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Estudantes de Geografia percorrem 1700km pelo espaço geográfico do RS

07/11/2016

18:48

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

O curso de Geografia da Universidade de Passo Fundo (UPF) realizou, nos dias 28, 29 e 30 de outubro, mais um trabalho de campo. Em um percurso de aproximadamente 1700 km pelo Rio Grande do Sul, durante 3 dias, a prática subsidiada pela teoria teve início em Passo Fundo e chegou até o ponto extremo sul do Brasil, permitindo contemplar a paisagem sob o “olhar da Geografia”,   relacionando o conteúdo trabalhado nas disciplinas do curso: Geo-História do Rio Grande do Sul, Geologia, Geomorfologia, Hidrografia, Geografia da População, Geografia Urbana, Práticas de Ensino e Cartografia, entre outras. O objetivo foi estudar o espaço geográfico através da observação, descrição, análise, levantamento de hipóteses e comprovação dos fenômenos naturais, sociais e econômicos.

Primeiro dia: relevo e história

O percurso iniciou no dia 28/10, às 7h, com uma parada na rodovia entre São Sepé e Caçapava do Sul, na transição entre a Depressão e Escudo Cristalino, onde comentou-se sobre a importância econômica das áreas de mineração, além dos impactos ambientais causados por essa atividade. Em seguida, o grupo visitou a Mineração Mônego, em Caçapava do Sul, onde pode-se perceber a extração de calcário e mineração a céu aberto. A segunda parada foi na estrada entre Santana da Boa Vista e Canguçu, para observar os aspectos geográficos da paisagem do Escudo Cristalino, como formação geológica mais antiga e suas estruturas com afloramentos de granitoides, de importância econômica para a região por possuir reservas de minerais metálicos e não metálicos.

A parada seguinte foi próxima à ponte sobre o Arroio dos Kaster (Colônia Santa Eulália) para contemplar o afloramento de rocha, a hidrografia e os processos erosivos causados pelo clima, declividade e tipo de solo. Outro ponto foi na Vila Cascata (Pelotas), na transição entre o Escudo Cristalino e a Planície Litorânea, chamando atenção para a relação entre Pelotas e Rio Grande como “cidades pêndulos” ou “cidades dormitórios” (economia e sociedade).

Outro ponto de  parada foi a Barra dos Molhes em Rio Grande, onde foi observada a formação geológica e geomorfológica do litoral Sul do RS, destacando-se a importância econômica do Porto, através do transporte marítimo e o turismo. Em seguida, o grupo realizou um city tur no Centro Histórico de Rio Grande, na região do Porto, no centro histórico Porto Velho (Alfândega) e na Praça Sete de Setembro (Forte e presídio Jesus Maria José), onde iniciou a fundação de Rio Grande.

Segundo dia: Taim e Chuí

No segundo dia (29/10) alunos e professores partiram para a Estação Ecológica do Taim (Rio Grande/Santa Vitória do Palmar), onde realizaram a Trilha da Capilha, que conta a história do Taim, a partir da aldeia de pescadores, onde conheceram a primeira igreja do Brasil.  A Estação Ecológica do Taim é um ecossistema de banhado que abriga uma biodiversidade de flora e fauna de espécies endêmicas (Biogeografia), de importante valor biológico e patrimônio natural. Em seguida, foi tomado o sentido sul, em direção ao Chuí, com uma parada na rodovia de Santa Vitória do Palmar para observar o parque eólico e abordar a economia regional, o tipo de solo e a relação do município com o Taim. Ao chegarem na Barra do Chuí, no ponto extremo sul do RS e do Brasil, os participantes comentaram sobre a fronteira Uruguai/Brasil e a política fronteiriça e economia entre esses dois países (freeshop e impostos).

Terceiro dia: integração entre universidades

No terceiro dia (30/10) foi realizado um estudo no centro urbano de Pelotas, com explicações de um professor da Universidade Federal de Pelotas, que mostrou aspectos do centro histórico e comercial e da região portuária (campus universitário), levando a analisar a paisagem urbana sob os aspectos histórico, social, político e ambiental, em um momento de troca de experiência entre universidades. Outra parada ocorreu na Praia do Laranjal (praia de água doce - Laguna dos Patos), quando o assunto foi a exploração turística e o transporte marítimo.

O retorno começou em ponto marcado na ponte sobre o Rio Camaquã (BR471) na divisa de Canguçu e Encruzilhada do Sul, contato entre o Escudo Cristalino e a Planície Costeira. Foi possível observar e comentar depósitos coluviais e o assoreamento do rio, provocando formação de meandros, além da exploração da areia e aspectos de legislação ambiental. Seguindo viagem, em Rio Pardo, já na Depressão Central, se pôde visualizar áreas de sedimentos fluviais e as vastas plantações da Aracruz (multinacional de Celulose), que impressionaram pela monocultura (silvicultura) que descaracteriza as formações de vegetação original. Também foi possível contemplar a encosta do Planalto em uma visão peculiar pela sua imponente altura no horizonte.

Para a coordenadora do curso, professora Luciane Rodrigues de Bitencourt, o trabalho de campo ficará na memória de cada acadêmico e professor. “A atividade complementou e fortaleceu a compreensão das categorias de análise da geografia - espaço, paisagem, lugar, região e território, permitindo uma reflexão crítica da realidade, das percepções de cada um e de todos, transpondo as questões teóricas, transformando-as na prática da construção do seu próprio conhecimento a partir do olhar geográfico de cada um”, acredita Luciane.