Dissertações defendidas

2015

244 – Título: “Nem perigoso, nem doente, nem fraco. apenas gente! As políticas públicas de atenção à drogadição de adolescentes no município de Santa Rosa (1990 a 2012)”

Autor: Marli Rozek
Orientador: Profa. Dra. Janaína Rigo Santin
Banca: Josiane Rose Petry Veronese (UFSC), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 01/04/2015
Resumo: Considerando a relevância do Poder Local no Estado Democrático de Direito, dada a sua proximidade com o cidadão, vamos analisar, nessa dissertação, elaborada pelo viés da História Regional, as políticas públicas voltadas à assistência do fenômeno da drogadição na adolescência, no município de Santa Rosa. Objetivamos entender em que medida o processo de descentralização possibilita na maior participação dos cidadãos e determina a estruturação de serviços mais próximos do convívio social de seus usuários; redes assistenciais mais atentas às desigualdades existentes, ajustando de forma equânime e democrática as suas ações às necessidades da população, especialmente de adolescentes que fazem uso de drogas, atendendo ao que preceitua a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e Adolescente. A perspectiva de trabalho adotada embasa-se nas técnicas de entrevistas não estruturadas e análise de documentos do corte temporal de 2008 a 2012, observando a vigência da Constituição Brasileira, do Estatuto da Criança e do Adolescente e do Conselho Tutelar, na cidade de Santa Rosa. Já o recorte geográfico leva em conta que o município em tela localiza-se próximo à fronteira com Argentina e Uruguai, centro e referência para o conjunto de municípios vizinhos. O trabalho apresenta a evolução das relações entre drogas e seres humanos tendo presente a ideia da construção da adolescência como fase da existência humana, com implicâncias sociais e econômicas. Na tecedura que almejamos construir, partimos das representações e da imaginação social existente sobre o uso de drogas na contemporaneidade. Neste exercício vamos elencar quais as forças que contribuíram para transformar esse acontecimento em problema social e, como tal, mereceu e continua sendo alvo da atenção dos gestores públicos e legisladores que adotam, defendem e disseminam o modelo político proibicionista que vai sendo consolidado durante o século XX. Na legislação sobre drogas, que passa a ser elaborada e promulgada no País, abordamos o contexto histórico e político brasileiro, com os reflexos da política internacional e das costuras políticas de então, que segue orientação orquestrada pelos Estados Unidos e, dessa forma, temos o surgimento do ataque irrestrito às drogas entendido como mal a ser combatido. Os usuários passam a ser apontados como doentes ou marginais e, para os mesmos, são dispensados tratamento segundo o modelo médico penal: aos de maiores posses há o encaminhamento para tratamento médico. Já, pobres, negros e população de rua lotam os presídios em todo o país. Ao exame do Poder Local trazemos as instituições públicas com atribuições de desenvolver as políticas assim como a crítica à inexistência da defendida rede de atendimento às pessoas adolescentes que fazem uso problemático de drogas. Avaliamos como a legislação específica sobre drogas e o Estatuto da Criança e Adolescentes tratam o assunto da drogadição e como são aplicados em Santa Rosa observada a sintonia e a articulação entre as políticas desenvolvidas no Brasil e no Estado do Rio Grande do Sul. No estudo, consideramos, ainda, as consequências sociais do modelo médico-penal de tratamento desenvolvidas.

245 – Título: “A Caxias moderna representada pelos fotógrafos Mancuso (1907-1961)”

Autor: André Betinardi
Orientador: Profa. Dra. Rosane Márcia Neumann
Banca:  Solange Ferraz de Lima (UNESP), Marlise Regina Meyrer (UPF)
Defesa: 01/04/2015
Resumo: O presente trabalho discute as representações de modernização construídas pelos fotógrafos de ascendência italiana Domingos e Reno Mancuso, tendo como suporte a fotografia. O cenário é a colônia/cidade de Caxias do Sul, na primeira metade do século XX. Trata-se de um conjunto de 190 fotografias que têm como temática central as mudanças e permanências verificadas no centro urbano de Caxias, registrando a sua passagem de sede colonial para urbe moderna. Justifica-se a escolha do tema dado o seu ineditismo e a disponibilidade desse acervo fotográfico. O recorte temporal contempla o período de funcionamento dos ateliês fotográficos mantidos pelos profissionais, quais sejam o Atelier Mancuso e A Casa do Amador, pois Domingos atuou entre 1907 e 1937, e seu filho Reno, de 1937 a 1961. Em relação aos fotógrafos, são considerados aspectos sobre a história de vida de ambos, assim como as características que envolvem os seus processos de trabalho na produção fotográfica. Em termos teórico-metodológicos, trabalha-se a temática a partir das fotografias, seu uso enquanto documento, as questões de modernidade e modernização implicadas, a tensão entre esse espaço colonial, marcado pela italianidade e o seu caráter tradicional, e as inovações, que remodelam o espaço urbano e dão o tom modernizante. Além disso, investiga-se como essa tensão é representada ou ocultada nas fotografias. Procura-se relacionar os pressupostos teóricos referentes à modernização com aqueles ligados à interpretação e à análise de imagens, considerando a relação entre fotografia, memória e História. Do conjunto das fotografias, que encontram-se sob a guarda do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, foram selecionadas e analisadas 75, distribuídas em duas séries, classificadas conforme seu produtor, e analisadas em três eixos temáticos, sendo estes: italianidade – elementos culturais e práticas cotidianas; mudanças no espaço urbano; política e economia. Portanto, a pesquisa permite concluir que os fotógrafos Mancuso constroem narrativas, em imagens fotográficas, sobre a modernização de Caxias do Sul ao longo de mais de cinquenta anos e deixam para a posteridade as suas representações desse processo.

246 – Título: “Chics, elegantes e distintas: a moda na Seção Jornal das Famílias da Revista da Semana (1915-1918)”

Autor: Sediana Rizzo
Orientador: Profa. Dra. Marlise Regina Meyrer
Banca: Daniel Luciano Gevehr (FACCAT), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 20/04/2015
Resumo: O trabalho pretende, a partir da análise da seção Jornal das Famílias, veiculada pela Revista da Semana no período de 1915 a 1918, investigar de que modo a distinção social ligada ao gênero feminino é construída e difundida no periódico. O recorte temporal delimitado para esta investigação parte de uma modificação na própria Revista da Semana, que, até o ano de 1914, se autodefinia como sendo de variedades e, em 1915, passou a se identificar como uma revista feminina. O recorte final define-se pelo término da Primeira Guerra Mundial, evento que marcou e influenciou as transformações na moda. No Brasil, o período é marcado pelo advento da Primeira República e pelas reformas urbanas, no contexto da emergência da modernidade, sob inspiração europeia. A análise proposta parte do entendimento de que a moda possui uma função comunicadora, atuando como sistema de signos que informam acerca dos papéis e/ou das identidades assumidas pelos sujeitos no seu estar no mundo. Utilizou-se como principal fonte e objeto de estudo a seção Jornal das Famílias da Revista da Semana. A revista era, na época, uma das mais importantes publicações do gênero, sendo a pioneira na utilização da fotografia para ilustrar suas reportagens e, ainda, o primeiro grande projeto de uma revista em moldes empresariais no Brasil. Para entender de que forma as imagens e os textos, relacionadas à moda no periódico, constroem e reproduzem marcadores de classe e de gênero, orientou-se por Bourdieu (1989), que entende a moda como elemento simbólico de distinção social. Partiu-se do pressuposto de que a moda não inclui apenas o vestuário, mas, igualmente, todos os objetos que se relacionam à composição da aparência, bem como as condutas, os gestos, os valores e os comportamentos, componentes que serão analisados enquanto signos de distinção social e de gênero.

247 – Título: “Usina Hidrelétrica Itá: As mudanças socioeconômicas e a ação da esfera pública e privada na região atingida em Santa Catarina – 1990 a 2012”

Autor: Maico Rodrigo Cesco
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Jairo Marchesan (UnC), Marcos Gerhardt (UPF)
Defesa: 24/04/2015
Resumo: A pesquisa demonstra o panorama da idealização, projeção, construção e pós-construção da Usina Hidrelétrica Itá para com a população ribeirinha e remanescente atingida na região sudoeste do município de Concórdia (SC), entre os anos de 2000-2012. O empreendimento considerado paradigmático quanto às lutas sociais na história de hidrelétricas no rio Uruguai, no período pós-construção, provocou diversas modificações nas áreas atingidas, e neste estudo de caso, problematizou-se as noções de perdas simbólicas e as desestruturações das comunidades rurais lindeiras ao lago formado. Identificou-se os personagens históricos que compuseram a região atingida, em sua maioria, por migrantes rio-grandenses que miscigenaram-se com as populações nativas locais, a partir da década de 80, passaram a ser reconhecidos como atingidos por barragem. Este grupo mobilizou-se e organizou-se em reação as forças centrais de poder, os primeiros defenderam os interesses comuns dos moradores atingidos pela UHE-Itá. Além da caracterização étnica regional do atingido por barragem, buscou-se evidenciar os produtos que historicamente construíram as bases econômicas das comunidades estudadas. Realizaram-se breves demonstrativos das dimensões de centro e periferias e a estrutura econômica atual dos municípios que foram atingidos pela área alagada da UHE-Itá. Com diálogos bibliográficos, fontes documentais e pesquisa oral, defrontamos as perspectivas contrárias entre o centro de poder e as periferias, assim, foram evidenciadas relações conflituosas entre os projetos antagônicos: de um lado, as dimensões do movimento dos atingidos por barragens e a formação da própria identidade do atingido por usinas hidrelétricas; de outro, investigamos o discurso ufanista defendido pelo centro de poder sobre a inevitabilidade e progresso trazido pela usina hidrelétrica Itá. Por último, analisou-se como os moradores ribeirinhos atualmente são reconhecidos, tanto por indenizados quanto por remanescentes, como “os verdadeiros atingidos” pela UHE-Itá. Aprofundaram-se os conceitos que contribuem para a formação da identidade o atingido permanente por uma usina hidrelétrica em áreas rurais, e como, o período pós-construção pode não materializar o progresso prometido pelas forças centrais no período de planejar e construir a UHE-Itá nas comunidades ribeirinhas.

248 – Título: “As representações do Irã através da Revista Veja (1979-1989)”

Autor: David Anderson Zanoni
Orientador: Prof. Dr. Adriano Comissoli
Banca: Carla Luciana Souza da Silva (UNIOESTE), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 28/04/2015
Resumo: Este trabalho tem o objetivo de analisar a construção da imagem acerca do Irã e suas representações através da imprensa brasileira. Para tanto, escolhemos como objeto de pesquisa a revista Veja do Grupo Abril. Veja noticiou o processo de mudança política iraniana ao final da década de 1970, conhecida como a Revolução Iraniana. Os embates entre diversos segmentos da população iraniana e o governo autocrático de Mohamed Reza Pahlevi (1941-1979) foram acompanhados pelo semanário de forma contínua e extensa. Após um período de intensos choques entre civis e forças armadas iranianas, a revolução decretaria a queda da monarquia autocrática e, posteriormente, a instauração de uma República Teocrática Islâmica, capitaneada, inicialmente, pelo líder religioso e um dos principais mentores da revolução, Aiatolá Ruhollah Khomeini que governou o país na primeira década após o processo de mudança regimental no Irã (1979-1989). Sendo assim, este trabalho procura analisar de que forma se deu a cobertura de tais fatos tendo em vista um conjunto de valores e interesses comerciais da revista. Levando em consideração que o Oriente Médio e a religiosidade islâmica têm sido alvos de estereótipos que associam violência e desordem social, além de ser, por vezes, identificados como ameaças ao Ocidente, observam-se as representações produzidas pela revista ao reportar os eventos ocorridos no Irã no contexto de mudança governamental ao final da década de 1970. Assim, o recorte proposto para este estudo vai do período dito pré-revolucionário iraniano, passando pela primeira década da República Islâmica do Irã (1979-1989), findada com a morte do líder religioso o aiatolá Khomeini. Como categoria de análise será utilizada a Análise de Discurso (AD) na qual observaremos os discursos tanto escritos quanto imagéticos acerca do Irã e seu contexto histórico contemporâneo através das edições da revista Veja. Desta forma, procuramos analisar a história através da imprensa e sua transposição à luz da análise do conteúdo discursivo e imagético periódico semanal, revista Veja.

249 – Título: “’Orgulho ferroviário’: a construção da dignificação da profissão ferroviária no Norte do Rio Grande do Sul (1957-1997)”

Autor: Adriana Romero Lopes
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld 
Banca: Edgar Ávila Gandra (UFPel), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 30/04/2015
Resumo: A presente pesquisa procura analisar como ocorreu a construção no meio ferroviário do chamado “orgulho” pela profissão ferroviária, dos trabalhadores da Viação Férrea do Rio Grande do Sul e da Rede Ferroviária Federal S/A tomando como foco principal os trechos de Erechim- Gaurama- Viadutos e Marcelino Ramos, trechos pertencentes a linha São Paulo- Rio Grande. Os períodos abarcados procuram identificar tanto o momento em que os trabalhadores ferroviários possuíam certo destaque profissional no cenário nacional (1957-1967), como o declínio e o fim da Rede Ferroviária no Estado (1997). Por meio de análise de entrevistas e documentos, verificaremos como surgiu esse “orgulho” e se realmente ele existia entre os trabalhadores do setor férreo ou se era apenas uma maneira de maquiar o trabalho penoso aos quais muitos indivíduos dedicaram suas vidas. Procuraremos verificar que a formação desse grupo demandou de uma série de acontecimentos para se solidificar. Foram, não apenas atos do início da construção das ferrovias no Estado que formaram e deram propulsão a essa coletividade, mas também fatores políticos-ideológicos, por parte dos governos que passaram pelo poder no período e por parte das empresas (privadas e estatais) que estiveram à frente do comando da ferrovia no Rio Grande do Sul. Outro aspecto que muito veio a influenciar e causar inúmeras mudanças no setor ferroviário foi a estatização (1920), e após a federalização (1959) da malha ferroviária no Estado, que trouxe, num primeiro momento, melhorias para os trabalhadores ferroviários, e após um pleno descaso e sucateamento, que, por fim, levou a privatização da linha férrea, em 1997. Por fim, analisando as memórias dos ferroviários já aposentados, verificaremos o que significou e quais as consequências que o fim da ferrovia trouxe não apenas para os sujeitos envolvidos, mas também, o que o abandono das linhas e estações férreas causou nas cidades onde este deixou de circular.

250 – Título: “Um espaço "entre” o urbano e o rural representações visuais de São Leopoldo, Taquara e Novo Hamburgo (1889-1930)”

Autor: Alex Juarez Muller
Orientador: Profa. Dra. Marlise Regina Meyrer
Banca: Rogerio Pereira de Arruda (UFVJM), Rosane Márcia Neumann (UPF)
Defesa: 04/05/2015
Resumo: O trabalho estuda o processo de urbanização das cidades de São Leopoldo, Taquara e Novo Hamburgo, situadas no Vale dos Sinos durante a Primeira República (1889-1930). A delimitação temporal, embora apresente um recorte político, foi escolhida por representar o período em que projetos urbanos pautados pela modernidade europeia se difundem pelo país. O novo status político conquistado pelos imigrantes da região de colonização favoreceu a efetivação de tais projetos a nível local. É também, nesta época, que a produção de fotografias de paisagens urbanas intensificam, tanto ao nível local, quanto nacional. O estudo tem o objetivo de compreender, através das fotografias de paisagens urbanas, as representações construídas por meio da imagem no contexto do enquadramento da vida urbana local aos padrões de modernidade da época. A utilização da fotografia como fonte e objeto de pesquisa possibilita novas abordagens sobre o desenvolvimento urbano, constituindo-se numa narrativa histórico-visual das fotografias públicas do urbano, cujo cruzamento com outras formas narrativas ampliam o entendimento do processo histórico em estudo. Os conceitos de cidade e modernidade são fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa, bem como os aspectos metodológicos e teóricos que envolvem o uso da fotografia como documento histórico. As escolha das fotografias orientou-se em um primeiro momento pela identificação das imagens de paisagens urbanas nos acervos públicos locais e específicos da imigração alemã; em uma segunda etapa, foram selecionados os lugares mais registrados pelos fotógrafos; e, por último, observouse as fotografias repetidas em mais de um acervo indicando reprodução e circulação. O estudo é uma análise comparativa das fotografias de paisagens urbanas das três cidades identificando semelhanças e diferenças entre elas. Buscase também compreender a relação entre o processo de modernização das capitais brasileiras e do mundo com o localizado nas cidades estudadas. Assim, as fotografias urbanas revelam aspectos relacionados à modernidade, enquanto fenômeno mundial e, ao mesmo tempo, às particularidades locais.

251 – Título: “Fazendo travestis - Identidades transviadas no jornal Lampião da Esquina (1978-1981)”

Autor: Ronaldo Pires Canabarro
Orientador: Profa. Dra. Marlise Regina Meyrer
Banca:  Ana Maria Colling (UFGD), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 18/05/2015
Resumo: Na presente pesquisa, busco identificar nas páginas do jornal Lampião da Esquina (1978-1981) os meandros e os (des)caminhos das construções das identidades travestis. Uso-as no plural, por entender que essas não constituem uma única forma de ser, mas muitas possibilidades de vivências. A análise dos textos-vestígios da imprensa alternativa são vistas dentro de um processo de construção política do gênero, passando pelos discursos e definições sociais do que é ser homem e do que é ser mulher e das outras possibilidades não heteronormativas. Reflito sobre essa proposta do gênero, mas também o corpo que apresenta (constrói) esse gênero, enquanto dispositivo histórico e de poder – além disso, a análise observa o uso da performance e da tecnologia. O jornal Lampião da Esquina surgiu com o intuito de afirmação (e construção) da identidade homossexual e uma proposta de fazer “sair do gueto”. No entanto, meu olhar de pesquisa fixou-se somente sobre as construções discursivas da imagem de travestis, muito embora, nesse periódico, travestis encontravam-se no grande grupo identitário de “homossexuais”. O estudo compreende os anos de 1978 a 1981 e traz aspectos que colaboram para ampliar o entendimento de como as identidades de lésbicas, gueis/gays, bissexuais, travestis e transexuais foram se afirmando e se constituindo enquanto força política no Brasil. Meu estudo propõe uma reflexão acerca do gênero sócio-gramatical a que se referem os autores do jornal sobre travestis, percebendo como o uso comum dos condicionantes gramaticais antecedentes masculinos ou femininos contribuíram para afirmação/criação das identidades travestis. Incluo ainda uma análise de como essa identidade transviada circula entre o fazer e o ser travesti, e o seu possível translugar de existência. Assim, é possível perceber alguns dos elementos com os quais, em contato com os mais variados discursos de poder, essas pessoas transviadas negociam sua (in)existência e se (des)afirmam enquanto sujeitos de fato e de direito.

252 – Título: “A internacionalização da agricultura brasileira na transição entre o século XX e XXI”

Autor: Tiago Dalla Corte
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca:  Edson Talamini (UFRGS), Jucemar Zilli (UPF)
Defesa: 29/05/2015
Resumo: O presente estudo busca aplicar os aportes teórico-conceituais da história regional para discutir o processo de internacionalização da agricultura brasileira. Aborda-se, inicialmente, a discussão sobre a natureza de região, a sua relação com a totalidade e a definição das fontes históricas necessárias para a pesquisa. Partindo dos vieses dos significados possíveis para a construção de uma definição para a região estudada, a pesquisa conduzida centra-se na problemática da História Regional, destacando a necessidade de inserção da discussão sobre a dimensão conceitual da questão da globalização. Assim, abordou-se, do ponto de vista histórico, os pressupostos relativos à questão da internacionalização da agricultura brasileira no transcurso do século XX para o XXI em uma dimensão macro. A partir de então, investigou-se os fatores determinantes para o processo de internacionalização da agricultura brasileira face ao período de transição de conjunturas ocorrida na década de 1990. É através da relevância do movimento de internacionalização da agricultura, a partir do qual o setor passou a se caracterizar como um dos mais dinâmicos da economia brasileira, que se justifica o estudo. Em sua análise, levantam-se alguns questionamentos sobre o ambiente econômico brasileiro e o impacto das suas reformas sobre o setor, bem como sobre a influência da aceleração do processo de globalização sobre o processo de internacionalização. Nessa busca, realiza-se o estudo através do diálogo com uma série de dados estatísticos, embasados por referencial adequado, visando delinear o cenário econômico vigente durante o período do processo de internacionalização e precisar a temporalidade dos rompimentos conjunturais. Ainda, a importância do presente estudo consiste na análise e na confrontação de fontes históricas conforme as convenções da História Regional. Procura-se, assim, identificar o fator determinante, ou seja, o elemento fundamental para a consolidação do referido processo, apresentando-se a elevação dos preços internacionais e, consequentemente, dos preços finais ao produtor como o fator determinante para a internacionalização da agricultura brasileira. Porém, deve-se observar que o resultado afirmativo para o cenário onde o crescimento e a sustentação da produção agrícola no Brasil foi, simplesmente, uma resposta aos preços reagentes devido às consideráveis mudanças da demanda mundial por produtos derivados da soja, não representa uma simplificação da cadeia de eventos no setor. Dessa forma, a pesquisa apresenta reflexões sobre as categorias fundamentais para a compreensão dos processos históricos no âmbito regional, permitindo isolar com clareza as oscilações e variações do processo, revestindo com maior segurança as conclusões alcançadas.

253 – Título: “O Barão do Rio Branco na revista ilustrada O Malho (1902-1912)”

Autor: Sophia Franciele Martins Binelo Santana
Orientador: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Gerson Luis Trombetta (UPF), Helder Volmar Gordim Da Silveira (PUCRS)
Defesa: 08/06/2015
Resumo: No dia 03 de dezembro de 1902, assumia o Ministério das Relações Exteriores do Brasil José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco. Reconhecido por diplomatas e historiadores como um dos mais importantes personagens políticos brasileiros, Rio Branco ocupou-se durante a sua gestão principalmente com temas relacionados com a delimitação das fronteiras nacionais, a consolidação do processo de americanização e a busca do Brasil pela hegemonia regional na América do Sul. Pouco tempo antes da posse de Rio Branco, em 20 de setembro de 1902, surgia na cidade do Rio de Janeiro, então Capital Federal do Brasil, a Revista Ilustrada O Malho. Considerada como uma das mais importantes revistas brasileiras, O Malho sobreviveu por mais de meio século, ocupando-se, principalmente, em representar através da caricatura a vida política do país. Declaradamente patriota, O Malho encontrou em Rio Branco o personagem propício para representar as ideias de pátria no momento em que se buscava construir uma imagem de nação brasileira no imaginário coletivo. Sendo o território, naquele momento, base primordial para a construção de um sentido de unidade nacional, o trabalho de Rio Branco ao consolidar as fronteiras nacionais, ao tempo que agia através do americanismo no sentido de garantir a soberania e projetar o Brasil no cenário internacional, serviu de suporte aos propósitos civilizadores e modernizadores da revista. De todos os personagens que ocuparam os caricaturistas de O Malho, certamente Rio Branco foi um dos que mais recebeu destaque. Viabilizada pelo mesmo momento histórico, O Malho acompanhou Rio Branco durante toda a sua trajetória política no Ministério das Relações Exteriores, até sua morte em 10 de fevereiro de 1912. Diante desse contexto, o objetivo deste trabalho consiste em analisar de que forma o Barão do Rio Branco foi representado na caricatura enquanto Ministro das Relações Exteriores do Brasil pela revista ilustrada O Malho.

254 – Título: “Planejamento Urbano e Patrimônio Histórico: memória sociocultural de Passo Fundo (1950-2014)”

Autor: Mariana Mattei Santos
Orientador: Profa. Dra. Janaina Rigo Santin
Banca: Ironita Adenir Policarpo Machado (UPF), Luiz Gonzaga Silva Adolfo (Unisc)
Defesa: 12/06/2015
Resumo: Nas últimas décadas, as discussões em torno da preservação do patrimônio histórico no país vêm despertando interesse em um número maior de pessoas, abrangendo diferentes grupos sociais. Assistiu-se, por muito tempo, a destruição e a degradação paulatina de edificações e monumentos importantes para a construção da História da sociedade e, apesar de ter havido uma tímida diminuição dessas ações após os anos 1990, a demolição ainda é a escolha tomada frente à preservação. Essas discussões acabam levantando vários questionamentos, tendo em vista que, especialmente em cidades de interior, como o município de Passo Fundo, boa parte do seu patrimônio cultural é de propriedade privada. Nesse sentido, fica difícil proferir o discurso do tombamento sem que haja uma legislação clara e específica, capaz de dar garantias tanto para a preservação de bens públicos e privados quanto para os proprietários, em relação ao seu direito à propriedade. A sociedade como um todo quer sair beneficiada. Em vista disso, este trabalho visa elucidar os dispositivos legais que estão sendo formulados e utilizados para a preservação do patrimônio histórico e cultural, bem como a relação e a importância que o plano diretor do município tem para garantir a proteção desses bens. Em um primeiro momento, faz-se uma reflexão partindo da antiguidade para os dias atuais conceituando as temáticas propostas: plano diretor, urbanismo, direito urbanístico e patrimônio. Em seguida, traça-se um panorama dessas questões que incidem no município de Passo Fundo, evidenciando a forma como ocorreu a evolução da temática da urbanização e o interesse pela preservação da história por meio do patrimônio neste município. Para finalizar, foi exposta a situação do patrimônio na cidade, abordando tombamento e inventário, a relação da sociedade com essas questões e os instrumentos que possibilitam o estreitamento deste relacionamento como a educação patrimonial e o poder local. O período delimitado para este trabalho inicia-se em 1950, por ocasião das discussões acerca do primeiro Plano Diretor da cidade de Passo Fundo, aprovado em 1957, e vai até o ano de 2014, no qual se observam ações atualizadas relacionadas ao tema.

255 – Título: “O Gaúcho Ladrão: Abigeato no Rio Grande do Sul no Século XIX”

Autor: Tiago Ricardo Conci
Orientador: Prof. Dr. Mario Jose Maestri Filho
Banca: Adelmir Fiabani (UFFS), Marcos Gerhardt (UPF)
Defesa: 12/06/2015
Resumo: Este trabalho tem como objetivo principal abordar de forma crítica o abigeato, ou seja, o roubo de gado no campo, na província do Rio Grande do Sul, durante o século XIX. Para isso, revisitamos os escritos dos viajantes que estiveram na região sul do continente nesse período, os quais puderam relatar em trabalhos publicados o que presenciaram nos campos, estâncias e vilarejos onde estiveram, analisando sob diferentes pontos de vista a rotina e os modos de vida das pessoas que encontravam pelo caminho, sempre imprimindo uma visão particular sobre as coisas exóticas que presenciavam nestas terras. Tratamos aqui, de reconstruir os passos da formação historiográfica do Rio Grande do Sul, de maneira a vasculhar os elementos que permeiam o imaginário a cerca do gaúcho e dos demais grupos que iniciaram o povoamento dessa região do Brasil. Somaram-se às análises, além da bibliografia dos últimos dois séculos, os processos-crime, encontrados no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul que tratam exclusivamente do crime de roubo de gado, às vezes com agravantes, na região de Porto Alegre. Sendo que a região pesquisada teve sua importância econômica baseada na exploração de gado bovino, primeiramente pela utilidade e comércio dos couros, depois, aprofundado pelo beneficiamento das carnes com a indústria do charque, analisaremos como ocorriam os processos pelo crime de abigeato, averiguando quem eram os réus, e quem eram os denunciantes, ou as vítimas. Veremos o que diziam as testemunhas e quais argumentos utilizados para culpar ou inocentar os ladrões de gado no Rio Grande do Sul. Essa pesquisa teve foco no período imediatamente anterior à Guerra Farroupilha (1828-1845) e, principalmente, no período da já deflagrada revolta (1835-1845), com a apreciação de casos omissos à historiografia tradicional. O presente trabalho não pretende esgotar a questão do abigeato no RS, mas tem a intenção de demonstrar como ocorriam as relações no mundo pastoril, desvendando alguns mitos que recobrem a figura do gaúcho contemporâneo.

257 – Título: “Representações do Irã através das narrativas sequenciais Persépolis e o Paraíso de Zahra (1979-2009)”

Autor: Camila Guidolin
Orientador: Profa. Dra. Gizele Zanotto
Banca: Silvana Seabra Hooper (Mackenzie), Marlise Regina Meyrer (UPF)
Defesa: 16/06/2015
Resumo: As obras Persépolis (2007), de Marjane Satrapi e O Paraíso de Zahra (2009), de Amir e Kalil valeram-se do gênero literário narrativa sequencial como suporte na construção de um discurso sobre a história do Irã contemporâneo desde fins da década de 1970 até o ano de 2009. Através da análise dessas obras, percorremos os eventos desse ínterim, a fim de evidenciar seus aspectos narrativos, discursivos e imagéticos, os quais foram promotores de uma representação sobre as transformações no cotidiano do Irã nesse período. Ambas as obras apresentam interpretações sobre esses momentos e permitem identificar a construção e desconstrução de expressões e memórias, individuais e coletivas, em meio aos processos de transformação política, social e cultural ocorridas no país. Para tanto, analisa-se os primórdios de conformação da sociedade iraniana, destacando a relevância de algumas lideranças que congregaram em torno de si elementos para uma representação política, religiosa e militar em uma sociedade cuja valorização dos sistemas de governo pautados na corporificação divina, ainda é evidente. Nesse percurso, salienta-se a figura do Aiatolá Ruhollah Khomeini como líder da revolução iraniana e mentor de um novo projeto de nação pautado em uma interpretação particular do Corão. Acompanhando o conteúdo presente nas páginas das narrativas em estudo, esmiúça-se a construção da República Islâmica do Irã sob a égide do modelo teocrático consolidado diante desta matriz referencial Khomeinista, inaugurada a partir do seu retorno do exílio e legitimada no contexto pós-revolução. Atenta-se também para os temas em destaque nas narrativas, cuja abordagem destacou as diversas formas de tortura da consciência através do corpo. Partindo dos conceitos de imagem, memória e narrativa, evidencia-se a construção de um “discurso fundador” e a sua conformação como diretriz predominante na atual postura adotada pelo governo iraniano, cujo projeto de nação construído no decorrer do processo revolucionário, consolidou-se por meio de práticas repressivas e sob forte contestação popular.

258 – Título: “Arte e história na série O Cassino da Maroca de Ruth Schneider”

Autor: Aline Do Carmo
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luis Trombetta
Banca: Lurdi Blauth (Feevale), Jacqueline Ahlert (UPF)
Defesa: 19/06/2015
Resumo: O presente estudo realiza uma pesquisa híbrida, com elementos de aspecto histórico, biográfico, artístico e social, sobre o tema representado em quatro obras da série O Cassino da Maroca, produção artística da pintora Ruth Schneider. Para isso foi estudado os personagens e os cenários representados nas telas, a partir dos arquivos particulares da artista, procurando fazer uma interlocução com as histórias desse local e seus personagens como, igualmente com seus aspectos sociais e culturais deste notório cabaré na Passo Fundo das décadas de 40 e 50. Entretanto, ao transcrever os manuscritos de Ruth Schneider para este trabalho, foi verificado, que na produção da artista, havia muito mais do que apenas a representação de suas memórias infantis, verificou-se, também, um emaranhado de informações pessoais (casamento e maternidade), históricas (cabaré e sociedade) e sociais (prostituição na sociedade da época). Aspectos que geram sentido nas histórias que irrompem desses quadros. Ruth Schneider, pintora, gravadora, desenhista, autodidata, foi uma artista que sempre optou por traçar caminhos plurais e experimentar diversas linguagens e suportes. Pela sua postura libertária, a pesquisa encontra na série de pinturas O Cassino da Maroca, o fio condutor que atravessa a multiplicidade de personagens e suas histórias. Reconhecendo a pintora como filiada à concepção romântica, de que o artista não dissocia sua arte de sua própria vida, o trabalho recorre a correntes teóricas voltadas às relações existentes entre a biografia e o fazer artístico, percebendo a influência de elementos aparentemente extrínsecos – sobretudo a história e a sociedade – como constituintes e geradores de sentido do produto artístico. Na análise das obras de Ruth Schneider, encontram-se características de uma poética de ruptura que a vinculam organicamente a suas vivências da infância em Passo Fundo. Da mesma forma a força com que expressa essas histórias deixam explícito o aspecto crítico social da sua arte.

259 – Título: “Arquitetura, etnicidade e patrimônio: as construções da imigração italiana na Rota Caminhos de Pedra no Rio Grande do Sul”

Autor: Claudine Machado Badalotti
Orientador: Prof. Dr. Joao Carlos Tedesco
Banca: Adriana Marques Rossetto (UFSC), Marlise Regina Meyrer (UPF)
Defesa: 22/06/2015
Resumo: Uma cidade, sem sua história, sem as memórias dos pioneiros na sua formação, sem lendas ou mitos não é, de fato, uma cidade, falta-lhe uma identidade, uma ligação com os antepassados. A evolução histórica de qualquer aglomerado urbano se reflete principalmente em suas construções, novas ou antigas, que permeiam o tecido urbano ao longo do tempo, guardam recordações e encantam por suas formas monumentais ou pela beleza de suas linhas, simples, mas plenas de significados. É assim que esta pesquisa procura retratar a história da cidade, do seu povo e de suas construções: não apenas através da arquitetura erudita, mas das mais puras e singelas construções, como a casa de porta e janela do cidadão comum, da arquitetura vernacular, anônima e sem prestígio. Tem-se como objetivo, aqui, analisar a experiência de preservação arquitetônica das construções da rota turística Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, não apenas quanto a seu valor como obra, mas buscando também perceber os processos construtivos tradicionais utilizados, a característica dos ambientes construídos em correlação com dinâmicas modernas de vida social e econômica, assim como seu caráter mercantil, passando também pelo cenário urbano de Antônio Prado e suas residências tombadas, pois se acredita aqui que somente com a compreensão de experiências construtivas antigas é possível fazer o novo. Destacamos, sobretudo, o processo de construção da memória dentro da rota turística, evidenciado pela criação desses lugares de memória e pela valorização da edificação como herança do passado. Nesse sentido, o espaço urbano constitui testemunho material dentro de um valor simbólico capaz de despertar sentimentos de afetividade nos habitantes da comunidade, somando-se ao imaginário popular que se encontra presente na história oficial, que pode ser comprovada através de fontes documentais, mas também na história não oficial, aquela referente à memória coletiva de um povo, passada de geração para geração nas rodas de conversa, nos encontros entre amigos, na igreja e dentro do convívio familiar. O espaço da casa passa a ser visto não apenas como um espaço físico, mas também como um conjunto de experiências de uma determinada sociedade, é parte da vida, das memórias e dos afetos, com todas as suas expectativas e frustações. A morada é a história construída, o espaço de intimidade, de convívio familiar, onde é possível conhecer a cultura e o modo de habitar de cada época.

260 – Título: “Moda e Sociedade: representações da estética e das indumentárias na Revista Kodak (1912-1915)”

Autor: Daniele Deise Antunes Silveira
Orientador: Profa. Dra. Marlise Regina Meyrer
Banca: Ivana Guilherme Simili (UEM), Jacqueline Ahlert (UPF)
Defesa: 02/09/2015
Resumo: Partindo do entendimento de que a moda é uma mídia que expressa e atribui significados a períodos, regiões e culturas, este trabalho tem por objetivo estudar a moda veiculada na revista Kodak, no período de 1912 a 1915, mediante a análise de imagens e textos, a fim de identificar de que forma as transformações sociais do final do século XIX e início do século XX articulam-se à construção de aparências específicas, reforçadas e difundidas na revista. O período é marcado, no Brasil, pelo ingresso dos valores da chamada modernidade europeia em todos os setores da sociedade, sendo que na moda é visível as influências tanto da Belle Époque parisiense quanto das transformações advindas, especialmente, das tensões anteriores à Primeira Guerra Mundial. A configuração de novos hábitos urbanos, desenvolvidos a partir das reestruturações das capitais, inspiradas, especialmente em Paris, contribuiu para que a imprensa se desenvolvesse, adotando outros formatos, e atingindo novos leitores, em conformidade com as ideias do mundo moderno. Nesse sentido, em Porto Alegre - RS, a revista ilustrada de variedades Kodak, destacou-se como uma publicação que contribuiu para o remodelamento dos padrões sociais existentes, informando acerca das novidades e, muitas vezes, construindo um discurso civilizador. O estudo tem como principal objeto de análise as fotografias impressas na revista, entretanto utiliza-se também dos artigos e publicidade que, de alguma forma, remetem a temática da moda. Para a realização da análise, as fotografias foram divididas em duas categorias principais: fotografias de estúdio e fotografias de rua, subdivididas em moda masculina e moda feminina. Essa divisão nos permite a identificação de uma realidade explicitamente construída através dos cenários e composições produzidas no estúdios e, uma outra, que embora também construída, permite uma maior aproximação com a experiência vivida, a partir de alguns atributos implícitos observados nas imagens, em geral, definidas como "flagrantes". A análise revelou, no aspecto geral, uma indumentária permeada por elementos oriundos da colonização portuguesa, outros relacionados ao desenvolvimento decorrente da revolução tecno-científica do período, assim como a adoção de valores ligados à modernidade europeia. No que se refere as diferenças entre a vestimenta feminina e masculina, observou-se a adoção de modelos franceses para as mulheres e de ingleses para os homens, ambos refletidos, especialmente, nas fotografias de estúdio, enquanto que aquelas que tiveram como cenário a rua, apresentaram maiores mudanças com relação aos referenciais europeus.

261 – Título: “Ouro branco”: o porco e a banha em Ijuí (1890-1950)”

Autor: Paulo Rogerio Friedrichs Adam
Orientador: Profa. Dra. Rosane Marcia Neumann
Banca:     Marcos Antonio Witt (Unisinos), Joao Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 15/12/2015
Resumo: O estudo analisa a importância da criação de porcos e produção de banha no contexto da formação e desenvolvimento da Colônia e depois município de Ijuí, localizado na região noroeste colonial do Rio Grande do Sul, no período de 1890 a 1950. Analisa a formação da Colônia Ijuhy por meio da sua composição étnica, o crescimento demográfico e o desenvolvimento social e econômico. Procura identificar os aspectos sociais e políticos relacionados a evolução do negócio da banha, explicando o papel dos colonos, dos comerciantes, das refinarias de banha, dos frigoríficos e do Sindicato da Banha, buscando explicar as principais transformações no cenário da produção colonial no período de 1890 a 1950. Discute os principais elementos envolvidos na formatação do preço da banha, os conflitos sociais e políticos envoltos na questão e o papel da exportação da banha para outros mercados, inclusive internacionais. Faz ainda a análise do processo da crise da banha nos anos 30, suas consequências sobre a formação social da região colonial, aliado ao entendimento das suas implicações políticas em Ijuí, no episódio conhecido como a ‘eleição da banha’. Por fim, procura explicar a organização dos colonos frente aos problemas do mercado da banha, principalmente por meio da organização da União Colonial, e a formação de cooperativas de colonos como forma do segmento escapar do processo de espoliação advindo da política de preços implementada pelo Sindicato da Banha. Descrevendo a trajetória histórica da Cooperativa Agrária do Cadeado (Ijuí) e da Cooperativa Sul Riograndense da Banha de Cruz Alta, busca compreender os desafios e problemas havidos na implementação dessas organizações. A metodologia compreendeu principalmente a pesquisa em fontes documentais escritas, iconográficas e orais depositadas no Museu Antropológico Diretor Pestana – MADP, de Ijuí/RS, e no Museu e Arquivo Histórico Prof. Hermann Wegermann – MAHP, de Panambi/RS, dentre outras fontes. O estudo aponta para a clara assimetria social e econômica evidenciada na trajetória dos sujeitos sociais, no qual os colonos foram os produtores de porcos e banha e vivenciaram as agruras da crise econômica e social ocasionada pelos baixos preços do produto, enquanto que o segmentos dos comerciantes e refinadores de banha do Rio Grande do Sul articulavam-se na organização do empreendimento econômico de produção e comercialização da banha, realizando uma importante acumulação de capital no processo. Enfim, tudo isso permite categorizar o estudo como uma história social da banha.