Universidade

O papel da ciência e da extensão no protagonismo acadêmico

27/09/2022

16:57

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

Mesa redonda marcou o início da programação da IX Semana do Conhecimento

“Uma semana que pensamos com muito carinho para intensificar tudo que acontece dentro da Universidade”. Assim, foi definida pela reitora professora Dra. Bernadete Maria Dalmolin a IX Semana do Conhecimento da Universidade de Passo Fundo (UPF), evento que visa aproximar as práticas de ensino, pesquisa, pós-graduação e extensão desenvolvidos na UPF e por outras instituições de ensino superior. A abertura oficial do evento foi realizada na noite dessa segunda-feira, 26 de setembro, de forma on-line, com uma mesa redonda sobre o tema Educação Científica e o protagonismo acadêmico no ensino superior. 

Em sua fala, a reitora destacou a Semana do Conhecimento como um momento muito rico na vida da Universidade e que promove uma série de encontros e possibilidades para que todos tenham a oportunidade de conhecer melhor a riqueza que existe nas diferentes áreas do conhecimento. “Que vocês possam trocar com muitos outros colegas, ver, ouvir e debater sobre estudos diferentes, tentar buscar e fazer conexões com diferentes áreas, refletindo os grandes dilemas que compõem hoje a nossa sociedade”, pontuou. 

Acesse aqui a programação completa da IX Semana do Conhecimento

A pesquisa científica na construção de um mundo melhor

A ciência e a extensão foram os temas centrais da mesa redonda. Mediado pelo pró-reitor acadêmico, professor Dr. Edison Alencar Casagranda, o encontro partiu da questão de como a educação científica - que passa pela pesquisa, pela extensão - pode contribuir para que se exerça o protagonismo no ensino superior. “Não há uma educação dialógica sem essa fusão de olhares, sem uma fusão de horizontes e aqui está a ideia do protagonismo. O protagonismo supõe a identidade como um espaço universitário. Ser sujeito sem essa identidade é um desafio. Oportunizar, no sentido de que possa de fato proporcionar essa identidade como espaço universitário”, iniciou o pró-reitor. 

Doutor em Ensino de Física e docente do Instituto de Física e do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física da UFRGS, Nathan Willig Lima destacou a pesquisa científica como caminho de transformação. De acordo com o pesquisador, o protagonismo acadêmico pode ser pensado tanto numa esfera individual quanto coletiva. “Numa esfera individual, ou seja, como a pesquisa pode me qualificar enquanto profissional, seja qual for a área do conhecimento que eu deseje seguir, ou também como isso pode potencializar o meu impacto no mundo, de forma coletiva”, completou. 

Ainda segundo o pesquisador, a ciência é uma prática que se baseia na empiria, que se baseia na liberdade intelectual, no ceticismo, na confiança e em práticas institucionalizadas. “Com isso, se eu quero e me preocupo em ser um sujeito que age no mundo de forma ética e que tenta construir um coletivo, democrático e que dialogue e resolva desafios, a prática científica é fundamental”, pontuou Willig. “Qual a chance de resolver problemas complexos se não for por quem adota esses caminhos em suas práticas. Se a gente quer contribuir para a construção de um mundo melhor, a pesquisa científica tem um potencial gigantesco de nos ajudar a encontrar soluções”, acrescentou. 

“A essência da extensão é o estudante”

A Me. Letícia Ribas D. Bohn, coordenadora da Câmara Sul de Extensão e docente da Univille também foi uma das convidadas da noite. Letícia compartilhou sua experiência com extensão e falou sobre a importância dela para uma educação transformadora. Para isso, a pesquisadora contextualizou os três marcos da extensão universitária e falou sobre o conceito. Na opinião de Letícia, até têm pessoas que não se sentem parte da universidade, porque não criaram identidades com esse espaço. Mas a extensão vem, nessa perspectiva, tentar fazer essa aproximação por meio de uma educação dialógica. “Ela faz isso considerando a produção do conhecimento que é da nossa sociedade, que é produzida no seio da nossa sociedade, fazendo esse estreitamento de laços com a educação dialógica e o protagonismo estudantil”, frisou. 

A professora acredita que essa conscientização não se dá através da solução e da resolução de problemas. A extensão não pode ser caracterizada por ir à comunidade e resolver um problema, é muito mais do que isso. “A extensão deve, como muito bem disse Paulo Freire, problematizar e não atender comunidades como mera prestadora de serviços. O extensionista tem papel fundamental como agente de mudanças, ele precisa recusar a ação de domesticar o homem, pois seu papel principal é o de mediador da comunicação”, disse. 

Dessa forma, enquanto o professor atua como mediador, o estudante é, acima de tudo, o protagonista. “A prática da extensão não tem como ser desenvolvida sem três atores principais: a comunidade, o professor e o estudante. Essa é a premissa da relação de simbiose entre a extensão e o seu território e a essência da extensão é o estudante”, conclui. 

E por ser o estudante o principal agente dessa atuação, a terceira convidada da mesa redonda foi a acadêmica do curso de Jornalismo Andressa Santos Wentz. Extensionista desde 2018, a estudante ingressou ainda no início da graduação sua trajetória na extensão por entender que precisava aproveitar todos os espaços dentro da universidade. “Penso que espaços como a extensão contribuem muito para a nossa formação e eu sei que a minha formação foi diferente por causa disso, justamente por estar no território desde o início e ter contato com as pessoas”, lembrou.

Como futura jornalista, Andressa acredita que estar dentro da comunidade a fez pensar na profissional que quer ser e nas diferentes maneiras de enxergar o mundo. “Quando se está na comunicação, que é um espaço de poder e que fala o mundo, acabamos por reproduzir padrões que são já socialmente estabelecidos, que falam da elite, e não é isso que eu quero, não é dessa maneira que eu enxergo o mundo”, ressaltou.

Andressa lembrou ainda a importância de se desvincular da ideia de que a ciência só pode ser produzida dentro da universidade. “A produção do conhecimento também está dentro da comunidade e quando você chega lá no território e conhece as pessoas, você enxerga isso, é uma relação que é diferente, você conhece outras realidades e tem outra experiência. E se você puder estar dentro desses espaços, você se constrói como profissional, como pessoa”, finalizou. 

Assista à mesa redonda completa