VIDA

O intelectual e o poder

Em 1954, na Folha da Tarde, sob a direção de Arlindo Pasqualini, publica sob o pseudônimo de D. Camilo. Ao mesmo tempo, no Jornal Hoje, usa outro pseudônimo para se posicionar, muitas vezes contrariamente ao pseudônimo de D. Camilo, ambos personagens de Giovanni Guareschi, narrador e humorista italiano. Na obra Mondo Piccolo, de Guareschi, a partir de  1948, D. Camillo, um padre conservador e Peppone, um comunista fervoroso, figuram como contundentes rivais, segundo as próprias doutrinas. Dessa oposição, Josué estabelece uma rivalidade entre os “cronistas”, a qual era acompanhada pelos leitores, que desconheciam a autoria única dos textos.
Em 1957 é contratado por Chateaubriand para reformar o vespertino carioca Diário da Noite, dos Diários Associados. Em 1960, funda sua própria agência de propaganda, mas logo encerra as atividades para dedicar-se, em 1961, à direção da Agência Nacional. Nesse período, a atuação política de Josué Guimarães se incrementa em contraposição a uma tendência conservadora que se avolumava e que chegaria ao poder em primeiro de abril de 1964. Passa a ser considerado um dos intelectuais do governo de Jango, a favor do qual, inclusive, posiciona-se contundentemente no Movimento da Legalidade. Como integrante do Governo de João Goulart, participa de uma comitiva que visita a China e a União Soviética.

São desse período também suas primeiras publicações literárias em livro. Em 1962, em Nove do sul, que contava com textos de Moacyr Scliar, Sérgio Jockyman, Lara de Lemos, Carlos Stein e Ruy Carlos Osterman, Josué, convidado por Scliar, participa com os contos “Odete de Oliveira” e “A morte do caudilho”. Em 1964, já demissionário da Agência Nacional, após um forte conflito com outra liderança intelectual do governo, o antropólogo Darcy Ribeiro, acompanha, ao lado do governador Miguel Arraes, em Recife, no Palácio das Princesas o golpe de estado protagonizado pelos militares.