Geral

Quem cuida, educa

09/02/2023

13:50

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Camila Guedes e Tainá Binelo

A importância do cuidado dentro da universidade norteou o primeiro dia do Presença UPF. A partir de diferentes práticas, professores e funcionários foram convidados a cuidar, de si e dos outros

Em 2021, uma pesquisa realizada pelo Instituto Península apontou que, em um universo de mais de sete mil professores de todo o Brasil, mais de 60% deles sinalizaram problemas com ansiedade e depressão. O estudo lança mão de uma preocupação mundial: professores e estudantes estão adoecendo e precisam de cuidados. E foi exatamente essa a preocupação do Presença UPF, evento que marca o início de mais um ano letivo da Universidade de Passo Fundo (UPF). Em 2023, professores e funcionários da Instituição foram convidados a pensar a perspectiva do cuidado na educação. 

Quem incentivou a reflexão sobre o tema foi a professora da Universidade do Estado da Bahia Me. Clara Maria Miranda de Sousa. Com pesquisas nas áreas da psicologia e pedagogia, a professora tratou do cuidado em educação norteada por três ações: ver, cuidar e agir, tendo o cuidado na centralidade da formação docente que se dá não só na graduação, mas ao longo de todo o processo de tornar-se professor. “Quando pensamos no cuidado, precisamos pensar nele de forma coletiva, uma vez que o cuidado não se dá só numa dimensão subjetiva, mas quando aprendemos com outras pessoas, aprendemos com as relações, aprendemos com as experiências. É uma constante aprendizagem, o cuidado está sempre se transformando, ele não está estagnado”, explicou. 

Em sua fala, Clara destacou o termo educuidador, desenvolvido por ela em suas pesquisas, baseado no entendimento de que o professor também cuida de outras pessoas. Na opinião da docente, as universidades, de maneira geral, vêm enfrentando vários desafios nos últimos anos, e é preciso repensar a maneira de estarmos nas universidades, considerando que os índices de adoecimento de professores, estudantes e funcionários vêm crescendo. “Precisamos nos questionar sobre o que é que anda acontecendo. E a partir disso, é preciso compreender sobre o nosso estar nesse espaço, para conseguirmos alinhar através desse diálogo e da escuta, formas e maneiras de a gente melhor estar no ambiente da universidade. Que a universidade não seja um peso, mas seja um modo de viver, nosso jeito de cuidar do mundo”, pontuou Clara. 

E como equilibrar? Para a professora, é preciso compreender os limites. “Precisamos entender que precisamos de pausas, vivenciar férias, ter um dia de descanso e descanso mesmo, de forma muito subjetiva, entendendo que meu estilo de descanso talvez não seja o seu, e encontrar nosso jeito de tentar equilibrar”, disse acrescentando que nem sempre é possível fazer esses movimentos sozinho. “Muitas vezes, sozinhos não conseguimos, então que possamos nos alinhar a grupos, a outras pessoas, perceber o que é bom para a gente, para que possamos nos refazer nessa construção. É uma transformação que precisa ser feita de dentro para fora e quando acontece essa transformação para fora, a gente expande para esse coletivo”, finaliza. 

Uma oportunidade para refletir sobre o fazer
Diante dessa necessidade de cuidado, toda a programação do Presença UPF foi pensada a partir dessa necessidade. Além da ação formativa de abertura, os professores e funcionários também puderam experimentar diferentes formas de cuidado, como as terapias alternativas. No gramado próximo ao auditório da Esan, espaços com auriculoterapia, arteterapia e aromaterapia foram montados. Além disso, a noite de abertura ainda encerrou com um luau, com música e muita animação ao ar livre. 

Diretora da Diretoria de Formação e Desenvolvimento Acadêmico, a professora Dra. Carla Beatrice Crivellaro Gonçalves frisou que o evento foi pesado justamente para destacar a importância do cuidado, mas sem fugir do processo de desenvolvimento docente. “Nós pensamos nesse espaço com práticas de cuidado justamente para irmos mostrando para as pessoas que existem possibilidades de a gente fazer um cuidado aqui dentro da Universidade, em diferentes aspectos, e as pessoas experimentarem, conhecerem”, explicou. Além disso, a professora ressalta que o Presença UPF também é um momento de pensar e propor estratégias que têm a ver com o processo de desenvolvimento acadêmico na Universidade. 

Presente na abertura do evento, a reitora professora Dra. Bernadete Maria Dalmolin também chamou atenção para esse momento como um espaço para pensar no que se fazer e em que direção é preciso seguir para ampliar e fortalecer a educação. A reitora comentou ainda sobre os 55 anos de história que a UPF completa em 2023, momento, segundo ela, de esperança, otimismo e entusiasmo. “Nossa Instituição completa 55 anos de história, impulsionando a formação, a produção de conhecimento, transformando vidas, transformando a nossa realidade e o nosso entorno. Somos uma potência, uma diversidade que faz a universidade que faz ela ser linda plural grandiosa com tamanha capacidade de enfrentamento com pesquisa extensão ensino inovação”, mencionou.

Ainda na opinião da professora Bernadete momentos como o Presença são fundamentais para continuar aprofundando projetos acadêmicos da Universidade. “Vivemos um tempo desafiador da educação superior e precisamos nos reinventar, ter muito mais proximidade, diálogo, discussão entre nós para conseguirmos trabalhar e desenvolver da melhor forma possível a formação dos nossos estudantes”, enfatizou a reitora. “Eles vêm com inúmeras expectativas, são muito diferentes da nossa geração, nos trazem muito aprendizado, mas nos trazem a necessidade de nós pararmos, refletirmos, aprofundarmos, vermos formas, metodologias para que consigamos fazer o melhor por eles, para que eles consigam ter um processo formativo cada vez mais qualificado para continuarem fazendo a diferença”, completou.