Parceria entre UPF e empresa de cereais permite o plantio de quatro hectares de brócolis

O professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Dr. José Luís Trevizan Chiomento, responsável pela disciplina de Sistemas de Produção em Olericultura, matéria que estuda as hortaliças no curso de Agronomia, conceitua o brócolis como uma inflorescência saborosa e nutritiva. Essa espécie foi colhida, recentemente, nos campos experimentas da Universidade. A atividade faz parte de uma parceria entre a Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV) e a empresa CSM Cereais.

O brócolis (ou couve-brócolis), conhecido cientificamente como Brassica oleracea var. italica, é uma planta que pertence à família botânica Brassicaceae (a mesma da couve-flor, do repolho e da couve-folha). Segundo o professor, essa hortaliça, nativa da Costa Norte Mediterrânica, Ásia Menor e Costa Ocidental Europeia, é rica em betacaroteno, ácido fólico, vitaminas C, A, K e nutrientes como cálcio, ferro e magnésio e o órgão consumido dessa cultura hortícola corresponde à inflorescência (cabeça) imatura. 

Chiomento ressalta que o cultivo do brócolis iniciou na Europa, ainda no início do século XIX e, segundo ele, a projeção atual é de que a cultura supera um milhão de hectares cultivados mundialmente, bem como a sua produção ultrapassa 19 milhões de toneladas anuais. Conforme relata o professor, o impulso do cultivo dessa hortaliça nos últimos anos demonstra que existe um mercado potencial a ser explorado. “Esse mercado abrange a apreciação do brócolis na gastronomia, suas propriedades nutricionais e os conteúdos de compostos bioativos, com atividade promotora à saúde. No entanto, a importância dessa hortaliça vai além de seu papel nutritivo e funcional aos consumidores. O cultivo do brócolis proporciona expressivo retorno econômico aos horticultores, um dos fatores responsável por manter esses agricultores no campo”, salienta o engenheiro agrônomo.

Parceria para gerar frutos

De acordo com o professor, o estabelecimento de manejos fitotécnicos, fitossanitários e nutricionais, somando a sua relação com a adoção de ferramentas tecnológicas para melhorar a produtividade e a qualidade dos sistemas de produção dessa cultura, garantem a competitividade e a sustentabilidade da cadeia produtiva do brócolis no estado e no país.

Com foco nessa troca e na potencialização da cultura, em 2020 foi firmada uma parceria entre a UPF e a empresa CSM Cereais, neste ano, pela primeira vez, ocorreu o cultivo de quatro hectares de brócolis, cultivar Avenger, no Centro de Extensão e Pesquisa Agropecuária (Cepagro), Campus I da UPF. O transplante das mudas de brócolis ocorreu no final de fevereiro, quando as condições climáticas direcionam-se adequadas para a cultura (clima frio). 

Chiomento explica que a colheita do brócolis inicia de 70 a 90 dias após o transplante de mudas, dependendo das condições climáticas durante o cultivo e das cultivares usadas. Ele pontua que dois acadêmicos do curso, Eduardo Schaeffer e Guilherme Toson, puderam acompanhar de perto as atividades desenvolvidas nessa lavoura de brócolis, desde o transplante de mudas até a pós-colheita das inflorescências.

Cristiano Martini, horticultor responsável pela CSM Cerais, relata que durante o cultivo ocorreu estresse hídrico, contudo, esse entrave foi solucionado por meio do fornecimento de água às plantas via irrigação. Ele conta que colheu “cabeças” (inflorescências) de excelente qualidade. “Como temos a venda final de brócolis e conhecimento na plantação, arrendamos uma área no Cepagro para intermediar com a plantação da batata. Nessa parceria, professores e estudantes do curso de Agronomia podem ter aula prática para adquirir mais conhecimento na parte do hortigranjeiro. Essa atividade conjunta permite abranger conhecimento de um cultivar que não é tão implantada na região, possibilitando assim o acompanhamento do plantio da muda, manejo, colheita e processo de comercialização”, ressalta.