Curso de costura criativa promove trabalho, renda e autonomia para mulheres
28/02/2023
17:12
Por: Assessoria de Imprensa
Fotos: Camila Guedes e Caroline Lima
Iniciativa promovida pela Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Estado do Rio Grande do Sul, em parceria com a Universidade de Passo Fundo e BSBIOS iniciou nesta segunda-feira, 27 de fevereiro
Aos 30 anos, Priscila Inácia está participando de um curso pela primeira vez. Indígena, mãe de três filhos, moradora da Vila Popular, ela faz parte de um grupo de 18 mulheres que aceitou o convite para aprender e qualificar seu conhecimento em costura, com o objetivo de desenvolver trabalho e renda em suas comunidades. Nos laboratórios do curso de Design de Moda da Universidade de Passo Fundo (UPF), ao longo de uma semana, essas mulheres vão aprender sobre produção de peças de vestuário, desenvolvimento de modelagens básicas, operação nas principais máquinas de costura, entre outros temas, em um curso de Costura Criativa, uma iniciativa que faz parte de uma parceria entre a Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Estado do Rio Grande do Sul (Unisol), UPF e BSBIOS.
O curso, que iniciou nessa segunda-feira, 27 de fevereiro, é uma das primeiras ações de um projeto que vem sendo pensado desde o ano passado pelas instituições parceiras. A pauta principal é o fomento à economia solidária, com ênfase nas temáticas economia circular, sustentabilidade, empreendedorismo de mulheres, geração de valor, trabalho e renda. Nesta primeira iniciativa, o foco é o empreendedorismo feminino e a geração de valor, trabalho e renda. Para isso, foram convidadas mulheres como Priscila, que integram grupos de lideranças de ocupações, grupos de artesanatos, Cufa, além de outros espaços de economia solidária. “Vim para aprender a costurar, fazer amizades e buscar outras oportunidades de qualificação. Tenho muita vontade de desenvolver o que eu aprendi e passar para outras pessoas”, conta a participante.
O objetivo do curso de Costura Criativa é oferecer uma formação, aprimorando os conhecimentos em costura que essas mulheres já têm, permitindo que, a partir dessa qualificação, elas possam desenvolver grupos em suas comunidades e possam assim promover a geração de trabalho e renda, tudo com foco na moda sustentável. “Vamos trabalhar com reaproveitamento de materiais, com ideias de como dar mais tempo de vida útil para os produtos, customização, vamos fazer o design de alguns produtos novos, e depois do curso elas vão levar os moldes, a ficha técnica, sequência operacional para esse grupo de mulheres desenvolva um trabalho autônomo”, explica a coordenadora do curso de Design de Moda da UPF Dulci Antunes.
Coordenadora da iniciativa na UPF, a professora Clóvia Mistura explica que a produção criativa é um dos três eixos desse processo multidisciplinar desenvolvido por várias instituições. Além da iniciativa como o do curso de Costura Criativa, o projeto também prevê ações no eixo de hortas comunitárias e alimentação saudável e, um terceiro eixo voltado à reutilização de resíduos, como o óleo de cozinha. Todas as iniciativas serão desenvolvidas junto à comunidade, levando conhecimento e atendendo às demandas das comunidades e seus territórios. “A Universidade, com seu DNA comunitário, assim como as instituições parceiras não podem deixar de ir atrás do que a comunidade demanda. A partir desses projetos, que também contam com o envolvimento do poder público, podemos desenvolver pesquisa, extensão, ensino, além de debater a transversalidade da questão socioambiental que é algo que nós temos trabalhado muito na Universidade e também fora dos muros da Instituição”, pontuou.
Para a gerente de sustentabilidade da BSBIOS, Ana Cristina Curia a iniciativa está contemplando todos os aspectos de ESG. “Estamos estimulando o social, ambiental e governança - ESG, a medida que promovemos o empoderamento das mulheres na sociedade, qualificamos e potencializamos o empreendedorismo valorizando o meio ambiente, trabalhando com a circularidade dos materiais, alinhados com a economia solidária e impulsionando a autonomia para a geração de trabalho e renda. Além de fortalecer a governança pela gestão responsável de negócios diversos e inclusivos,” frisou Ana.
A iniciativa também tem como parceiros a Cáritas Diocesana, Fórum Regional de Economia Solidária, Agenda 21, Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM)
Uma construção solidária e coletiva
Além da aula, o primeiro dia de curso também teve uma breve abertura, para marcar o início das ações do projeto. Para a reitora da UPF, a professora Dra. Bernadete Maria Dalmolin é uma honra e alegria para a UPF promover uma iniciativa como essa, que traduz uma conjugação de esforços. “Somos uma Universidade que sempre se preocupou com o desenvolvimento das pessoas, das regiões e, junto aos nossos parceiros, viemos há anos buscando fortalecer a questão da sustentabilidade, da economia solidária, da igualdade. Nosso objetivo é esse, procuramos fazer com que todas as áreas dialoguem com essas temáticas para que possamos nos cuidar como seres humanos, como pessoas iguais, que têm potencial, que têm condições de fazer o melhor que pudermos, de forma solidária e coletiva”, disse.
O vice-presidente de operações da BSBIOS Leandro Zat pontuou o curso como uma oportunidade ímpar de empoderar e desenvolver capacidades, além de promover a formação dessas mulheres e profissionais. “É um apoio muito importante para nós evoluirmos em termos de qualidade, em termos um material com um maior apelo do que ele já tem, e, com toda certeza de que vocês, a partir das mãos de cada uma, poderão fazer um trabalho muito qualificado que pode transcender todos nós e isso nos toca e nos contagia. Parabéns a todas vocês por terem aceito esse desafio. A BSBIOS sempre apoia atividades como essa, no aspecto de contribuir, de melhorar a vida das pessoas e a sociedade como um todo”, acrescentou.
Representante do Fórum Regional de Economia Solidária, Ademar Marques ressaltou o curso como uma oportunidade para mulheres qualificarem seu trabalho, ajudando nos processos que já desenvolvem, e melhorando o que já fazem há um tempo. “Esse é o papel da Unisol, do Fórum da Economia Solidária e da Agenda 21: essa preocupação com a questão da sustentabilidade e falar em costura criativa é pensar na customização, na reciclagem de produtos que para muitas pessoas são lixo e vão ser descartados de forma errada. Nós sabemos que isso é renda, é qualidade e é arte. Nós falamos na economia solidária de arte sustentável e toda a arte dentro da economia solidária tem que ser produto de qualidade e compatível para o mercado”, frisou.
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