Cultura

Mosaicos para homenagear os Museus

24/04/2018

17:35

Por: Camila Guedes

Fotos: Camila Guedes

Mosaicos desenvolvidos nas oficinas de Arteterapia serão colocados nas escadarias do pátio interno do Museu de Artes Visuais Ruth Schneider e do Museu Histórico Regional como um presente para a comunidade

Umas das técnicas de arte mais antigas, os mosaicos estão ganhando um novo significado nas mãos das alunas da Oficina de Arteterapia. Desafiadas pela professora e coordenadora do curso de Artes Visuais da Universidade de Passo Fundo (UPF) Mariane Loch Sbeghen, há cerca de seis meses, as alunas vêm desenvolvendo mosaicos que, em breve, irão colorir as escadarias do pátio interno do Museu de Artes Visuais Ruth Schneider (MAVRS) e do Museu Histórico Regional (MHR), que pertencem ao Espaço Cultural Roseli Dolesky Pretto.

A iniciativa, segundo Mariane, começou com um desafio para as alunas. “Toda a cidade estava em movimento em torno da pintura de escadarias, então, nós conversamos e pensamos por que não fazer uma intervenção nas escadarias do Museu, que é o espaço que elas frequentam”, explica a coordenadora. Desde então, os encontros semanais do grupo têm sido dedicados à criação e à confecção dos mosaicos. 

O principal diferencial desse trabalho, segundo Mariane, é o material utilizado: todos os mosaicos foram construídos a partir de azulejos quebrados. Nada foi adquirido. “No ano passado, nosso trabalho foi desenvolvido a partir dos blisters e das caixas de medicamentos. Neste ano, resolvemos usar os azulejos, que estão nos containers, estão guardados em casa. Nós fizemos as aulas a partir da utilização desses materiais”, destaca a professora. Outro diferencial dos mosaicos é que todos foram criados com base em uma reflexão feita pelas alunas durante as oficinas.

Os mosaicos deverão ser entregues até o dia 18 de maio, quando é comemorado o Dia Internacional do Museu. “Tudo que nós construímos tem um significado para elas e nós queremos transformar essa intervenção em um presente para os Museus e um presente para a comunidade”, completa. 

Arteterapia
Oferecida há mais de 20 anos, a Oficina de Arterapia é vinculada ao Programa Comunidades Sustentáveis e ao Projur Mulher e Comunidade, da Vice-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (VREAC), que incentiva iniciativas que visam à sustentabilidade, à preservação do meio ambiente e à importância das relações humanas. Semanalmente, o grupo de mulheres da terceira idade se reúne para participar de atividades, que são articuladas com recursos das artes visuais e também da música e de outros recursos dramáticos que integram a arteterapia. As aulas são realizadas no Espaço de Ação Educativa do MAVRS e do MHR. 

Além da professora Mariane, as atividades também são conduzidas com a ajuda de uma bolsista do Programa de Apoio Institucional a Discentes de Extensão e Assuntos Comunitários (Paidex) e de duas bolsistas voluntárias. No terceiro nível do curso de Artes Visuais Licenciatura, a acadêmica Raquel Manica é uma das bolsistas. Convidada a participar do projeto, ela auxilia a professora e as alunas no desenvolvimento das atividades. “Eu acho que isso ajuda muito na minha formação como professora, ter esse contato com o público, mediar uma oficina, que é diferente de dar aula em sala de aula”, ressalta. 

Uma das alunas mais antigas no projeto, a professora aposentada Ayres Ritter Gomes começou a participar após assistir a uma aula. Desde então, toda a semana dedica algumas horas à arte e considera uma satisfação participar das oficinas. “As conversas são boas, os trabalhos são bons, a professora, tudo se encaixa para que a gente saia daqui melhor”, conta. 

Aos 77 anos, Ayres garante que ver suas obras fazendo parte do dia a dia da comunidade traz o sentimento de fazer o bem, de fazer algo que seja útil. “Acho que é aquele sentimento de tentar fazer algo diferente, de tentar mudar a consciência das pessoas, mostrar que a gente pode fazer muita coisa para ajudar a enfeitar um pouco mais a nossa cidade, ficar mais bonita, mais alegre”, completa.