Ensino

UPF e ABCS realizam workshop sobre doenças virais na suinocultura

18/09/2019

18:35

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Jéssica França

Evento orienta profissionais sobre diversas doenças e sobre a promoção da sanidade animal para rebanho de suínos

Prevenir para remediar impactos ambientais, sociais e econômicos. É com esse objetivo que diversas entidades do setor de suinocultura vêm trabalhando devido ao crescente número de doenças que estão em circulação pelo mundo. Buscando capacitar profissionais, agroindústrias e estudantes para prevenção e sanidade animal, a Universidade de Passo Fundo (UPF), em conjunto com a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e diversas entidades ligadas ao setor, promove, desde a manhã desta quarta-feira, 18 de setembro, o “Workshop sobre doenças virais de importância na produção de suínos”. O encontro ocorre no auditório da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV), Campus I UPF. 

De acordo com o diretor da FAMV, professor Dr. Eraldo Lourenso Zanella, o evento é realizado em Passo Fundo por ser um uma região produtora de suínos. “As entidades estão preocupadas com todas as doenças que estão ocorrendo no exterior, em especial na China. Na terça-feira, também tivemos um foco confirmado na Coreia do Sul. Preocupam-nos doenças como a Peste Suína Africana, a Síndrome Respiratória e Reprodutiva dos Suínos (PRRS) e a Peste Suína Clássica”, disse. 

De acordo com a consultora em saúde animal, professora Dra. Masaio Mizuno Ishizuka, o evento está sendo realizado em diversos locais do Brasil. “O Workshop está sendo oferecido em 12 estados e em 14 localidades diferentes, abordando os mecanismos de controle, profilaxia, operação de doenças que estão acontecendo no mundo todo. Essas doenças representam bloqueios para as exportações, razão pela qual temos que tomar todas as medidas de cautela e de prevenção para não perdermos os mercados que tão arduamente estão sendo conquistados pelo governo”, comentou Masaio.

Segundo a diretora técnica da ABCS, Charli Ludtke, no Rio Grande do Sul, foram promovidos dois workshops, um realizado em Porto Alegre e outro em Passo Fundo, visando preparar profissionais e agroindústrias para focos de doenças, no sentido de planejar ações e harmonizar as informações entre o serviço veterinário oficial e a iniciativa privada para reduzir fatores de risco de entrada de doença.  “No Brasil, de outubro do ano passado para cá, tivemos focos na zona não livre de doenças, que representa o norte e nordeste do país. Desde a identificação, todos os focos foram resolvidos, os animais que estavam com o vírus da Peste Suína Clássica foram sacrificados, mas há muitos riscos associados, por isso a necessidade de capacitação para prevenção”, disse. 

Doenças fronteiriças 
De acordo com Charli, a preocupação é direcionada aos riscos associados às doenças que podem vir por meio do trânsito de animais e até mesmo por alimentos. “Nossa preocupação maior é focada no vírus da Peste Suína Africana, presente no Brasil em 1978. Em 1984, o país passou a ser livre dessa doença, mas sabemos que existe o risco de ela se tornar uma pandemia, pois hoje ela está muito concentrada na China, no continente asiático e no leste europeu. Esperamos que isso não aconteça aqui, mas caso ocorra, o setor precisa estar preparado”, afirmou. 

A Peste Suína Clássica e a Peste Suína Africana estão relacionadas ao contato direto dos animais, e também podem ocorrer por inseminação e reprodução, associado à matéria orgânica, e por meio dos veículos de cargas. “Caminhões precisam estar sempre limpos, lavados, higienizados e desinfetados. Também é importante que a vestimenta dos funcionários esteja limpa. Para a sanidade dos rebanhos, é importante que o produtor adote programas de biosseguridade, como o cercamento da granja, controle de roedores, moscas e principalmente limpeza, desinfecção e o cuidado, evitando visitas em granjas, revisando os caminhões que chegam à propriedade e a reposição de plantel, conferindo sua origem e certificação”, salientou Charli.

Também há preocupação com relação a outras doenças, como a Febre Aftosa. Conforme o professor Zanella, o RS está na iminência de não necessitar de vacina para prevenção da doença. “Tirando Santa Catarina, que é livre sem vacinação, o restante do país, inclusive o RS, é livre da doença com vacina, então, estamos na iminência de pararmos de fazer a vacinação no estado, em especial a partir do ano que vem. Com isso, o risco dessas doenças existe, e obviamente a chegada de uma doença dessas no estado, que é um dos principais produtores do Brasil, preocupa, por isso é importante a prevenção, porque essas doenças são barreiras para exportação”, observou. 

RS é o terceiro maior produtor de suínos do Brasil 
O RS é o terceiro maior produtor de suínos no país. Segundo o presidente da Associação de Criadores de Suínos do RS (ACSURS), Valdecir Luis Folador, o estado já esteve na segunda colocação, mas perdeu o posto para o Paraná devido a um grande investimento realizado pelas cooperativas do estado vizinho. “Mesmo estando na terceira colocação na produção de suínos, somos o segundo maior exportador, então, o estado tem hoje em torno de 8 mil produtores, sendo que a produção está concentrada principalmente no Vale do Taquari, Serra Gaúcha, Médio e Alto Uruguai e também na região Noroeste”, contou Folador, destacando que o rebanho gaúcho tem 5 milhões de animais. “O Rio Grande do Sul, no ano passado, abateu mais de 9 milhões, produzindo em torno de 600 a 650 mil toneladas de carne, então, o estado tem na suinocultura uma importante fonte de renda e qualidade de vida para o produtor que atua nessa cadeia produtiva”, finalizou. 

Ainda conforme o presidente, a identificação da doença no mercado asiático possibilitou um crescimento do setor para as exportações brasileiras. “Teve uma mudança muito positiva no que se refere à valorização e aos preços dos suínos, tanto a nível de produtor quanto a nível de exportação. Em razão das questões sanitárias que a Ásia vem enfrentando pela Peste Suína Africana, do agravamento da situação e da necessidade de compra para abastecer o mercado interno, o Brasil foi um dos países que passou a fornecer mais carne suína para o mercado Chinês, isso fez com que os preços melhorassem, chegando até o produtor”, explicou. 

Conforme Folador, os custos de produção também estão estáveis, favorecendo o produtor.  Além disso, há grandes possibilidades de abertura de novos mercados para a suinocultura. “Tem muitos países se abrindo para carne suína brasileira, as informações que se tem é que há uma grande tendência de que nos próximos dois ou três anos tenhamos um mercado com um cliente com um potencial alto de compras. A suinocultura vem se profissionalizando cada vez mais, temos granjas com altos índices de produtividade, de tecnologia, profissionalismo dos produtores, temos aí alta capacidade de formação”, finalizou.