Extensão

Mais de 200 reais: cesta básica de Passo Fundo tem aumento de 16,9% em 2022

11/01/2023

14:07

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

Custo passou de R$ 1300,70 em dezembro de 2021 para R$ 1520,00 em dezembro de 2022

Os diversos produtos que compõem a cesta básica são imprescindíveis para muitas famílias e a variação de preços destes itens tem afetado diretamente o bolso dos consumidores. De acordo com dados do Centro de Pesquisa e Extensão da Universidade de Passo Fundo (Cepeac/UPF), o valor da cesta básica passo-fundense aumentou 16,9% em 2022 e fechou o ano com um acumulado de 15,98%.

O último boletim da cesta básica do município divulgado pelo Cepeac revelou que a evolução do valor da cesta teve um aumento considerável, passando de R$ 1300,70 em dezembro de 2021, para R$ 1520,00 em dezembro de 2022. Segundo o professor Dr. Julcemar Bruno Zilli, existem vários fatores que contribuem para a variação de preços, desde o aumento do custo dos produtos e serviços, até as políticas públicas e a dinâmica do mercado. “Por exemplo, os últimos anos tiveram uma demanda crescente pelo consumo de produtos de alimentação, como frutas e hortaliças, que contribuem para o aumento do preço. Por outro lado, a variação pode ser explicada pela inflação, preços mais altos do petróleo, combustível e transporte e, ainda, pelas altas taxas de câmbio”, comenta.

Conforme Zilli, os produtos com cadeia produtiva suscetível às intempéries climáticas apresentaram as maiores oscilações nos últimos 12 meses, principalmente os hortifrutis, que chegaram a apresentar elevações superiores a 200% (cebola) e 144% (mamão). Já, dentre os produtos com maior peso na cesta básica, estão a carne de frango (83,72%), a carne bovina (72,64%) e o óleo comestível (110%), que apresentaram as maiores oscilações do período. O arroz, dentre os principais componentes da cesta básica, registrou uma variação relativamente menor (+46%).

Produtos apresentaram oscilações nos preços no decorrer do ano passado

Por que do aumento?
Muitas são as causas destes resultados do custo anual da cesta básica de Passo Fundo. O professor Zilli conta que, em primeiro lugar, variações climáticas extremas, como episódios de chuva excessiva, secas e outras perturbações meteorológicas, são conhecidas por afetar de forma significativa a produção agrícola e, consequentemente, impactar no preço dos alimentos básicos. “Desta forma, os preços dos itens essenciais à dieta diária aumentam consideravelmente e, muitas vezes, as pessoas de menores rendas não conseguem arcar com as despesas adicionais”, relata.

Outro ponto que deve ser levado em consideração é a desregulamentação do comércio, que tem contribuído para o aumento da cesta básica. Ele explica que, devido à competição, as empresas se aproveitam dessa realidade para então substituir produtos artesanais por produtos industrializados, o que leva a diversos problemas, tais como a alienação dos meios de produção e o consequente sucateamento do mercado de trabalho. 

Tudo isso, somado à elevação no custo da cesta básica de forma mais rápida que o aumento da renda da população, gera, de acordo com o professor, a redução de poder aquisitivo dos consumidores, aumentando assim a desigualdade social. “Este aumento constante dos preços dos produtos leva a consequências negativas para as classes baixas, impactando negativamente todos os aspectos da vida desses consumidores. A prova disto está no comportamento do custo da cesta de Passo Fundo. Em dezembro de 2021, o consumidor precisava de 1,18 salários para comprar a cesta. Já em dezembro de 2022, o valor necessário era de 1,25 salário mínimo”, lembra o professor, ao também mencionar que com a redução considerável no orçamento necessário para o mês, alguns gastos centrais da rotina diária, como transporte, comida, medicamentos, entre outros, ficam comprometidos. “Essas despesas são ainda maiores aos consumidores que não possuem um trabalho estável e recebem seu salário mensalmente na forma de salários baixos”, disse.

E a pandemia?
A pandemia da Covid-19 afetou e ainda afeta o poder de compra da população. Na opinião de Zilli, uma das principais consequências da pandemia de Covid-19, que ainda aflige muitas partes do mundo, é a grande pressão que foi posta nos preços da cesta básica. “O preço da cesta básica é dado por uma lista de produtos essenciais que são vendidos em uma mercearia, como arroz, feijão, carne, leite, açúcar, entre outras coisas. Durante a pandemia, os preços desses produtos aumentaram de forma significativa, provocando grandes preocupações entre aqueles que se preocupam com a segurança alimentar e nutricional das pessoas”, afirma.

Zilli comenta que uma das principais razões da elevação nos preços da cesta básica é a oferta limitada de matérias-primas durante a pandemia e uma das preocupações foi a dificuldade para transportar alimentos de onde são cultivados até os centros de distribuição. “Isso se deve ao fato de que muitos trabalhadores dos setores agrícola e logístico não terem os equipamentos necessários para não se infectarem. Além disso, o fechamento de fronteiras, o que significou que os países não poderiam comprar ou vender alimentos de outros países, também contribuiu para a escassez”, observa.

Por fim, outra razão para o aumento da cesta básica é a queda na demanda de alimentos. “Como muitas pessoas estão desempregadas, elas não têm dinheiro para comprar produtos alimentícios. Por outro lado, muitos comerciantes industriais também reduziram as compras de alimentos para economizar. Como resultado, alguns agricultores tiveram seus lucros reduzidos e foram forçados a elevar o preço dos seus produtos. Além disso, a inflação e a desvalorização da moeda (um problema comum em economias instáveis) também contribuíram para o aumento nos preços”, ressalta Zilli.

Perspectiva para 2023
Sobre o futuro do preço da cesta básica, as projeções não estão bem esclarecidas. O professor Julcemar Zilli salienta que, por um lado, a tendência a longo prazo para os preços dos alimentos tende a ser estável ou decrescente, no entanto, as preocupações com o aumento da agricultura de sequeiro, cujas técnicas são voltadas para situações de seca, e das alterações climáticas e suas consequências, as flutuações de taxas de câmbio e o aumento dos custos de produção e distribuição, podem tornar o preço da cesta básica volátil.

Ele pontua que para projetar com precisão o custo da cesta básica em 2023, é necessário considerar uma série de variáveis. “Previsões de níveis de inflação, preços dos alimentos, taxas de câmbio, custos de produção e distribuição e os efeitos das novas políticas nacionais e internacionais sobre este índice devem ser todas consideradas. Além disso, é importante acompanhar as ações da nova gestão pública para entender como os preços podem se comportar nos próximos meses”, finaliza o docente.