Camila Guedes

Com turmas reduzidas e cuidados redobrados, atendimentos ocorrem na Fazenda da Brigada Militar

Para além de ser um projeto de extensão que oportuniza a realização de atividades para crianças, jovens ou adultos com transtorno do espectro autista, paralisia cerebral, traumatismo neurológico, hidrocefalia, síndromes de rett e west, distúrbios neuromotores e osteomusculares, a Equoterapia é um espaço de troca, aprendizagem, aproximação e crescimento. Palavras como estas são usadas por acadêmicos envolvidos e pelas mães dos atendidos, ressaltando a importância da ação que é desenvolvida pela Universidade de Passo Fundo (UPF), por meio da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia. Após a interrupção das atividades em função da pandemia, o projeto tem retomado aos poucos as práticas, com turmas reduzidas e cuidados redobrados.

O projeto de extensão de Educação Inclusiva Equoterapêutica é feito em parceria com a Associação de Pais e Amigos da Criança Autista (Auma), com o apoio da Prefeitura de Passo Fundo e colaboração do Centro de Assistência Socioeducativo (Case) e da Brigada Militar 3º RPMon de Passo Fundo. De acordo com o coordenador, professor Dr. Paulo Cezar Mello, mesmo com as limitações impostas pela pandemia ainda existente, o grupo tem trabalhado para a retomada das atividades. Ele pontua que, para isso, alguns processos foram modificados, as turmas ficaram menores e os cuidados com higiene e uso de máscara foram redobrados.

Mello pontua que, neste primeiro momento, os acadêmicos estão recebendo treinamento e capacitações para atender os pacientes que integram o grupo. Com as técnicas repassadas, a equipe de bolsistas terá condições de atender uma demanda maior, nos próximos meses. “O que vemos é um carinho pelo projeto. Percebemos no sentimento deles, pelo olhar, o quanto esse projeto é importante”, pontua o professor ao comentar como os atendidos percebem as atividades.

Comunicação, atenção e afeto

Desde a chegada na Fazenda da Brigada, local onde ocorrem as ações, uma rotina é criada para que os participantes sintam-se à vontade e possam usufruir os benefícios da equoterapia. Neste sentido, como no caso dos jovens com transtorno do espectro autista, a comunicação é uma ferramenta fundamental. Mello explica que uma pasta com imagens ajuda na compreensão dos processos a serem feitos: colocar o capacete, a máscara, se aproximar do cavalo, andar, descer, alimentar o animal e se despedir. Tudo feito com orientação e cuidado.

Além do passeio, que ajuda em questões como motricidade, respiração, paciência, segurança e respeito, eles também recebem atendimentos com os acadêmicos da área da saúde como enfermagem, fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia e educação física, com orientações e oficinas. “Sempre valorizo muito isso, esse projeto que é tão apoiado e que, pela sua multidisciplinariedade, tem um papel fundamental tanto para a Universidade, na formação técnica e humana de seus acadêmicos, quanto para a comunidade, no atendimento aos alunos/pacientes que precisam e contam com o trabalho”, observa o coordenador.

Aprender com o outro, crescer com as experiências

Miriam Freitas, acadêmica de Fonoaudiologia, atua no projeto desde 2018. Para ela, a experiência, além de enriquecer profissionalmente, tem permitido uma transformação pessoal. Ela destaca que, a cada novo encontro, existe um aprendizado com os professores, com os atendidos e com as suas famílias, além da troca profissional entre os próprios estagiários. “Esse trabalho tem me ajudado muito enquanto acadêmica, uma vez que aqui temos condições de vivenciar a realidade, entender as dificuldades vivenciadas pelos pacientes, como eles se apresentam e quais as demandas. Aprendemos a reconhecer essas dificuldades e, com isso, melhorar não somente na formação profissional, mas, principalmente, enquanto pessoa”, observa.

Para Gisele Baggio, formanda do curso de Enfermagem, o projeto auxilia e apoia tanto o paciente quanto os estudantes. “Aqui temos condições de ver o paciente na sua totalidade, não apenas no seu diagnóstico inicial, tendo uma visão ampla dos cuidados que podem ser tomados, das medidas que podem ser adotadas, além de interação com a rede de apoio dele. Na parte pessoal, aprendemos muito a ter paciência, empatia e respeito. Dentro do projeto conseguimos evoluir”, destaca.

Aprendizado e compartilhamento

Enquanto os filhos estão praticando as atividades, mães e irmã aproveitam a oportunidade para conversar, trocar experiências e vivências. Para elas, mais do que um projeto de extensão que permite aos seus filhos e familiares uma maior qualidade de vida, a Equoterapia é um momento em que elas também tem a oportunidade de curtir a natureza e a convivência. 

Enquanto os filhos participam, as mães trocam vivências

Esses são relatos da Helena Younes de Melo, da Mirna Rolando Pirogan, da Maria Alice Severo Medeiros, da Elisabete Henz Keller e da Nelci Drebes. Algumas utilizam o serviço oferecido pela Universidade há mais 15 anos e para elas os benefícios são incontáveis: dividir momentos, trocar informações sobre medicações, alimentação, comportamentos, o que deu certo para uma e pode ajudar a outra. 

Na opinião dessas mães, tudo isso faz parte do projeto, mesmo que não esteja presente em seus objetivos principais. “Dividir com alguém aquilo que estamos passando faz toda a diferença, uma vez que aprendemos e conseguimos pensar em alternativas. O que vivemos é uma montanha russa de sensações, com eles cada dia é um dia e, para nós, cada vitória é importante. Aqui eles têm cuidado, atenção. Ficamos tranquilas de poder ficar aqui conversando, porque sabemos que eles têm toda a atenção ali com a equipe. Eles se sentem seguros, aprendem e evoluem com essa aproximação com a natureza e com os animais. Eles ficam livres e mais do que isso, se sentem livres e o resultado é visível a curto e longo prazo”, destaca Helena.

O projeto

O projeto de extensão de Educação Inclusiva Equoterapêutica tem, entre os seus objetivos possibilitar a capacitação terapêutica e pedagógica dos acadêmicos estagiários bolsistas e voluntários, buscando disponibilizar e potencializar recursos técnico-científicos com a prática da educação inclusiva, por meio de ações equoterapêuticas, visando melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência atendidas no projeto.

As sessões/aulas de equoterapia são realizadas nas segundas e quartas-feiras, à tarde, entre às 14h as 17h, na Fazenda da Brigada Militar. Os atendidos são crianças, adolescentes e adultos com patologias como transtorno do espectro autista, paralisia cerebral, traumatismo neurológico, hidrocefalia, síndromes de rett e west, distúrbios neuromotores e osteomusculares. Os acadêmicos envolvidos buscam e vivenciam experiências nas mais diversas situações de construção de conhecimentos vinculados à realidade social, com as quais irão se defrontar no futuro exercício da profissão, nas áreas da saúde e educação de forma multidisciplinar, de acordo com a graduação específica desejada.