Dissertações defendidas

2014

218 - Título: "Cultura e práticas de violência na sociedade rural Norte-Rio-Grandense (1900-1930)”

Autor: Felipe Berté Freitas
Orientador: Prof. Dr. Ironita A. Policarpo Machado
Banca: Clóvis Mendes Gruner (UFPR), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 19/03/2014
Resumo: Do ponto de vista historiográfico os trabalhos que tratam a violência enquanto objeto de pesquisa ainda são muito recentes, especialmente se considerarmos as pesquisas sobre as sociedades rurais que tomam como base empírica os processos criminais. Este tipo de documentação passou a receber tratamento heurístico e investigativo a partir das décadas de 1970 e 80, quando as transformações teórico-metodológicas das correntes historiográficas trouxeram à tona a valorização de novas temporalidades, temas e sujeitos. No que concerne à produção historiográfica brasileira as obras de Fausto, Chalhoub e Pesavento, representaram os primeiros esforços no sentido de compreender, através das fontes judiciais, a problemática da violência no espaço urbano, trazendo consideráveis contribuições teóricas e metodológicas para esse campo de estudos. No entanto, tais obras não tomam a violência como objeto central de análise, tratando o problema como reflexo da criminalidade e do contexto socioeconômico dos primeiros trinta anos do século XX. Nesse sentido, a conjuntura de transição política, econômica e social característica do Brasil e Rio Grande do Sul nesse período, fez emergir conflitos em diferentes âmbitos, como por exemplo, nas relações político-partidárias, tornando a sociedade da época um espaço privilegiado para o estudo da violência. Os processos criminais presentes no Arquivo Histórico Regional da Universidade de Passo Fundo possibilitaram uma análise mais aprofundada desses conflitos, trazendo à tona, consequentemente, outra realidade histórica. Em uma sociedade rural, caracterizada por valores, formas de comportamento e relações socioculturais que tornavam as agressões e os assassinatos um elemento presente na vida social, a violência enquanto habitus e costume constitui-se como uma prática cultural. Assim, esta dissertação demonstra, através da análise dos processos criminais de homicídio e lesão corporal arquivados na 1ª Vara do Civil e do Crime da Comarca de Passo Fundo/Soledade durante o período entre 1900-1930, os significados socioculturais das práticas de violência representadas nas fontes, suas relações com as práticas culturais e a conjuntura histórica do período.

219 - Título: "Um projeto de desenvolvimento regional no extremo Oeste Catarinense: o caso do Frigorífico Safrita de Itapiranga”

Autor: Douglas Orestes Franzen
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Alcides Goularti Filho (Unesc), Rosane Márcia Neumann (UPF)
Defesa: 04/04/2014
Resumo: A  colonização  Porto  Novo,  localizada  no  extremo  oeste  catarinense,  foi  idealizada  pela Volksverein  e fundada no ano de 1926, no intuito de receber famílias que fossem de origem alemã  e  católica.  Nesta  colonização  compraram  lotes  de  terras  de  aproximadamente  25 hectares,  colonos  que  nas três  primeiras  décadas  de  colonização  praticaram  a  agricultura tradicional caracterizando um modelo de sociedade com características fortemente horizontais e homogêneas. Nesse cenário consideramos os colonos, os comerciantes e os padres jesuítas como as três principais esferas sociais e a forma como se relacionaram como determinante no nosso foco de estudo. No entanto, a partir da década de 1950 o cenário da economia nacional começou  a  sofrer  intensas  modificações  estimuladas  pelo  ideal  desenvolvimentista  e progressista  planejado  para  estimular  o  crescimento  da  economia  brasileira.  Nesse  sentido, disseminou-se pelo país a noção de atraso do setor produtivo brasileiro. Assim, estimulou-se a partir de então projetos de integração nacional que afetaram os diversos setores produtivos do país,  com  destaque  para  a  agricultura.  Em  Itapiranga,  com  a  emancipação  do  município  em 1954 e com a inauguração da Comissão Municipal de Desenvolvimento Econômico no início da  década  de  1960,  passou-se  a  traçar  algumas  metas  e  projetos  visando  o  desenvolvimento regional.  Nesse  sentido,  foi  elaborado  um  estudo  denominado  de  Relatório  de Desenvolvimento  Econômico,  que  elencou  deficiências  e potencialidades  da  economia regional. Este estudo foi financiado com recursos da Administração Municipal de Itapiranga, da  cooperativa  de  crédito  local  e  da  instituição  católica  da  Alemanha  Ocidental  Misereor.  É nesse contexto que se insere o nosso estudo, que tem como objetivo compreender o processo de implantação e desenvolvimento da Sociedade Anônima Frigorífico de Itapiranga – Safrita. Diante  do  grande  potencial  da  suinocultura  na  região,  inaugurou-se  em  1962  um  frigorífico para  industrializar  e  agregar  valor  à  produção  agrícola  da  região.  Em  pouco  tempo  o frigorífico  expandiu  sua  área  de abrangência,  englobando  a  produção  de  aves,  perus  e  de rações  balanceadas.  O  estudo  visa  contextualizar  o  processo  de  mudança  ocorrida  na agricultura regional nas décadas de 1960 e 1970 sob os estímulos do frigorífico Safrita, o que instaurou  um  novo  padrão  de  sociedade  regional  sob  o  viés econômico.  As  relações  sociais, que até a década de 1950 eram basicamente de caráter horizontal e homogêneo, passaram a se tornar  verticalizadas  e  desiguais,  intensificando  a  diferenciação  entre  a  própria  esfera  dos colonos  e  do  capital  sobre  as  propriedades  agrícolas.  A  presente  análise  se  insere nas discussões acerca do desenvolvimento regional ao analisar um empreendimento agroindustrial que surgiu basicamente do capital social local.

220 - Título: "Desenvolvimento econômico do município de Guaporé: a agroindústria da banha e do couro (1892-1980)”

Autor: Giovani Balbinot
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Vânia Heredia (UCS), Rosane Márcia Neumann (UPF)
Defesa: 11/04/2014
Resumo: A presente pesquisa tem por objetivo analisar o desenvolvimento econômico do município de Guaporé, buscando delinear o complexo contexto que comportou o desenvolvimento do que convenhamos denominar de primeiro ciclo agroindustrial da banha e do couro, delineando os diversos fatores ligados aos gêneros de produção, estrutura viária de transporte, portos de escoamento, perfil do imigrante agroindustrial guaporense, assim como os fatores ligados ao acumulo de capital na esfera comercial pelas casas de comercio locais. O recorte geográfico abrange o território da antiga colônia e posterior município de Guaporé. O recorte temporal abrange entre os anos de 1892, com a fundação da colônia de Guaporé, e a década de 1980, quando ocorre a decadência destes empreendimentos frigoríficos, salientando sempre que essa temporalidade é, muitas vezes, extrapolada para uma melhor compreensão dos fatos. O estudo encontra-se organizado de forma a manter um fio condutor baseado no desenvolvimento econômico, apresentando, primeiramente, o processo de imigração e colonização executado no Rio Grande do Sul, para então, no segundo momento, adentrar na fundação e desenvolvimento da colônia e do município de Guaporé colocando em relevância os fatores que contribuíram para o desenvolvimento agroindustrial em análise. No terceiro momento, o estudo foca no estabelecimento dos empreendimentos ligados à indústria da banha, dos embutidos e do curtimento do couro, assim como sua relação com o desenvolvimento econômico e social do município de Guaporé. Por fim, procuramos analisar e compreender os diversos fatores que concorreram para o processo de decadência desses empreendimentos, tanto no âmbito externo, como dificuldades no acesso a matérias primas e alterações no mercado consumidor, quanto no âmbito interno, com dificuldades no desenvolvimento de novos gêneros de maior aceitação no mercado, sendo que nesse ponto, o recorte histórico extrapola a temporalidade fixada anteriormente, pois se entende como imprescindível analisar todos os fatores que concorreram para esse processo de decadência econômica.

221 - Título: "A Doutrina de Segurança Nacional em uma Estância Hidromineral: o município de Piratuba/SC (1964-1985)”

Autor: Aline Aparecida Faé Inocenti
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Waldir José Rampinelli (UFSC), Ana Paula Almeida Lima (UPF)
Defesa: 07/05/2014
Resumo: Piratuba, pequeno município localizado no oeste do estado de Santa Catarina, é conhecida nacionalmente pelo seu parque termal. A cidade teve sua história modificada em 1964, quando foi descoberto um lençol de águas sulfurosas que levou à transformação em Estância hidromineral, num período histórico brasileiro (1964 a 1985 - ditadura civil-militar) em que isso significava ser considerado Área de Interesse da Segurança Nacional. A partir desta ideia passa a ser analisada a relação da Doutrina de Segurança Nacional (DSN) com a política do município em questão, buscando relacionar a ação desta num espaço regionalmente circunscrito em conexão com âmbitos mais amplos. Dessa forma, busca-se conceitualizar a DSN e entender sua implantação em diversos níveis na sociedade brasileira e sua relação com a criação das Áreas de Interesse da Segurança Nacional, paralelamente com as estâncias hidrominerais. Para tanto, analisa-se a trajetória histórica do município, até chegar ao processo de mudança, que significou uma alteração na sociedade local em todos os aspectos: social, político e econômico. Nesse sentido, essa dissertação tem por objetivo discutir a conceitualização da Segurança Nacional, seguindo os aportes da Nova História Política e da História Regional, analisando a consagração do poder, tendo como base o sistema de implantação do regime cívico-militar no Brasil através da articulação política propiciada pela DSN e sua aplicação num município transformado em estância hidromineral. Essa doutrina foi sistematizada pela Escola Superior de Guerra (ESG), instituição responsável por disseminar no país as ideias da Segurança Nacional, defendendo o território de qualquer ameaça. O trabalho foi construído através de pesquisas bibliográficas e entrevistas com algumas pessoas envolvidas no processo, tendo como fontes, além de obras da época, todos os tipos de legislação nacional e estadual, bem como documentos municipais como atas da Câmara de vereadores e reportagens em periódicos estaduais e municipais. Dessa forma pode-se entender que a sociedade piratubense necessitou se adequar na política de segurança, ficando privada da escolha do Prefeito municipal por um período histórico, a fim de atender a vontade de um pequeno grupo que via na Estância hidromineral a única forma de desenvolvimento econômico para o município.

222 - Título: "Não é fácil viver no coletivo”. Experiência e consciência de classe no assentamento Conquista na Fronteira em Dionísio Cerqueira/SC (1988-2013)”

Autor: Kassiane Schwingel
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Célia Regina Vendramini (UFSC), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 08/05/2014
Resumo: O Assentamento Conquista na Fronteira é o objeto de pesquisa e análise deste trabalho. Tal Assentamento foi constituído no ano de 1988, na cidade de Dionísio Cerqueira-SC, por meio de dois coletivos de agricultores: um, oriundo do Movimento dos Sem Terra e outro, formado por famílias do próprio município. Essa experiência justifica-se pela necessidade de conhecermos propostas diferenciadas de relações de trabalho e humanas, bem como o resultado dessa organização específica que pode ser espelho para outros grupos. Este trabalho busca analisar a realidade agrária do oeste catarinense a partir da década de 1950, bem como compreender como eram as vivências nos acampamentos que surgiram na região na década de 1980. A partir disso, é possível realizar uma análise sobre o que o Assentamento Conquista na Fronteira representa hoje e quais as suas características que são fruto da história dos assentados, enquanto integrantes de um Movimento de luta pela terra. Esta discussão torna-se válida e importante, pois possibilita reconhecer como se organiza uma experiência concreta de reforma agrária, além de expor a importância de elementos simbólicos. Para a concretização do estudo, foram realizadas pesquisas de campo no Assentamento, buscas no Centro de Memória do Oeste Catarinense, além de entrevistas com os integrantes do Assentamento. Com isso, foi possível relatar a história segundo o seu ponto de vista, além de fazer observações sobre o dia-a-dia no local. Baseando-se em conceitos de Thompson e Gramsci, foi possível perceber a importância das experiências comuns como elemento aglutinador, além do valor dado à formação de uma consciência de classe. Nesse sentido, destacam-se as lideranças locais, desempenhando uma função de intelectual orgânico, além das entidades ligadas à Igreja Católica que davam sentido à luta através do constante trabalho espiritual. Tendo compreendido o que é e como se organiza esta experiência, o trabalho busca relacioná-la aos conceitos de revolução passiva e revolução popular, no intuito de aprofundar ainda mais a análise. 

223 - Título: "O mal estar de uma identidade regional: representações do trabalhador negro escravizado e seus descendentes na Historiografia Rio-grandense - Assis Brasil, Alcides Lima, Salis Goulart e Dante de Laytano”

Autor: Maurício Lopes Lima
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Adelmir Fiabani (Unipampa), Gerson Luís Trombeta (UPF)
Defesa: 08/05/2014
Resumo: Esta  dissertação  versa  sobre  o  processo  de  construção  de  uma  identidade  étnico-histórica para o Rio Grande do Sul através da sua historiografia. Avaliamos as maneiras como foram  elaboradas  representações  sobre  o  papel  do  trabalhador  negro  escravizado  e  seus descendentes  no  processo  de  formação  desta  sociedade.  Os  recortes  da  historiografia pertinente  foram  feitos  por  autor/obra,  de  forma  que  representem  diferentes  posturas,  em diferentes  períodos,  mas  que,  no  conjunto,  sintetizem  o  posicionamento  majoritário  da historiografia sul-rio-grandense sobre o tema. Partimos da década de 1880, com os trabalhos História  Popular  do  Rio  Grande  do  Sul,  de  Alcides  de  Mendonça  Lima,  e  História  da República  Rio-grandense,  de  Joaquim  Francisco  de  Assis  Brasil,  passamos  pela  década  de 1920,  quando  analisamos  o  livro  Formação  do  Rio  Grande  do  Sul,  de  Jorge  Salis  Goulart, chagando  aos  textos  sobre  o  “tema  do  negro”,  de  Dante  de  Laytano,  nas  décadas  de  1940-1950.  Recorremos  ao  conceito  de  habitus,  de  Pierre  Bourdieu,  para  compreender  as representações  construídas  pelos  agentes  historiadores  como  manifestações  que  estão  de acordo  com  o  processo  histórico,  mas  que,  ao  mesmo  tempo,  foram  constantemente reelaboradas a partir das representações, muitas vezes arbitrárias e distorcidas, construídas por essa  historiografia.  É  no  habitus  que  encontramos  um  processo  de  naturalização  dessas representações.  Procuramos,  além  disso,  conduzir  a  análise  das  representações  enquanto visões  sociais  de  mundo  amparadas  numa  perspectiva  de  classe,  já  que  os  discursos  desses historiadores têm endereço social, estão alinhados com posturas conservadoras de manutenção e  aprimoramento  das  relações  de  poder  em  que,  historicamente,  trabalhadores  negros escravizados e seus descendentes foram oprimidos. Ao mesmo tempo, procuramos valorizar o âmbito político do trabalho intelectual. Optamos por enfrentar o debate a partir dos trabalhos historiográficos,  considerando  legítimo  enfatizar  a  parte  dominadora  e  impositiva  desses discursos que, muitas vezes, são apresentados como se fossem a visão correta, única e natural da essência da identidade étnica sul-rio-grandense.

224 - Título: "O conselho de Estado imperial e a política externa brasileira: as relações com os países platinos (1851-1870”

Autor: Jaqueline Schmitt da Silva
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Clodoaldo Bueno (Unesp), Adriano Comissoli (UPF)
Defesa: 08/05/2014
Resumo: Este trabalho busca compreender o Conselho de Estado do Brasil Império e sua atuação na política externa brasileira para a região platina no período que vai de 1851, marcado pelo início das intervenções do Brasil na região, até 1870, data que marca o final da Guerra do Paraguai. Durante o reinado de D. Pedro II, esteve presente na senda política o terceiro Conselho de Estado, aprovado por lei em 1842 e permanecendo em vigor até o fim do Império, deveria aconselhar o Imperador nos mais variados temas, principalmente sobre a declaração guerra, ajustes de paz, negociações com as nações estrangeiras, assim como em todas as ocasiões em que o Imperador resolvesse utilizar as atribuições próprias do  Poder  Moderador.  Formado  pelos  políticos  mais  importantes  da  época,  eram escolhidos e nomeados pelo Imperador. Antes de chegar ao Conselho de Estado passavam por vários cargos na administração pública, como presidentes do Conselho de Ministros, Senadores,  Ministros  de  Estado,  Presidentes  de  Província,  Deputados,  compondo  um quadro  de  homens  convocados  também  em  razão  de  sua  trajetória  e  experiência  na política. Consultavam sobre assuntos variados, mas a submissão de questões ao debate dos conselheiros não era obrigatória. Para a realização deste estudo são utilizadas as Atas da  Seção  dos  Negócios  Estrangeiros  do  Conselho  de  Estado,  bem  como  as  Atas  do Conselho de Estado Pleno, observando aquelas que tratam especificamente das relações entre  o  Brasil  e  os  vizinhos  do  Prata:  Argentina,  Uruguai  e  Paraguai.  Nesse  período, marcado por conflitos constantes e atividade intensa da diplomacia brasileira na região, o Conselho de Estado teve importante participação nas discussões sobre a política externa a ser desenvolvida com relação a esses países. Analisando as atas das sessões, observa-se que  embora  se  tratassem  de  complexas  relações  diplomáticas  e  as  opiniões  dentro  do  Conselho  de  Estado  fossem  em  muitas  ocasiões  divergentes,  as  conclusões  a  que chegavam  priorizavam  a  ampla  defesa  dos  interesses  do  Império  na  região,  visando  o fortalecimento e soberania do Brasil diante dos demais países e a sua consolidação como nação hegemônica entre os países da América do Sul.

225 - Título: "A alta costura no Brasil: a modelagem na confecção sob medida (1980-2000)”

Autor: Maria Aparecida de Oliveira Israel
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Banca: Eloisa Helena C. da Luz Ramos (Unisinos), Marlise Regina Meyrer (UPF)
Defesa: 26/05/2014
Resumo: Por meio deste trabalho, pretende-se contribuir com a historiografia brasileira referente aos estudos de história da modelagem pelo viés da alta costura, analisando suas técnicas, da criação ao produto final, incorporadas na confecção de roupas sob medida no Brasil contemporâneo. O objetivo é evidenciar como a modelagem, aprimorada da alta costura, foi apropriada por criadores nacionais tais como Walter Rodrigues, Lino Villaventura e Adhemir Preschadt, nas décadas de 1980, 1990 e 2000. O recorte temporal escolhido deve-se ao período de atuação dos criadores em evidência. A metodologia utilizada tem por base a revisão bibliográfica, a pesquisa descritiva e o estudo dos processos criativos e modeladores, além de pesquisas realizadas em reportagens fotográficas de revistas e jornais de circulação nacional e regional. Inicialmente, são expostos elementos conceituais sobre a moda, ponderando questões relacionadas a seus métodos de propagação e de aceitação, bem como sua diferenciação como elemento cultural. Logo após, descreve-se as técnicas de modelagem e das áreas  intrínsecas à sua compreensão. Nesse contexto, explanam-se os métodos usados por criadores de moda que se relacionam com a alta costura, estabelecendo uma conexão entre suas práticas tradicionais e contemporâneas. Para compreender o comportamento dos consumidores da alta costura, usuários distintos e únicos de uma cultura secular, os quais se consideram em um patamar superior aos demais indivíduos, empregam-se as teorias de distinção sugeridas por Pierre Bourdieu, de distinção e imitação por Georg Simmel, além da contribuição das teorias de Frédéric Monneyron, Michèle Pagès-Delon, Edward Sapir e Marhsall Sahlins. Este trabalho proporciona uma análise entre os criadores nacionais e suas técnicas, verificando nas suas criações traços da modelagem e acabamentos provenientes da alta costura, por meio de seus próprios processos construtivos e, também, pela apropriação das técnicas francesas. A alta costura instaurada por Charles Worth (na segunda metade do séc. XIX) foi usada como referência neste estudo, sendo incorporadas a esse processo, em nível brasileiro, novas tecnologias e materiais, mas sua essência, detentora do bem-vestir e da distinção, permanece inalterada. Conclui-se esta pesquisa, observando que, no Brasil, apesar das técnicas de alta costura terem sido aprimoradas ao longo dos anos, essas ainda se mantêm semelhantes ao início de seu processo. Sobre isso é importante destacar que cada criador buscou a apropriação das técnicas sem alterá-las, preservando a matriz norteadora da modelagem sob medida.

226 - Título: "Não admitindo escusa alguma”: confiscos e recrutamentos na guerra civil rio-grandense (1835-1845)”

Autor: Ânderson Marcelo Schmitt
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin
Banca: José Iran Ribeiro (UFSM), Adriano Comissoli (UPF) 
Defesa: 27/05/2014
Resumo: Esta  dissertação  analisa as  características  do  Exército  farroupilha  na  guerra  civil  de 1835-1845,  ocorrida  na então  província  de  São  Pedro  do Rio  Grande  do  Sul.  Durante quase dez anos estiveram de lados opostos os próprios habitantes da província e também as  tropas  enviadas  de  outras regiões  do  Império  para combater  os  rebeldes.  Suas principais  causas  foram  as  reivindicações  econômicas  e  políticas  de  parte  da  camada latifundiária rio-grandense, que se considerava prejudicada pela organização econômica e  política do  Império.  Identificamos  as  maneiras  pelas  quais  as  forças rebeladas conseguiram  manter  a  guerra  contra  o  Império  brasileiro, uma  vez  que  possuíam um espaço geográfico limitado de ação. Dele deveriam retirar os seus recursos e realizar as suas  táticas  de  luta  e  de  recrutamento  de  soldados  para  suas  fileiras.  Os  farroupilhas, entendendo  a  necessidade  de organizar  a  retirada  dos  recursos  das  fazendas  da campanha e da serra, passaram a sistematizar e coordenar seu emprego, usando-as como imprescindível local de abastecimento das tropas. Criadas as condições de existência da luta  pelos  farroupilhas,  estas  foram  complementares  ao  engajamento  dos soldados  nas fileiras.  O  Exército  rebelde  foi  composto  a  partir  das  arregimentações  que  ocorreram por parte das autoridades distritais e municipais, e também por recrutamentos realizados pelos  oficias  do  próprio  Exército  farroupilha. Identificamos  determinadas  práticas  do Exército rebelado, sem as quais, este não teria conseguido se manter em armas contra o Império  brasileiro,  que  recebia  auxílios  econômicos  e  de  soldados  das  demais províncias  brasileiras. Como  fonte  de  pesquisa  nos  utilizamos  de  documentação contemporânea ao conflito, como os periódicos farroupilhas que tiveram circulação nos os  espaços dominados  temporariamente  pelas  tropas  rebeldes,  e  a  chamada  Coleção Varela,  que  possui  uma  gama  de  documentos  de  diversos  tipos  de  autoridades farroupilhas, que nos informam sobre as relações que poderiam perpassar a organização que os chefes políticos farroupilhas buscaram dar à sua organização. 

227 - Título: Longe da Pátria. A invasão paraguaia do Rio Grande do Sul e a rendição em Uruguaiana (1865)

Autor: Wagner Cardoso Jardim
Orientador: Prof. Dr. Mário José Maestri Filho
Banca: Jorge Luiz Prata de Sousa (Universo), Ana Luiza Setti Reckziegel  (UPF) 
Defesa: 05/06/2014
Resumo: Neste trabalho, apresentamos uma análise histórica da invasão do território sul rio-grandense pelas tropas paraguaias na segunda metade do século 19. O recorte espacial é a fronteira oeste do atual estado do Rio Grande do Sul, compreendendo as atuais cidades de São Borja, Itaqui e Uruguaiana. O trabalho é apresentado na perspectiva da história regional e procura compreender as relações existentes entre o ambiente local com o regional e internacional, caracterizando este enfoque. O eixo condutor da pesquisa foi a evolução do exército paraguaio ao longo do território invadido em 1865. Para compreender a dinâmica da guerra sob a ótica do exército paraguaio, foi necessário entender a organização sócio-política paraguaia desde sua emancipação como país independente, nas primeiras décadas do século 19, até os anos da guerra. Entendemos a guerra do Paraguai dentro de um contexto de mudanças e rupturas na América que desencadeou na formação dos Estados Nacionais. Os interesses das classes dominadoras suplantando os interesses de grupos enfraquecidos e a formação de alianças com o intuito de garantir a hegemonia do capitalismo comercial na região. Abordam-se as contradições no interior do exército paraguaio em uma perspectiva de compreender os insucessos da operação. Essa pesquisa aborda as sérias dificuldades enfrentadas pelo exército invasor ao longo da campanha, iniciada com a invasão da vila de São Borja e culminada com a rendição do mesmo na vila de Uruguaiana. O exército paraguaio tendo ficado cerca de 5 meses na região, e dado apenas dois combates de expressiva relevância e neles atestara a incapacidade para enfrentarem uma força oposta, minimamente organizada. O fracasso da expedição militar comandada pelo tenente coronel Antônio Estigarribia pode representar as contradições do Estado lopizta. Num exército onde a grande maioria dos praças pertencia a classe camponesa, pouco ou nada interessada no conflito com os países vizinhos, a baixa combatividade e as deserções foram constantes durante aquele evento. Fracasso maximizado pelas precárias condições de um exército mal armado, mal treinado e com oficiais incapazes de conduzir a tropa.

228 - Título: "Un periódico que no hable de política al presente, es lo mismo que un fusil sin cañon.”: imprensa periódica e a construção da identidade oriental (Província Cisplatina – 1821-1828)"

Autor: Murillo Dias Winter
Orientador: Prof. Dr. Adriano Comissoli
Banca: João Paulo Garrido Pimenta (USP), Ana Luiza Setti Reckziegel  (UPF) 
Defesa: 13/06/2014
Resumo:  O período histórico iniciado com a dissolução dos laços coloniais e as consequentes revoluções de independências no continente americano foi de transformação das estruturas de poder e do surgimento de novas formas de administração estatal e identificação local, processo tomado, geralmente, a partir do conceito de nação. Naqueles anos de fluidez das relações políticas e identitárias, diversos grupos disputaram a liderança do processo, divididos entre cidades, províncias e domínios antes determinados pela ocupação colonial da Espanha e de Portugal. Na Banda Oriental, ponto de interseção entre os antigos domínios portugueses e espanhóis na América, a situação transformou-se a partir da efetivação da dominação luso-americana na região com a criação da Província Cisplatina (1821-1828). Período que abarca o Congresso Cisplatino (1821) até a Convenção Preliminar de Paz (1828). Um dos elementos fundamentais das disputas era a imprensa periódica, em ebulição e vertiginoso crescimento - possibilitado pela nova conjuntura lusitana - nesse período de indefinições políticas, tanto no Brasil, nas Províncias Unidas do Rio da Prata, como na Cisplatina. Neste contexto de grandes questionamentos e instabilidade, marcado pela variedade e fluidez de relações, de projetos políticos, e também de transformação de alguns conceitos-chave, a imprensa periódica se constituía como o principal instrumento de discussão e circulação de ideias, tornando-se uma ferramenta fundamental para fazer e debater a política local e internacional. Outra característica dos periódicos da época era, no processo de construção de uma identidade local, Oriental, diferenciar estes dos invasores brasileiros e dos vizinhos portenhos. Os distintos jornais apropriavam-se e discutiam conceitos fundamentais como pátria, nação e opinião pública, forma de defesa de seus projetos políticos. Focalizando-se nos usos de alguns destes conceitos-chave, recorrentes nos debates, o trabalho analisa as peculiaridades de um discurso que criou uma imagem forte o suficiente para fornecer elementos distintivos para a criação em 1828 da República Oriental do Uruguai.

229 - Título: "No encalço do desejo: a homossexualidade em discursos – Chapecó/SC (1980-2010)"

Autor: André Luiz Lorenzoni
Orientador: Profa. Dra. Gizele Zanotto
Banca: Luciana Rosar Fornazari Klanovicz (Unicentro), Gerson Luís Trombetta (UPF) 
Defesa: 18/06/2014
Resumo: Essa pesquisa problematiza o processo de construção identitária de um grupo de sujeitos homossexuais de sexo masculino em Chapecó, Oeste de Santa Catarina, no período da sua História mais recente (1980 – 2010), em sentido de compreender parte da multiplicidade histórica que se produz na dinâmica social regional. A partir de uma perspectiva subjetiva e transdisciplinar da História, acredita-se que a problematização da construção da identidade homossexual masculina em Chapecó no período supracitado, pode contribuir significativamente para a compreensão de um grupo social pertencente a essa sociedade em transformação. Lançando mão da perspectiva teórica cartográfica e da metodologia da História oral, são analisados depoimentos realizados com sujeitos de identidade homossexual que vivenciaram e vivenciam experiências homossexuais em Chapecó entre as décadas de 1980 e 2010. A pesquisa parte de algumas questões centrais: Como a identidade homossexual era construída? Quais as referências macro e micro identitárias da homossexualidade? Quais e como alguns dispositivos atuaram na construção identitária? Como foi o processo de enfrentamento e tomada de posição frente à construção da identidade homossexual? Como foram e são expressas as experiências homoeróticas por seus praticantes? Como a sociedade chapecoense tratou e trata essas respectivas práticas? Existiram e/ou existem práticas coercitivas geradoras de processos segregacionistas em relação à homossexualidade? A partir principalmente de conceitos de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari, essa pesquisa percorreu a produção, análise e problematização das fontes orais, em sentido transdisciplinar, com o objetivo de compreender perspectivas em torno das dinâmicas da atuação dos dispositivos de poder influentes na subjetividade de Chapecó no período de 1980 a 2010. A relações sócio afetivas problematizadas na produção dos testemunhos são compreendidas enquanto elementos constitutivos da identidade subjetiva homossexual masculina e, consequentemente, de um grupo integrante da historicidade local. Historiam-se as relações afetivas, desejantes e sexuais entre sujeitos do mesmo sexo em Chapecó, enquanto experiências singulares e autênticas, dentro de um contexto de relações de poder e subjetividades que também compõe o quadro social local.

230 - Título: "A Ação Popular (AP) no Movimento Estudantil Universitário de Passo Fundo entre a implantação da ditadura militar e o AI-5"

Autor: Nilton de Oliveira
Orientador: Prof. Dr. Mário José Maestri Filho 
Banca: Gilberto Grassi Calil (Unioeste), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF) 
Defesa: 24/06/2014
Resumo: Este trabalho dissertativo busca entender o processo de atuação do grupo chamado Ação Popular (AP) no movimento estudantil universitário na cidade de Passo Fundo durante o período da ditadura civil-militar. O recorte histórico escolhido foi o período entre os anos de 1964, ano do Golpe Civil-Militar no Brasil, e o ano de 1968, ano do Ato Institucional número 5 que inaugurou o período de maior repressão às liberdades democráticas dentro da referida ditadura. Este período é marcado pela existência efetiva de uma ditadura com as limitações de liberdades de organização e mesmo combate às entidades que se opunham ao regime implantado. Porém o formato da repressão no período anterior ao Ato Institucional número 5 possibilitava a existência de ações e organizações do seio do movimento estudantil. Após este, existe um corte, as mobilizações de massa contrárias ao regime não existem mais. O movimento estudantil universitário é um dos mais perseguidos nesse processo. O objetivo central deste trabalho é perceber as transformações deste agrupamento que sofre profundas transformações na perspectiva organizativa e ideológica. Na perspectiva organizativa passa de um grupo eclético e pequeno burguês e transforma-se em um agrupamento revolucionário inspirado no Maoísmo. No aspecto ideológico parte de uma perspectiva de ação fundamentalmente cristã, passa por transformações até adotar a teoria marxista de entendimento de mundo. Estas transformações ocorrem em um período de profundas transformações políticas no Brasil. Este passa por regimes democráticos, um acirramento ideológico alimentado pela Guerra Fria até um golpe civil-militar e um posterior golpe dentro do golpe acirrando as práticas ditatoriais após o AI-5. Percebemos os efeitos destas transformações internas e externas entre estes jovens, inseridos no nascente ensino superior de Passo Fundo, este mergulhado em disputas e tensões pelo controle desta instituição. Foram analisadas as formas de disputas do movimento estudantil, suas bandeiras, suas formas de atuação, suas atividades neste período. Por fim buscaram-se as causas do fim da Ação Popular em nossa cidade. Quais foram os efeitos do acirramento da repressão ao movimento estudantil no seio da Ação Popular de Passo Fundo. Por fim colheram-se as análises que algumas destas lideranças da época fizeram deste período e de suas ações e seus julgamentos destas ações.

231 - Título: "Políticas Públicas do Banco Nacional de Habitação em Santa Maria - RS"

Autor: Tales Henrique Albarello
Orientador: Profa. Dra. Ironita A. P. Machado 
Banca: Dieter Rugard Siedenberg (Unijuí), Adelar Heinsfeld (UPF) 
Defesa: 30/06/2014
Resumo: O objetivo desta dissertação é analisar as políticas públicas implantadas por intermédio do Banco Nacional de Habitação, o BNH, em Santa Maria – Rio Grande do Sul, no período entre 1967 e 1986, e os resultados dessas políticas no atendimento das demandas da comunidade local. A delimitação temporal deste trabalho levou em consideração as obras realizadas pelo BNH na cidade de Santa Maria, sendo a primeira delas o Núcleo Habitacional da Vila Kennedy, comercializado no ano de 1967, e a última, o Núcleo Habitacional Passo da Ferreira, em 1986, finalizado no mesmo ano de extinção do BNH. Para atingir esses objetivos, foi realizada uma revisão bibliográfica acerca da Ditadura Civil-Militar, das políticas sociais executadas durante o período, das políticas públicas promovidas pelo Banco Nacional de Habitação e da urbanização da cidade de Santa Maria. Por meio de relatórios da Companhia de Habitação do Estado do Rio Grande do Sul e da Prefeitura Municipal de Santa Maria, foram pesquisadas as obras realizadas em Santa Maria que resultaram na criação de núcleos habitacionais e de reformas urbanas. Para a análise das demandas e dos resultados das políticas públicas implantadas pelo BNH, foi pesquisado o acervo do Jornal A Razão entre os anos de 1967 e 1986, em cujas páginas foram informadas demandas da comunidade santa-mariense nas áreas de habitação e reformas urbanas. Os núcleos habitacionais construídos em Santa Maria não foram suficientes para atender as necessidades da população de baixa renda, visto o mercado imobiliário estar em expansão em razão do crescimento vegetativo da população e da chegada de novos habitantes à cidade. As ocupações, locais em que a população passava a residir em razão da falta de alternativas, continuaram a surgir  e a existir. As reformas urbanas, que obedeciam as diretrizes do BNH, foram realizadas em áreas que já contavam com uma infraestrutura mínima, sendo que as obras serviram para qualificar esses espaços. As justificativas sociais do BNH não foram cumpridas, já que as áreas beneficiadas não eram as mais necessitadas. Bairros periféricos da cidade continuaram com infraestruturas precárias. Problemas como falta de água, de saneamento básico e de inundações foram frequentes. As políticas públicas de reformas urbanas promovidas pelo BNH, apesar de oficialmente carregadas de caráter social, foram destinadas às parcelas da população de renda média na cidade de Santa Maria. A demora do anúncio até a execução das obras ajuda a entender o problema da cidade. Apesar de ter sido criado para resolver o problema habitacional brasileiro, o BNH foi muito mais um instrumento utilizado para melhorar os índices econômicos do que propriamente atender as demandas da população de baixa renda do Brasil. Suas obras, mesmo que oficialmente não tivessem esse objetivo, ajudaram a elevar a especulação imobiliária, ao conduzir a valorização das áreas atendidas por seus investimentos. O BNH também foi usado politicamente pelos governos militares, como uma forma de fazer propaganda das obras realizadas durante a Ditadura Civil-Militar. Suas realizações destacam-se entre as formas encontradas para justificar a permanência dos militares no poder do Estado brasileiro.

232 - Título: "Visão de um jornalista norte – americano na imprensa brasileira: Drew Pearson na revista O Cruzeiro (1959-1961)"

Autor: Vagner Paulo Cazarotto Guarezi
Orientador: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Helder Volmar Gordim da Silveira (PUCRS), Marlise Regina Meyrer (UPF) 
Defesa: 05/08/2014
Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar a coluna Carrossel do Mundo, escrita pelo jornalista norte-americano Drew Pearson, na revista O Cruzeiro no período 1959-1961. Nesta análise, destacaremos os principais temas abordados por Pearson. O século XX foi marcado por constantes e grandes evoluções. Muitas delas criaram e alimentaram os maiores conflitos da história. Ideologias, conceitos e novas opções sociológicas surgiram, deram opções e viraram referências. As tecnologias desenvolvidas facilitaram a vida, derrubaram fronteiras e criaram disputas. O Brasil desse século foi desenhado por traços norte-americanos. A influência dos Estados Unidos criou conceitos e disseminou a cultura, a economia e a ideologia no país. Jornalisticamente falando, foi o jornalismo norte-americano que serviu como base para diagramar e estruturar os acontecimentos no país. Partindo desse pressuposto, a revista O Cruzeiro, criada em 1928, anexou ao seu esquadrão de ouro o jornalista norte-americano Drew Pearson, referência nas pautas de política internacional. Utilizando a revista como fonte para a pesquisa, buscamos em Drew Pearson o objeto a ser estudado no período de 1959-1961. Drew Pearson foi referência no jornalismo mundial. No Brasil, O Cruzeiro apresentava e trazia novidades aos leitores. Sua circulação alcançava os mais diversos cantos do país, fazendo com que sua abrangência e seu acesso se tornassem um marco dentro do período estudado. Pearson completava a americanização na revista. Dividia as páginas do semanário com anúncios, propagandas e notícias sobre o imaginário norte-americano. Tendo como objeto de estudo a coluna Carrossel do Mundo, nosso alvo é mostrar e analisar os temas debatidos na coluna, inserindo-nos no contexto internacional. A revista foi um veículo formador de opinião, seu conteúdo era de grande variedade e focava-se em um público de maior poder aquisitivo. O periódico trazia notícias a partir da visão de um jornalista norte-americano, vinculado em um meio de comunicação com origens capitalistas e com ideologias norte-americanas.

233 - Título: "Da produção colonial ao sistema agroindustrial: a modificação do perfil produtivo da região de Chapecó (1920-1980)"

Autor: Ivone Maria Serpa
Orientador: Profa. Dra. Rosane Marcia Neumann
Banca: Marcos Antônio Witt (Unisinos), João Carlos Tedesco (UPF) 
Defesa: 21/08/2014
Resumo: Esta dissertação  tem  como  objetivo  o  estudo  da  passagem  da  produção  da  pequena propriedade  colonial  para  a  produção agroindustrial,  com  a  formação  das agroindústrias na região da grande Chapecó, no oeste catarinense, entre 1920 e 1980. Esse  recorte  temporal justifica-se  pelo  fato  de  a década  de  1920  ser  o  início  do processo  de  atuação  das  empresas  colonizadoras e  a  estruturação  de  um modelo  de produção colonial, e a década de 1980 marca o processo de solidificação do complexo agroindustrial  da  região.  Em  termos metodológicos,  optou-se  pela  coleta  e  análise  de um  conjunto de dados  quantitativos  e  revisões  bibliográficas,  que possibilitaram acompanhar  a  formação  e  desenvolvimento  da  produção  agroindustrial.  A  região Oeste  foi  alvo  de  disputas  pela  posse  do território,  dada  à  diversidade  de  atividades possíveis de serem praticadas na região. As colonizadoras foram as responsáveis pelo processo de atração de novos moradores, principalmente colonos rio-grandenses. Entre as  décadas  de  1920  e  1940,  além  de ser a fase  de  colonização,  tem-se  o ciclo econômico da  erva-mate,  que  depois  de  esgotado  passa  à  atividade  da  madeira,  que vem  ao  encontro  do  necessário desmatamento  para  a  formação  dos  povoados  e  o consequente  lucro  advindo  com  o  seu  comércio,  esse  ciclo  finda  com  a  exaustão  das matas,  dando  lugar  ao  ciclo  agroindustrial.  O  processo  de  mudança  do  perfil econômico e produtivo iniciou com a modernização agrícola e derivou na constituição e expansão  agroindustrial,  entre  as  décadas  de  1970  e  1980,  a  partir  dos  sistemas  de produção  integrada  avícola  e suinícola,  que  tornou  a  pequena  unidade  familiar dependente e subordinada ao sistema de produção capitalista. Esse processo garantiu e auxiliou o  desenvolvimento  da região  Oeste, tornando-a  um  referencial  nacional  no que tange ao setor agroindustrial. A região passou de uma economia colonial, entre as décadas  de  1920  e  1940,  para  uma  economia  agroindustrial  baseada  no  sistema  de integração  inicialmente  de  suínos  e, posteriormente,  de  aves,  entre  1970  e  1980. Voltada dessa forma para o grande  mercado  nacional  e  internacional,  passando  a  ser um dos maiores centros agroindustriais do país.

234 - Título: "Paul Poiret e Coco Chanel: análise das mudanças na moda europeia no inicio do século XX (1900-1930)"

Autor: Maira Ilda Locatelli
Orientador: Profa. Dra.Marlise Regina Meyrer
Banca: Eloisa Helena Capovilla da Luz Ramos (Unisinos), Gerson Luís Trombetta (UPF) 
Defesa: 05/09/2014
Resumo: O estudo trata das transformações ocorridas na moda no início do século XX, mais especificamente  de  1900  a  1930,  período imediatamente  anterior  e  posterior  à Primeira  Guerra  Mundial,  contexto  que  exerceu  significativas  influências  no comportamento  e  nos valores relativos  ao  universo  feminino europeu  e, consequentemente,  alterou  as  formas  de  vestir-se  e  mostrar-se  em  público.  O trabalho  é  um estudo  comparado  entre  as  criações  de  dois  dos  mais  influentes estilistas do período, Paul Poiret e Gabrielle Coco Chanel. O estilista Paul Poiret foi considerado o primeiro estilista francês, no sentido moderno do termo, considerado por alguns autores o "libertador dos corpos femininos", pois promoveu o fim do uso do  espartilho,  inovou  na  utilização  das  cores,  na  diferenciação  das  formas  de modelagem, divulgando suas produções também de forma inovadora, em catálogos ilustrados por grandes artistas, em especial, os álbuns “Les Robes de Paul Poiret” (1908) e o “Les Choses de Paul Poiret” (1911), fontes desta pesquisa. Os problemas e  as  dificuldades  geradas  pela  Guerra  com  relação  ao  vestuário  feminino,  levou  a um processo  de  simplificação  e  adequação  aos  novos  papéis  e  atitudes  das mulheres, durante e no pós-guerra. Simbolizando este novo contexto, Coco Chanel, emerge  no  cenário  da  moda  mundial,  trazendo  o  guarda-roupa  masculino  para  as vestimentas  femininas,  utilizando  tecidos com fibras  têxteis  químicas  e  com  teor mais simples, considerados pobres para época. Chanel torna-se precursora de uma moda confortável  e funcional. A  nova  moda  faz  uso  de  um  também  novo  meio publicitário,  as  revistas  especializadas  de  moda,  sendo  a  Vogue,  a  principal referência  e, também,  fonte  desta  pesquisa.    Para  fins  de  comparação  entre  as produções  dos  dois  estilistas  foram  eleitas três  categorias  de  análise:  os meios publicitários  utilizados  pelos  estilistas  Poiret  e  Chanel,  em  específico  nos  álbuns ilustrados  e  as  revistas  Vogue  francesas;  os  tecidos utilizados  por  ambos  os estilistas e a estética feminina privilegiada pelos criadores em questão.

235 - Título: "Empreendimentos de economia solidária: alternativas de organização no mundo do trabalho (Chapecó, 1990-2010)"

Autor: Sedenir Fiore
Orientador: Prof. Dr. Adriano Comissoli
Banca: Paulo Afonso Zarth (Unijuí), João Carlos Tedesco (UPF) 
Defesa: 11/09/2014
Resumo: A presente dissertação investiga as relações sociais de trabalho que se desenvolvem dentro dos empreendimentos de economia solidária, localizados na cidade de Chapecó, SC entre os anos de 1990 e 2010. Ela visa observar se os empreendimentos de economia solidária são significativos, dentro do contexto socioeconômico de Chapecó, para a construção de novas formas de organização do trabalho no período proposto. O Problema que orientou o percurso desta investigação pode ser assim proposto: os princípios propostos para empreendimentos de economia solidária se efetivam nos empreendimentos estudados? A hipótese que trabalhamos é a de que as formas de organização do trabalho presentes nos empreendimentos solidária se distanciam daquelas identificadas nas empresas capitalistas tradicionais, não como uma nova lógica econômica, mas com elementos que aas caracterizam como alternativas. O trabalho foi organizado em três momentos. Num primeiro momento foi contextualizada historicamente a formação socioeconômica da cidade de Chapecó, tratando dos principais aspectos de seu desenvolvimento econômico e a formação do parque agroindustrial da cidade, em seguida foi apresentada, com base na leitura da bibliografia especializada, as principais características da organização do trabalho nas indústrias Sadia S.A e Aurora, atualmente BRF Alimentos, usando estas como modelos comparativos com aquelas analisadas nos empreendimentos de economia solidária.    Num segundo momento, analisou-se as formas de organização do trabalho dentro dos empreendimentos de economia solidária por meio da caracterização das relações de trabalho inerentes às empresas solidárias da cidade de Chapecó, tendo como marco temporal inicial os primeiros anos da década de 1990. O terceiro momento voltou-se para a apresentação dos resultados da pesquisa empírica realizada em dois empreendimentos de economia solidária da cidade de Chapecó com o intuito de analisar as principais características de organização social do trabalho observáveis no interior desses empreendimentos e a coerência ou discrepância com a teoria proposta pelos pensadores da economia solidária. Em termos metodológicos optou-se por uma reflexão que combine elementos teóricos, provenientes da pesquisa bibliográfica, e análise empírica, recolhida do estudo dos empreendimentos propostos. Os resultados obtidos confirmam a hipótese de trabalho, sendo que as formas de organização do trabalho no interior dos empreendimentos de economia solidária se distanciam das formas de organização nas agroindústrias do município de Chapecó, pois as empresas solidárias privilegiam a solidariedade em detrimento da competição, a gestão do coletivo ao invés do individualismo e da heterogestão, do valor da vida à reprodução simples do capital. 

236 - Título: "A Serrilhada: fronteira e identidades no Brasil Meridional"

Autor: Natali Braga Spohr Schmitt
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin
Banca: Ronaldo Colvero Bernardino (Unipampa), Marlise Regina Meyrer (UPF) 
Defesa: 11/09/2014
Resumo: Mais da metade do território do Rio Grande do Sul tem contato internacional, condição sine qua non para o protagonismo da fronteira na sua história. Ao mesmo tempo em que delimitam, as zonas de fronteira estabelecem ligações, e delas decorrem heterogêneas possibilidades nas identidades. “A Serrilhada: fronteira e identidades no Brasil Meridional” é o título do texto dissertativo apresentado ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo, na Linha de Pesquisa Cultura e Patrimônio, sob a orientação do Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin. O tema principal da pesquisa é a construção das identidades num lugar situado exatamente sobre a linha que demarca a fronteira entre o Brasil e o Uruguai, a Serrilhada/Cerrillada, vilarejo de pouco mais de 400 habitantes, pertencente igualmente à brasileira Dom Pedrito e à uruguaia Rivera. No contexto da pesquisa, é traçado um panorama historiográfico do Rio Grande do Sul, onde são relembrados os Tratados de Limites, bem como as estratégias de manutenção das fronteiras e as políticas contemporâneas para elas. Objetiva-se contar sobre um lugar e refletir sobre os conceitos de identidade através da sua vida material, como a casa, a escola e o cemitério. Neste ínterim, aborda-se o universo do trabalho, dentro do qual são tratadas questões do passado de escravidão e contrabando, as lides no campo e a contemporaneidade com as novidades do cinema e das redes sociais. Também se versa das manifestações culturais apreendidas a partir da maneira de se vestir, das crenças e da língua.  Com os aportes teóricos que se ocupam dos conceitos importantes para o estudo, demonstra-se o hibridismo da vivência nesta fronteira do Brasil Meridional, que revela um constante exercício de construção identitária por meio das interfaces entre as estratégias de sujeitos como Edu Macedo, seu principal “guardião de memórias” e cuja experiência viabilizou este registro. 

237 - Título: "Independente, não neutro.” Poder e imprensa no norte do RS (1916-1930)"

Autor: Gabriela Tosta Goulart
Orientador: Profa. Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Fernando da Silva Camargo (UFPEL), João Carlos Tedesco (UPF)
Defesa: 16/09/2014
Resumo: Esta dissertação tem o objetivo de estudar a relação entre a liderança política  e a imprensa regional, no norte do Rio Grande do Sul, no período que se estende de 1916 até 1930. Entende-se que a imprensa foi um dos sustentáculos do poder da elite política regional desde a proclamação da República em 1889, avançando por todo o período da chamada República Velha, até 1930. Nesse período, foram identificados cerca de 16 jornais, alguns de duração efêmera e outros cuja longevidade alcança os dias atuais.  Essa imprensa registrou os embates políticos e muitas vezes foi criada com o objetivo de ser porta-voz dos políticos regionais. Assim sendo, constatou-se uma verdadeira identidade estabelecida entre a política e a imprensa. Os casos mais emblemáticos foram os dos jornais A Voz da Serra e O Nacional. A Voz da Serra, fundado em 1916, vinculou-se à causa do Partido Republicano Riograndense (PRR) por vínculo ideológico entre o proprietário do jornal e o líder regional Nicolau de Araujo Vergueiro. Por sua vez, O Nacional foi fundado em 1925 pelos filhos de coronel Gervasio Lucas Annes, figura política que ditou a hegemonia do PRR em âmbito regional e orientou grande parte da imprensa citada. Gervasio Lucas Annes construiu uma identidade de liderança política e deixou como sucessor Nicolau Araujo Vergueiro, portanto, a  análise proposta nessa pesquisa leva em consideração a importância da imprensa na manutenção da dominação do PRR na região a partir de um contexto estadual que foi permeado por duas guerras civis. A Revolução Federalista, de 1893, que opôs maragatos e pica-paus e a Revolução de 1923, que abalou, hegemonia do PRR e demonstrou que as oposições político-partidárias só conseguiam se manifestar através da via revolucionária. Nesse sentido, a manutenção do poder do PRR em âmbito regional sofreu contestação e a imprensa foi um dos suportes para a viabilização do domínio dos seguidores do castilhismo-borgismo no período em questão.

238 - Título: "O processo de patrimonialização e a turistificação da Romaria de Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças de Santa Maria/RS (2003-2012)"

Autor: Franciele Moreira Cassol
Orientador: Profa. Dra. Gizele Zanotto
Banca: Marta Rosa Borin (UFSM), Ironita Policarpo Machado (UPF)
Defesa: 24/09/2014
Resumo: A devoção a Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças teve início na Bélgica, na década de 1920, com o cardeal Desidério José Mercier, um dos pioneiros da teoria da mediação, na qual Maria é venerada como mediadora das graças divinas. No Brasil, a crença na Mãe Medianeira expandiu-se a partir de sua devoção no interior do Estado do Rio Grande do Sul, mais precisamente a partir da cidade de Santa Maria. Hoje, a Romaria em homenagem a Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças, que é a padroeira do Estado, acontece no segundo domingo de novembro e mobiliza mais de 250 mil pessoas por ano. O presente texto tem entre suas finalidades dissertar sistematicamente sobre a história da Romaria, refletir sobre sua patrimonialização, bem como analisar, em especial, as relações de poder que transformam um evento religioso em uma “mercadoria” para o turismo local. Esta investigação se insere no campo da História Cultural e da Memória Social, sendo esta uma pesquisa na área de História e participante da Linha de Pesquisa Cultura e Patrimônio. Nesse contexto, objetiva, ainda, discorrer e refletir sobre os processos de construção da identidade social de um grupo de pessoas a partir da devoção das romarias a Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças, ora defendida como Patrimônio Imaterial. Nesse contexto, a metodologia empregada constituiu-se de pesquisa bibliográfica e, principalmente, de investigação em fontes primárias locais, destacando-se os jornais A Razão (1934) e Diário de Santa Maria (2002), em um recorte temporal que se inicia antes do surgimento da devoção, ou seja, fins do século XIX até os dias de hoje, dando um enfoque especial à última década deste século. O referencial teórico abrangeu pesquisadores locais não acadêmicos como Isaias, Belmonte, Paixão, Weinzemenn e acadêmicos como Biasoli, Boreli, Borin, Bourdieu, Chartier, Geertz, Pohl e Segalen.

239 - Título: "A mulher trabalhadora em busca de direitos na Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul: desafios da emancipação feminina nos anos 1941-1946"

Autor: Giselda Siqueira da Silva Schneider
Orientador: Profa. Dra. Janaína Rigo Santin
Banca: Florisbal de Souza Del´Olmo (URI), Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Defesa: 11/09/2014
Resumo: A presente pesquisa trata da implementação dos direitos da mulher trabalhadora na Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul, no recorte temporal de 1941 a 1946. Para tanto, utiliza como referencial o campo de estudo da História das Mulheres, ao resgatar sobre a trajetória desses estudos e as contribuições para entender-se a relação entre o movimento das mulheres e a questão dos direitos tutelados pelo Estado. As fontes primárias utilizadas foram os processos findos preservados e que se encontram no Memorial da Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul. Logo, na análise constam Reclamatórias das Varas Trabalhistas existentes no período, na ocasião denominadas Juntas de Conciliação e Julgamento, das cidades de Porto Alegre, Rio Grande, São Jerônimo e Pelotas. A Justiça do Trabalho que surge por iniciativa do Presidente Getúlio Vargas institui-se pela Constituição de 1934, inaugura-se em 1941 e integra-se ao Poder Judiciário somente em 1946. No contexto de uma política de ordenação do mercado de trabalho, onde a legislação trabalhista, previdenciária e sindical tem destaque, a Justiça do Trabalho desenvolve-se dentro da ideologia de um Estado corporativo que tenta proscrever a luta de classes e oferecer aos litigantes uma forma pacífica de solução das controvérsias trabalhistas. Ao considerar a positivação da legislação protetiva em relação ao trabalho da mulher no Brasil entre 1930 a 1945, entre outros direitos, como o direito ao voto em 1932, quer-se verificar sobre o acesso das mulheres a essa instância judicial. Tal intento justifica-se porque embora a conquista de direitos no plano da lei, ainda existia no âmbito social uma forte resistência à ideia da mulher em trabalho fora do ambiente doméstico. A pesquisa em tais fontes pretende também, demonstrar o valor histórico dos documentos, no presente caso, dos processos judiciais sob a guarda do Memorial da Justiça do Trabalho no Rio Grande do Sul, aliado à pesquisa e à revisão bibliográfica. Visa-se compreender um pouco mais, do universo das trabalhadoras rio-grandenses no período e a possível relação da Justiça do Trabalho no tocante à promoção e efetividade dos direitos sociais. 

240 - Título: "Em memória da cativa, uma memória que cativa? Análise da construção dos monumentos, da memória e da patrimonialização do Chafariz da Mãe Preta e da Praça de Mãe de Passo Fundo"

Autor: Diego José Baccin
Orientador: Profa. Dra. Ironita Policarpo Machado
Banca: Sandra de Cássia Araújo Pelegrini (UEM), Gizele Zanotto (UPF)
Defesa: 21/11/2014
Resumo: Este trabalho analisou o processo de patrimonização de dois bens culturais coletivos enquanto patrimônios históricos culturais da cidade de Passo Fundo. O Chafariz da Mãe Preta, de 1863, portando, antes da abolição da escravatura no Brasil, que faz referência a uma pessoa escravizada - a Mãe Preta. E o surgimento do Monumento à Mãe um centenário após o primeiro, em 1964. A problemática discorre no sentido de identificar as possíveis tramas de relações entre os sujeitos que decorreram na inauguração de ambos os monumentos, de forma que seja possível considerar como no decurso da história municipal ocorreu o processo de composição dos referidos espaços de memória, constituindo-se como bens patrimoniais que carregam elementos de materialidade história - os monumentos propriamente ditos. Como também, de imaterialidade simbólica, no sentido de que os bens analisados apresentam características que se reportam a noções indenitárias, e a estes são atribuídas significações e representações diversas e contraditórias. Assim, objetiva-se compreender as relações que se estabeleceram no âmbito político municipal as quais propiciaram a criação dos monumentos; busca-se o entendimento do conjunto das relações culturais, simbólicas e sociais, ponderando as diversas significações e representações que sofreram no decurso de sua historicidade, e os usos que lhes foram aferidos na perspectiva da construção e reconstrução de sentido frente à relação entre história e memória, ou memória e história, para considerar a existência, ou não, de um vínculo causal entre o Chafariz e o Monumento. A fundamentação teórica sustenta-se em duas perspectivas: uma de Jacques Le Goff, frente às considerações de que a memória é a propriedade de conservar certas informações. Outra de Roger Chartier, na acepção de que a realidade histórica só chega ao historiador por meio de representações, pois em diferentes épocas a realidade social é construída, dotando o presente de significado. Viabilizando o acesso as informações disponíveis acerca dos bens patrimoniais, a pesquisa constituiu-se em análise de registros iconográficos, buscando perceber como os monumentos foram representados enquanto objetos e como a partir dos objetos os indivíduos representaram os monumentos. Registros escritos foram consultados com a intenção de reconstruir as informações neles constantes, a fim de perceber os pontos convergentes e os divergentes acerca dos dados históricos que envolvem o Chafariz e o Monumento. Por meio da história oral, realizou-se processo de entrevistas. E por fim, aplicou-se ficha de coleta de informações; quando de posse destes dados, fornecidos pelos depoentes, verificou-se como os monumentos na atualidade são significados, representados e o que permanece na memória da população envolvendo a história dos monumentos, através do instrumento de análise amostragem. Assim, o que permanece hoje de memória acerca dos monumentos diz respeito à história dos mesmos, parece que não. De fato, o fazer histórico reconduz a novas leituras e interpretações, e, em muitos casos, o que fica talvez evidente é um processo de apagamento da memória, assim não há representação ou significação para história coletiva, realidade que favorece o esquecimento pelo ente social ou político.

241 – Título: “Entre o erudito e o popular: a flauta transversal de Plauto Cruz na história do Choro (1940-2002)”

Autor: Alexandre Pompermaier
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Banca: Isabel Porto Nogueira (UFPel/UFRGS), Adriano Comissoli  (UPF)
Defesa: 11/12/2014
Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo perfazer uma análise histórica social e sonora do gênero musical Choro, apontando para o norte que o caracteriza como uma manifestação musical de síntese erudita e popular. Trata-se de uma abordagem que parte das suas origens em fins do século XIX, culminando na fixação do gênero nas primeiras décadas do século XX. Trajetória de transformações, adaptações e incorporações que seguiu paralela com as transformações da sociedade brasileira. Caminhando pelo mesmo viés histórico procura-se debater os conceitos do erudito e do popular na cultura brasileira buscando evidenciar os reflexos que esta relação e disputa tiveram no Choro, partindo do princípio de que a música é um reflexo da sociedade e na inversa proporção a sociedade de seus gêneros musicais. Além disso, busca-se compreender o processo de assimilação e incorporação destes elementos sociais e sonoros no Choro como respostas para lacunas ainda presentes na historiografia do gênero que o aborda como manifestação cultural musical popular unicamente, sem considerar os elementos da vertente erudita. Nesta mesma perspectiva tem-se a inserção da flauta transversal no discurso analítico por se tratar de um instrumento característico do gênero, que marcou sua sonoridade nas rodas de Choro já no final do século XIX tornando-se indispensável por seu caráter solista. Uma representação sonora autêntica do elo entre as culturas do erudito e do popular no Choro que teve início por Callado e Reichert nos primeiros momentos da história do gênero. Estes, que por sua vez, fixaram as bases desta linguagem de flauta refletida nas obras de inúmeros compositores e flautistas de várias gerações posteriores como Patápio Silva, Pixinguinha, Benedito Lacerda, Altamiro Carrilho e o próprio Plauto Cruz. O "Mago da Flauta", como é conhecido o flautista e compositor rio-grandense Plauto Cruz apresenta em suas obras a herança histórica desta síntese do popular e do erudito, tanto no que diz respeito à linguagem da flauta no Choro, quanto aplicadas à sua formação e vivências em sua realidade regional do Rio Grande do Sul. Um legado que transcende as linhas geográficas do estado sulino e o coloca como um dos representantes do Choro a nível nacional, tamanha sua representatividade neste cenário composicional e interpretativo. Finalizando, a tensão reside em apresentar ao leitor como ocorre este processo de cristalização destes elementos do erudito e do popular no Choro pela da flauta transversal, analisando diretamente parte da obra do compositor e flautista Plauto Cruz. Obra esta que é constituída por partituras e áudios, reflexo de uma produção recente datando de fins da década de 1970 até o ano de 2002.

242 – Título: “O SERTÃO E O CATIVO: Escravidão e Pastoreio. Os Campos de Palmas - Paraná 1859-1888”

Autor: José Lúcio da Silva Machado 
Orientador: Prof. Dr. Mario José Maestri Filho 
Banca: Flávio dos Gantos Gomes (UFRJ), Ironita Policarpo Machado (UPF)
Defesa: 18/12/2014
Resumo: A presente dissertação tem por objetivo observar as relações escravistas em áreas voltadas para a economia pastoril, destacando a influência e as contribuições dos trabalhadores escravizados no desenvolvimento das mesmas. Para tanto, procuramos identificar os modelos teóricos utilizados pelos principais pesquisadores que escreveram sobre este tema e justificar nossa opção pelo modelo de analise proposto por Jacob Gorender, ao abordar a escravidão no Brasil como um modo de produção historicamente novo. O trabalho discute as diferentes formas de abordagem deste tema, e dos modos de tratamento quando nos referimos a estes trabalhadores. Através de extensa revisão bibliográfica, o texto procura demonstrar o processo inicial de colonização do Brasil, realizando um resgate histórico sobre a introdução dos primeiros gados e trabalhadores escravizados no território brasileiro. O texto destaca a introdução dos trabalhadores escravizados de origem africana e sua disseminação pelos diferentes setores da economia do Brasil, procurando apontar os fatores que favoreceram esse tráfico, observando também as transformações relativas à população nativa. Analisamos o desenvolvimento e expansão da atividade pastoril, observando as regiões onde estas atividades predominaram e as funções desempenhadas pelos trabalhadores escravizados nessas áreas. Por fim, abordamos os Campos de Palmas observando as características dos trabalhadores escravizados e as profissões desempenhadas por estes cativos, estabelecendo uma relação entre sua presença nessas áreas de criação, e seu grau de envolvimento nas atividades de campo como o pastoreio, mas também nos trabalhos agrícolas de subsistência e domésticos. Destacamos ainda para esta região dos Campos de Palmas as proporções entre cativos do sexo feminino e masculino, observando as profissões desempenhadas por estes trabalhadores e o grau de dependência dessa sociedade em relação à mão de obra escravizada. Analisamos também a movimentação de compra e venda desses trabalhadores, sua circulação local, as concessões de liberdade e as condições em que estas relações se desenvolveram. 

243 – Título: “A intrusagem e desintrusagem nas terras da Companhia Territorial Sul Brasil”

Autor: Luiz Fernando Ferrari
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Paulo Afonso Zarth (UNIJUI), Rosane Márcia Neumann (UPF)
Defesa: 18/12/2014
Resumo: Este estudo tem como proposta discorrer acerca da intrusagem e desintrusagem nas terras da Companhia Territorial Sul Brasil nas décadas de 1960-1970 na região Oeste catarinense. Pretende-se discutir sobre a construção da propriedade privada, como o caboclo entendia seus territórios, como concebia o uso comum da terra, e como definia a sua organização comunitária. Discutiu-se o entendimento que o caboclo tinha sobre seu território onde ocorreu à destruição de seu espaço, e porque esse espaço passa a ter uma funcionalidade racional do capitalismo, a partir das relações de poder que se estabelece entre o Estado e as individualidades. Neste trabalho discutiu-se também a nova emigração do colono e das companhias colonizadoras na região, compreendendo assim, a atuação dessas companhias colonizadoras no Oeste catarinense, bem como entender de que maneira a região se tornou palco de disputas no processo de construção. No cenário de colonização ocorre a normatização dos territórios agrários, através das políticas de ação do Estado, que regulamenta as políticas da colonização. Portanto, o estudo visa analisar a constituição da Companhia Territorial Sul Brasil, suas ações, os métodos e estratégias, a política de atuação e as estratégias de mercantilização das terras na região Oeste catarinense. Ao longo da atuação da companhia, ocorre um maior número de caboclos e de colonos na condição de intrusos, pois não possuía um documento de legalidade da posse da terra, o que gerou uma série de conflitos nas concessões de terras da companhia. Este trabalho tem como proposta analisar as estratégias, os meios pelo qual esses intrusos utilizavam para permanecer na posse da terra e como ocorreu os embates entre os considerados intrusos e a companhia. A intensa presença de grupo em desacordo com a proposta racional do capitalismo, resultou numa das principais dificuldades da companhia na região, a intrusagem e desintrusagem de caboclos e colonos.