Extensão

A Feira Ecológica da UPF e sua carroça

13/11/2019

15:01

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Natália Fávero

Produtos saudáveis e orgânicos são comercializados na Universidade de Passo Fundo

Toda semana, a carrocinha da Feira Ecológica da Universidade de Passo Fundo (UPF) estaciona no Campus I, em Passo Fundo. A natureza do campus e o ambiente acadêmico formam um lugar perfeito para abrigar a carroça, que traz mais do que produtos saudáveis e orgânicos. A Feira reforça a importância da agroecologia na vida das pessoas. Também é uma maneira de lembrar o público a respeito das origens desses alimentos, produzidos pela agricultura familiar e trazidos todas as terças-feiras de municípios nem tão perto assim: Aratiba, Ibiaçá, Sananduva, Santo Antônio do Palma, São Domingos do Sul, São João da Urtiga, Três Arroios e Vila Maria.

A Feira existe no campus da Universidade desde 2015. Ano a ano, ela vem se consolidando e inovando. A carroça que expõe parte dos produtos da Feira foi construída na década de 1950. “A antiga proprietária dessa carroça foi uma família de pequenos agricultores de São Valentim, comunidade no interior de São Domingos do Sul. Ela era do agricultor Luiz Durante, que comprou o veículo do seu cunhado, o qual herdou do pai dele. Quem fez a carroça foi o ferreiro Armando Comin, há cerca de 60 anos. A família usava essa carroça para seus afazeres. Ela foi o meio de transporte das colheitas da lavoura e lenhas, foi de muita valia pra eles”, revelou a presidente da Cooperativa Mista e de Trabalho Alternativa (Coonalter), agricultora Maristela Ferro.

A carroça foi adquirida neste ano, por um valor simbólico, pela UPF e pela Conalter. O veículo que, por muitos anos, carregou a produção de outras famílias na lavoura, agora é símbolo da Feira, e transporta, além de alimentos saudáveis, muitos conceitos. “O significado da carroça na Feira é fazer a relação com a agricultura familiar, lembrar os consumidores de onde vêm esses produtos”, destacou o coordenador da Feira, professor Me. Rodrigo Marciano da Luz.

E mostrar a origem dos produtos tem tudo a ver com o conceito dos alimentos agroecológicos. “São alimentos produzidos em sistemas agroecológicos, que respeitam critérios ambientais, sociais e econômicos. Os alimentos orgânicos são certificados, pois foram produzidos dentro de regras bem específicas. As principais são: não utilizar adubo ou produto químico sintético (adubo químico e agrotóxico), e não utilizar transgênicos nem sementes que sofreram radiação, além de outras questões”, explica a coordenadora do Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA) da UPF, professora Dra. Cláudia Petry.

Os alimentos oferecidos na Feira são desprovidos, naturais e livres de todo tipo de químicos. “Estamos produzindo saúde tanto para nossa família quanto para o consumidor. Colocando saúde na mesa e, com isso, preservando a natureza”, declara um dos agricultores da Feira, Fernando Cé, de 33 anos, de São Domingos do Sul, que, após passar pelo Centro de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap) – que forma agricultores para produzir alimentos de forma saudável –, comprou, junto com sua família, uma propriedade e se uniu na produção de alimentos agroecológicos. “Somos dois irmãos, mais o pai e a mãe. Parte da família atua na panificação e o resto na horta e na lavoura. Já são 15 anos reunidos e produzindo produtos ecológicos de forma saudável”, revela Fernando.

Agricultores Alceu Primel e Fernando Cé

E, se depender do jovem agricultor, essa história de agroecológicos deve permanecer no cotidiano da família por muitos anos ainda. “Tenho um filho de um mês e a intenção é passar essa ideia de geração em geração. É importante para a nossa saúde e para a deles, pois isso traz muitos benefícios pra nós e para o meio ambiente”, garante Fernando, pai do pequeno Pedro Antônio.

O agricultor Alceu Primel, de 55 anos, de Santo Antônio do Palma, conhece bem os resultados desses ensinamentos passados entre gerações. “Esse gosto pelos agroecológicos vem desde os meus pais, que não deixavam a gente usar venenos na lavoura. Então, nessa linha, viemos defendendo a terra, a água, as plantas nativas, a agroecologia e tudo que a Mãe Terra nos proporciona. A família toda é envolvida, até os netos. É na família que se ensina o valor dos alimentos”, enfatiza o agricultor.

Menos estética, mais sabor
Os alimentos orgânicos da Feira não têm toda aquela estética dos produtos vendidos por aí: não têm tantos rótulos, plásticos, tanta cor e tamanho, mas têm sabor e qualidade desejáveis. “As pessoas são muito acostumadas a consumir baseadas na estética bonita, levando em consideração as cores e a embalagem do produto, utilizadas para convencer o consumidor a comprar. E, aqui na feira, o produto vem despido, do jeito que ele é, e tem o mais importante: qualidade”, salienta o consultor da feira, Carlos Eduardo Sander. 

Incentivo ao “locavorismo”: consumo local
Uma feira ecológica dentro de um espaço que produz conhecimento é uma parceria perfeita. Além disso, a iniciativa vai ao encontro dos movimentos mundiais do slow food e do locavorismo, que significam, respectivamente, alimentação tranquila e produzida localmente. “A iniciativa é fantástica, pois auxilia os agricultores a divulgarem seus produtos e esclarece os consumidores a respeito dos benefícios de uma alimentação saudável, com produtos frescos da estação e cultivados em locais próximos”, destaca a coordenadora do Núcleo de Estudos em Agroecologia.

Diversidade
E depois de tantas explicações sobre os agroecológicos, não se pode deixar de mencionar os inúmeros produtos oferecidos na carrocinha e nas demais estruturas da Feira: frutas, legumes, verduras, farinhas, geleias, bolos, pães, biscoitos, sucos naturais de frutas nativas, entre outros.

Sobre a Feira Ecológica UPF
O projeto de extensão Feira Ecológica UPF integra o programa de extensão Desenvolvimento Regional Sustentável e tem como objetivo promover autonomia aos sujeitos vinculados aos processos agroecológicos e da economia solidária, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades e competências no exercício de práticas cooperativas e sustentáveis. A Feira funciona às terças-feiras, das 10h às 21h, em frente ao Centro de Convivência, Campus I. Os agricultores que participam da Feira fazem parte da Cooperativa Mista e de Trabalho Alternativa (Coonalter), que representa produtores orgânicos e promove as feiras ecológicas em Passo Fundo.