Dissertações defendidas

2018

296 – Título: “Uma Leitura do Contexto Global Contemporâneo através dos Romances de Neil Gaiman”

Autor: Carolina Correa de Souza Siliprandi
Orientador: Profa. Dra. Gizele Zanotto
Banca:     Marlise Regina Meyrer (PUCRS), Gerson Luís Trombetta (UPF)
Defesa: 12/04/2018
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo analisar o contexto global contemporâneo e as implicações dos processos da globalização através dos romances Deuses Americanos, Lugar Nenhum, Coraline, Oceano no Fim do Caminho e Os Filhos de Anansi de Neil Gaiman, perpassando as questões de fronteiras, identidades culturais, simbologias e memória, por meio de um olhar crítico das obras e do autor em questão. O conceito de fronteira torna-se fundamental no presente trabalho, visto que o mundo globalizado é entendido como um sistema interativo. Desta maneira entende-se que a fronteira, além de marcos físicos, são marcos simbólicos, como afirmado pela autora Sandra Jatahy Pesavento. As fronteiras podem ser territoriais, mas também sociais, o que nos leva a questão das identidades. A partir das orientações teóricas de Stuart Hall, esta dissertação se pauta no entendimento de que no mundo moderno o sujeito está em permanente construção e desconstrução, e que a constituição de sua identidade se dá em diferentes momentos, possibilitando a esse sujeito diferentes identidades em diferentes circunstancias. Essa constituição identitária faz parte de uma cadeia de conceitos, que abrange a memória, sendo entendida no presente trabalho, através da conceituação de Jacques Le Goff, como um abrangente de cargos psíquicos capazes de conservar informações passadas com a habilidade de serem atualizadas. Já a simbologia é entendida no trabalho através da ótica dos autores Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, que a definem como o estudo da relação e interpretação relacionadas a um símbolo, símbolos estes que estão o centro da vida imaginativa. As analises feitas ao longo da dissertação apresentam um paralelo entre trechos das obras de Neil Gaiman com definições teóricas e apresentações de hipóteses, bem como relações entre contextos de produção das obras e possíveis questões vividas pelo autor que são apresentadas ao leitor através da narrativa em possíveis momentos de catarse. Observa-se que antes de tudo, o autor é também sujeito social que pode colocar em suas narrativas sonhos, esperanças, angústias e medos através de personagens e histórias como meio de exploração e auto análise. O presente trabalho tem em vista apresentar ao leitor questões atuais que servem para discussões de temas sociais por meios de uma análise bibliográfica de romances e estudos teóricos.

297 – Título: “Igreja católica, ASSESOAR e regime militar no Brasil: resistência e luta pela terra no sudoeste do Paraná (1962-1978)”

Autor: Alexandro Abatti
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca:     Isabel Rosa Gritti (UFFS), Marcos Gerhardt (UPF)
Defesa: 12/04/2018
Resumo: A construção histórica da região Sudoeste do Estado do Paraná é permeada pela resistência, luta pela terra, mobilizações e pelas diversas organizações populares surgidas ao longo de sua história. Trata-se de uma região que tem o meio rural como sua base econômica, sobretudo, com expressivo número de pequenas propriedades familiares rurais. A proposta deste estudo busca compreender uma organização fundada nos anos 1960 e que tem enorme influência na organização e desenvolvimento de movimentos sociais surgidos nesta região, a ASSESOAR de Francisco Beltrão. Esta organização, fundada pelos Missionários do Sagrado Coração – MSC, jovens Agricultores e profissionais liberais, promoveu debates e consolidou o processo de renovação pastoral proposto pelo Concílio Vaticano II (1962-1965). Além destes, é uma organização que se consolida pela forte atuação na sua área de abrangência e que desperta nas décadas de 1970 e 1980 os olhares do Estado que estava sob o comando do regime militar. Isto é, nossa proposta se manifesta sob a perspectiva de interpretar como foi possível uma organização popular, nos rincões da nação, resistir às intensas manifestações de repressão por parte dos órgãos de repressão do Estado de exceção. Mesmo sob este clima de tensão, é possível analisar como a organização teve a habilidade de se reinventar a todo momento para conseguir realizar seu trabalho até o momento em que a instituição e a Igreja Católica resolvem dar uma nova roupagem a ASSESOAR. Foi necessário para isso, buscar mecanismos que evidenciassem a participação dos Missionários Belgas, a Igreja Católica e a Assesoar. Mecanismos estes que, hora detalhados no trabalho, possibilitam uma abordagem de ações coletivas, entendendo as condições regionais, o imaginário, a identidade do agricultor familiar e, sobretudo, da instituição. A pesquisa é voltada para uma história regional pouco conhecida, mas que incorpora a tentativa de evidenciar o quanto a história do Sudoeste do Paraná é importante pelas suas peculiaridades no processo de reocupação e colonização.

298 – Título: “Cartas à Borges: Bagé, Jaguarão e Santana do Livramento (1898-1908)”

Autor: Jéssica Adriana Pacheco Groders
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca:     Ronaldo Bernardino Colvero (Unipampa), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 26/04/2018
Resumo: Os quase quarenta anos de governo do Partido Republicano Riograndense (PRR) no Rio Grande do Sul são marcados pela forte presença dos líderes Júlio Prates de Castilhos e Antonio Augusto Borges de Medeiros. Para compreender o republicanismo imposto por esse partido, que no Rio Grande do Sul foi baseado na releitura da doutrina positivista de August Comte, feita por Castilhos, é necessário ter clareza das bases que foram utilizadas para que o PRR se consolidasse na chefatura da presidência do estado. Também não há como falar em consolidação republicana do PRR sem abordar o fato que representou a maior contestação para esse domínio: a Revolução Federalista (1893-1895). Mesmo com a derrota do Partido Federalista tal revolução representou clara oposição ao governo de Castilhos, principalmente na região da Campanha (entendida como reduto federalista). Após o fim dessa guerra e a prematura morte de Júlio de Castilhos, o mesmo passou a ser visto como o articulador do republicanismo no estado e Borges de Medeiros seu consolidador. E é sobre a consolidação partidária com Borges de Medeiros que versa esta dissertação de Mestrado, desenvolvida na Linha de Pesquisa de História Política, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo. Pois a forma encontrada por ele para fortalecer o republicanismo perpassa a aliança estabelecida com coronéis locais, e é exatamente nesse contexto que esta dissertação busca entender como se dava a relação política do então presidente do Estado, Antonio Augusto Borges de Medeiros, com os coronéis sediados na fronteira (reduto federalista), os coronéis da Campanha. Para tentar descobrir a resposta para tal questão, são investigadas, como fontes principais, as cartas enviadas dos municípios fronteiriços de Bagé, Jaguarão e Santana do Livramento ao presidente do estado durante seus dois primeiros mandatos (1898-1908). Correspondência que além de questões políticas expressa as relações de reciprocidade e dependência estabelecidas pelos moradores da Campanha com o governo estadual no período de fim do século XIX e início do século XX.

299 – Título: “Cañones y acorazados: la Campaña de Humaitá, en la Guerra de la Triple Alianza (1866-1868)”

Autor: Eduardo Hirohito Nakayama Rojas
Orientador: Prof. Dr. Mário José Maestri Filho
Banca:     Paulo Marcos Esselin (UFMS), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 27/04/2018
Resumo: A maioria das obras escritas sobre a Guerra da Tríplice Aliança buscam abarcá-la em sua totalidade, incluindo suas causas, desenvolvimento e fim, incluindo o pós-guerra e, dessa forma, se perdem detalhes importantes para entender o conflito e sua longa duração. Na cronologia deste enfrentamento armado (1864-1870), a Campanha de Humaitá (1866-1868), constitui o miolo central e cru da guerra, razão pela qual é preciso vê-lo sob outras perspectivas, como as operações fluviais em torno da fortaleza, a resistência paraguaia, os diversos planos aliados para forçar sua passagem e continuar avançando até Assunção, o papel da frota imperial, a artilharia e os avanços científicos em matéria de armamento, o potencial bélico, o alto comando dos contendores, etc. Por sua vez, a Campanha de Humaitá pode dividir-se em três partes: uma primeira corresponde à invasão Aliada, com as grandes batalhas terrestres que compreende principalmente o ano de 1866 até a vitória paraguaia em Curupayty; uma segunda etapa caracterizada por um relativo estancamento das operações, troca de mando e reorganização das forças Aliadas (até meados de 1867); e finalmente o reinício do cerco à Fortaleza de Humaitá, forçando a passagem da esquadra imperial (fevereiro de 1868) até o abandono da praça por parte das forças paraguaias (julho de 1868). Quando o Quadrilátero é deixado de lado como núcleo de base de operações das forças paraguaias, a guerra toma um formato determinante e irreversível, selando a sorte do conflito que, a partir dali também significará a abertura de um segundo enfrentamento para o mariscal Lopez, que, além de combater contra o exército da Aliança, o faz também no interior de seu governo e até em sua própria família, o que implicará que, paralelamente as muitas baixas ocorridas com os combates em Pikysyry e as Cordilheiras, outra grande quantidade de mortes corresponde a culpados ou inocentes, condenados e executados desde São Fernando até Cerro Corá.

300 – Título: “Militares legalistas na revolução de 1930: política e poder”

Autor: Ariella da Silva de Albuquerque
Orientador: Profa. Dra. Janaína Rigo Santin
Banca:     Luiz Gonzaga Adolfo (UNISC), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 03/05/2018
Resumo: O objetivo deste trabalho é tratar da relação entre formação militar e atuação política nos discursos de dois oficiais militares que escreveram sobre a Revolução de 1930: o General Gil de Almeida, comandante da 3ª Região Militar, em Porto Alegre; e o coronel Leitão de Carvalho do 8º Regimento de Infantaria, localizado em Passo Fundo. Compreende-se que os discursos têm como finalidade justificar o posicionamento militar frente às guarnições em que eles se colocam no Rio Grande do Sul. Partindo desse pressuposto, é possível inferir por meio dos discursos que a formação do pensamento militar foi influenciada pela formação recebida nas Escolas Militares. Desde meados do século XIX o exército brasileiro buscava a profissionalização dos corpos militares. A preocupação com a consolidação e potencializarão das forças armadas esteve no centro dos discursos militares e ao lado dela há uma intensa preocupação com o papel da formação dos oficiais do exército. Com a Primeira Grande Guerra o cenário internacional intensificou a preocupação dos estados com questões sobre a de defesa nacional, e neste intento as questões militares foram avidamente retomadas. A busca até então empreendida por um exército mais preparado tem um claro retorno com as intervenções armadas que ocorriam pelo mundo.  Para os militares, Gil e Leitão, o envolvimento político partidário deveria ser afastado da esfera militar, ou seja, eles mantêm um caráter legalista. Esses militares definem características próprias, muitas vezes marcadas por suas trajetórias, princípios e ideias de sua época e pelo contexto ao qual pertencem. Assim, podemos compreender que existe uma linguagem política comum, que foi utilizada para dar definição e justificar a própria função do Exército no momento de conflito. Para construir esse quadro explicativo, são utilizados os discursos, as fontes da imprensa e análise dos currículos das Escolas Militares. A intensa influência científica no currículo militar mostra que o pensamento militar é em grande parte definido pelos espaços de formação que os militares cursavam.

301 – Título: “Os escolhidos: o recrutamento no Rio Grande do Sul para a segunda guerra (1939-1945)”

Autor: Julia de Oliveira Bender 
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld 
Banca:     Diego Orgel de Almeida (UNISC), Alessandro Batistella (UPF)  
Defesa: 08/06/2018

302 – Título: “Treze De Maio: entre regras e padrões a busca por visibilidade, reconhecimento e parcerias (1949-1982)”

Autor: Fernanda Pomorski dos Santos
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Golin
Banca:     Ronaldo Bernardino Colvero (Unipampa), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 05/07/2018
Resumo: A sociedade erechinense, desde muito cedo, organizou-se em associações de acordo com suas etnias formando, desta maneira, clubes italianos, alemães, poloneses entre outros. Assim como os demais grupos, a população negra e “não imigrante” constituiu um espaço para confraternizar com "os seus", um espaço para lazer e cultura, esportes e festas. Esta dissertação tem como objetivo a análise de parte da população negra da cidade de Erechim através das ações desenvolvidas pelos sócios do Esporte Clube Treze de Maio, fundado em 16 de dezembro de 1949. O recorte temporal, estabelecido entre 1949 e 1982, se inicia no ano da constituição da associação, atravessa o período considerado de "glória" e chega aos últimos dias do clube. O foco desta reflexão centrou-se na forma de organização desta associação, nas estratégias utilizadas na busca por visibilidade e no desenvolvimento de novas redes de relacionamento. Para tanto, vale-se da análise dos poucos documentos remanescentes da associação, entre eles: algumas páginas de atas, fotografias, estatuto completo do Clube, parcos registros das atas da ala feminina e matérias publicadas no jornal local A Voz da Serra. Através das fontes analisadas, apresentamos a rede associativa formada na cidade a partir de cada etnia e os motivos que levaram à constituição de um Clube dos negros. Ao traçar os primeiros passos do Esporte Clube Treze de Maio e entendermos sua formação dentro da sociedade, investigamos o processo de invisibilidade social sofrido por esta parcela da população e os mecanismos utilizados para contornar esta situação. Procuramos compreender o papel desempenhado pelas mulheres negras, assim como, a importância do futebol, do carnaval e dos bailes de gala. Desta forma, verificamos como a associação se constituiu em um importante espaço de sociabilidade para os negros e “pessoas de cor” colaborando na quebra de estereótipos e na criação de uma imagem
positivada do Clube e seus associados.

303 – Título: “Talvez nunca mais eu veja minha terra natal”: a trajetória de imigrantes alemães na colonização de Porto Novo/SC (1932-1942)”

Autor: Maikel Gustavo Schneider
Orientador: Prof. Dra. Rosane Marcia Neumann
Banca: Dr. Frederik Schulze (Westfälische Wilhelms Universität Münster/ Alemanha), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 31/08/2018
Resumo: O propósito deste estudo é investigar, na perspectiva da micro-história, a trajetória de um grupo de imigrantes alemães que emigraram da Alemanha para o Brasil, entre 1932 e 1940, instalando-se na colônia Porto Novo – atualmente municípios de Itapiranga, São João do Oeste e Tunápolis – situada no Extremo Oeste de Santa Catarina. O projeto de colonização Porto Novo foi planejado, organizado e promovido pela Volksverein für die Deutschen Katholiken in Rio Grande do Sul - Sociedade União Popular para Alemães Católicos no Rio Grande do Sul, entidade fundada pelos padres Jesuítas, e implantado em 1926 às margens do Rio Uruguai. Tratava-se de uma colônia direcionada para alemães católicos que recebeu, nos primeiros anos, significativo número de migrantes originários das colônias do Rio Grande do Sul. A partir de 1932, motivado pela propaganda realizada na Alemanha, especialmente uma brochura escrita sobre Porto Novo que circulava em diferentes regiões, e diante do contexto pós-I Guerra Mundial, um grupo de alemães, com perfil predominantemente urbano, emigrou e estabeleceu-se na colônia, sendo alocados na Linha Presidente Becker. Assim, é nosso objetivo investigar e compreender essas trajetórias migratórias, os desafios enfrentados pelos e/imigrantes, bem como os motivos de seu deslocamento, além de eventuais processos de retorno à terra natal, analisando o contexto de partida e chegada. Logo, o estudo busca traçar a trajetória dessas famílias, no jogo de escalas, no contexto da mobilidade humana transoceânica e sua inserção no local de chegada, com a adaptação de seu modo de vida à colônia – a partida, a chegada e a permanência. A pertinência do estudo encontra-se no fato da historiografia sobre o estado de Santa Catarina abordar de forma marginal a imigração alemã do início do século XX, fazendo pouca distinção entre colonos frutos da migração interna e de imigrantes. Portanto, o estudo permite afirmar que esses imigrantes, a maioria trabalhadores urbanos, possuíam boas condições financeiras, sendo a emigração espontânea uma opção, o capital trazido lhes garantiu a aquisição de um lote colonial e a instalação inicial naquele novo espaço. Sinaliza, assim para um fluxo migratório espontâneo, heterogêneo e por motivações as mais diversas, possíveis de verificar a partir do estudo de trajetórias.

304 – Título: “Uma história ambiental do Rio Passo Fundo: 1934 - 2007”

Autor: Caroline Lisboa dos Santos De Lima
Orientador: Prof. Dr. Marcos Gerhardt
Banca:     Gilmar Arruda (UEL) Ironita A. Policarpo Machado (UPF)  
Defesa: 29/10/2018