Dissertações defendidas

2008

109 – Título: A Felicidade Propagada: publicidade, história e imaginário de consumo em Passo Fundo – RS

Autor: Cleber Nelson Dalbosco
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Profª. Dr. Ada Cristina Machado Silveira (UFSM), Prof. Dr. Luiz Carlos Tau Golin (UPF)
Data Defesa: 09/01/2008
Resumo: Ao fazer o uso de anúncios publicitários veiculados no jornal local O Nacional, durante o fim dos anos 1960 e principiar da década de 1970, o presente trabalho pretende indicar algumas características relacionadas ao contexto da sociedade de Passo Fundo que servem para compreender as relações efetivadas pela sedução publicitária; identificando manifestações do período em que foram elaborados e veiculados, ao mesmo tempo, que capacitam a compreensão de noções ambicionadas pelos indivíduos como: “conforto”, “modernidade”, preservação de recursos econômico-financeiros.
Palavras-chave: imaginários sociais, imaginário de consumo, publicidade, cotidiano e poder.

110 – Título: A representação cultural gauchesca do município de Passo Fundo

Autor: João Vicente Ribas
Orientador: Prof. Dr. Tau Golin.
Banca: Profª. Dr. Ada Cristina Machado Silveira (UFSM), Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman (UPF)
Data Defesa: 10/01/2008
Resumo: A representação do município de Passo Fundo através de uma identidade gauchesca é o tema desta dissertação. Estão incluídos na pesquisa os agentes e espaços engajados na invenção e reprodução dessa identidade na cidade, nos âmbitos culturais, políticos e midiáticos, como forma de representação da municipalidade. São analisados livros de história, eventos, cobertura de imprensa e projetos políticos que tratam da questão, desde a fundação do primeiro Centro de Tradições Gaúchas, em 1952, passando pela gravação do filme “Gaúcho de Passo Fundo” de Teixeirinha, até as comemorações do aniversário de 150 anos de emancipação política do município, em 2007.
Palavras-chave: História do Rio Grande do Sul. Passo Fundo. Gauchismo. Política Cultural. Identidade.

111 – Título: As miniaturas na imaginária missioneira: O acervo do Museu Monsenhor Estanislau Wolski

Autor: Jacqueline Ahlert
Orientador: Prof. Dr. Tau Golin.
Banca: Profª. Dr. Graciela Rene Ormezzano (UPF), Prof. Dr. Claudio Boeira Garcia (Unijuí)
Data Defesa: 10/01/2008
Resumo: Neste trabalho são analisadas as miniaturas remanescentes da cultura material das Missões jesuítico-guaranis em exposição no Museu Monsenhor Estanislau Wolski, localizado na cidade de Santo Antônio das Missões, Rio Grande do Sul, Brasil. Essas imagens de santos, da Virgem e de Cristo, produzidas por índios guaranis e missionários jesuítas entre os séculos XVII e XVIII na Província Jesuítica do Paraguai, não são compreendidas somente como objetos produzidos em tempos passados, mas nas diferentes representações entre o material e o imaginário construído pelos níveis de relacionamento socioculturais que se fizeram presentes: autoridade colonial espanhola, Igreja Católica, índios guaranis e missionários, e que confluíram para a concretização de um estilo missioneiro de arte, com características oriundas de uma raiz mestiça, onde a intervenção do guarani introduziu os ícones cristãos na historicidade que define a formação de um estilo construído a partir de ressignificações e interpretações fortemente marcadas pela cultura ancestral anímica guarani. Essas representações são estudadas à luz do contexto de um processo de negociações decorrente do contato intercultural entre europeus e ameríndios e, neste sentido, sobre as balizas de fronteiras culturais e geográficas. A força persuasiva da didática barroca, que permeava a ambiência reducional, e a lógica contra-reformista de ampliação dos domínios católicos também são consideradas na perspectiva da incorporação dos preceitos cristãos. As miniaturas evidenciam a transposição do ambiente sagrado da Igreja para o espaço individual do culto doméstico. No espaço da subjetividade a estética autóctone logrou emergir, ressimbolizando a iconografia católica.
Palavras-chave: imaginária guarani-missioneira, miniaturas, mestiçagem, religiosidade, representação.

112 – Título: Sim ou Não: A luta política pela emancipação do município de Marau e as disputas pelo poder

Autor: Eliane Aguirre
Orientador: Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho
Banca: Profª. Dr. Thaís Janaína Wenczenovicz (UPF), Eduardo Munhoz Svartman (UPF)
Data Defesa: 15/01/2008
Resumo: Este estudo apresenta uma abordagem das disputas políticas ocorridas no município de Marau verificadas durante o movimento emancipacionista, entre 1945 e 1955, e posterior a ele. A delimitação temporal, entretanto, que se inicia com o fim do Estado Novo estende-se até a década de 1980, no período da redemocratização, após o fim da ditadura militar, no início da abertura política. O trabalho também aborda o papel da Igreja Católica na luta política local, assim como a característica étnica do lugar, determinada pela presença de descendentes de italianos. Outro tópico na presente dissertação diz respeito aos embates políticos locais verificados no período da ditadura militar, especialmente no que concerne às legislaturas ocorridas após a emancipação político-administrativa. Frente a este contexto, objetiva-se mostrar a luta pelo poder político local, uma vez que o PSD consistia na maior força eleitoral no então distrito de Marau, enquanto o PTB está no comando da prefeitura do município, em Passo Fundo. Assim, na conquista pela autonomia municipal de Marau, diferentes atores políticos articularam-se das mais variadas formas, revelando que o jogo político extrapola as dimensões tradicionais, abarcando a sociedade em toda complexidade que a compõe.
Palavras-chave: Marau, história, emancipação política, partidos políticos.

113 – Título: A (Re)Construção da Italianidade no Norte do Estado do  Rio Grande do Sul – Viadutos (1910 – 1970)

Autor: Marilei Veroneze
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Profª. Dr. Maria Catarina Chitolina Zanini (UFSM), Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta (UPF)
Data Defesa: 29/02/2008
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo compreender o processo de (re) construção da categoria da italianidade no Norte do estado do Rio Grande do Sul, especificamente na localidade de Viadutos, no período de 1910 a 1970, onde as relações interétnicas são vividas no cotidiano, pois a região é constituída de vários grupos étnicos. Para isso, estuda os elementos que (re)constroem a italianidade na relação de alteridade estabelecida com os “outros”. Através do estudo dos elementos pelos quais a categoria da italianidade se construiu e se constrói, evidencia sua manifestação e exaltação na relação interétnica, bem como a afirmação e construção da idéia positiva que a envolve, ou seja, de representar supremacia étnica na localidade de Viadutos e para o contexto-sistema. É pelo estudo da (re)construção da italianidade, por meio da relação interétnica, que se podem compreender as motivações que conduzem a italianidade a ser reconhecida pelos identificáveis como supremacia étnica.
Palavras-chave: italianidade, relação interétnica, supremacia étnica.

114 – Título: O Frigorífico Vacariense e os Campos de Cima da Serra: políticas públicas e história econômica regional (1964-1997)

Autor: Isabel Carneiro Almeida
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Roberto Radünz (Unisc), Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho (UPF)
Data Defesa: 27/03/2008
Resumo: Este trabalho de pesquisa consiste numa análise histórica do objeto de estudos Frigorífico Vacariense S/A, o qual era uma empresa de grande porte, cujo ramo era o abate de gado bovino em grande escala, corte e refrigeração para a comercialização, instalado nos Campos de Cima da Serra, em Vacaria, no Rio Grande do Sul, em 1966, sob a égide da “economia desenvolvimentista”, caracterizada pelo regime de ditadura militar no Brasil dos anos 1964 a 1985. O trabalho é realizado através da utilização da história oral, história empresarial e história e imagem, com o objetivo de averiguar a origem do objeto de estudo e desvelar as relações existentes entre os sujeitos da história e este vetor de relações entre os atores e suas instituições num cenário ermo, desprovido de emprego, de indivíduos com especialização. A pesquisa revela aspectos do que acontece na prática quando um modelo econômico intervencionista é aplicado através de leis que garantem o financiamento de abertura de novos empregos e distribuição de alimentos com intervenção do Estado. Procura-se elucidar os pontos positivos e negativos à sociedade pela aplicação deste modelo pautado na proteção do mercado e intervenção na economia, levantando as conseqüências da sua utilização. Aborda aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais, que envolveram a criação do Friva e o mantiveram por três décadas como organismo social, empreendedor e fornecedor de empregos à sociedade regional. Preservou-se visualmente sua memória material documentando fotograficamente o acervo. Evidenciando sua importância como símbolo de uma época em que a pecuária era a atividade econômica principal na região, na qual se tornou um ícone de ascensão.
Palavras-chave: frigorífico, desenvolvimentismo, intervencionismo, história regional.

115 – Título: A Revista A Família Cristã e o Discurso Anti-comunista (1960-64) 

Autor: Silvia Regina Etges Rabusky
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Profª. Dr. Silvia Maria Fávero Arend (Udesc), Prof. Dr. João Carlos Tedesco (UPF)
Data Defesa: 18/04/2008
Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar as manifestações do anticomunismo católico, veiculadas especificamente na revista A Família Cristã, no período 1960-1964. Essa Revista passou a ser publicada no Brasil a partir de 1934, sob inspiração da Revista italiana Famiglia Cristiana, de onde vieram alguns artigos, traduzidos e adaptados para a realidade brasileira. A Revista A Família Cristã tinha como missão precípua a “evangelização através da imprensa”. Nesse sentido, era dirigida à família, notadamente à mulher, constituindo-se seu principal público leitor. A veiculação de conteúdos relacionados aos valores sociais e morais era freqüente na Revista A Família Cristã e consistia em modelos de comportamentos esperados e pautados em diretrizes e valores fornecidos doutrinariamente pela religião. Em um contexto histórico em que prevaleciam as diretrizes ideológicas da Guerra Fria, o periódico fazia um ataque contundente ao comunismo, visto que este, na visão da Revista, representava uma ameaça aos fundamentos básicos da religião. No contexto em análise, a ameaça comunista era algo presente no imaginário social e, por isso, as propostas de reformar o capitalismo, muitas vezes, soaram de modo radical. Contudo, a postura de combate à pobreza e de indignação ao sistema vigente, adotada pela Igreja católica, tinha como objetivo preservar a população da influência comunista. Para isso, exigiam-se importantes reformas sócio-econômicas. Assim, as reformas de base, propostas pelo governo Jango, foram amplamente apoiadas pela hierarquia católica, à frente da CNBB. Salienta-se, porém, que, no período abordado, a Igreja Católica não adotava uma postura coesa quanto à necessidade de reformas. Nesse período, destacaram-se três correntes no interior da Igreja: os tradicionalistas, os modernizadores conservadores e os reformistas. Acredita-se, pela análise das reportagens veiculadas pela Revista A Família Cristã, no período em questão, que seja possível enquadrá-la no grupo dos modernizadores-conservadores, que era a facção dominante na Igreja desde a década de 1950.

116 – Título: Anos de Chumbo: rock e repressão durante o AI-5

Autor: Alexandre Saggiorato
Orientador: Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho
Banca: Prof. Dr. Sílvio Marcus de Souza Correa (Unisc), Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta (UPF)
Data Defesa: 22/04/2008
Resumo: Esta dissertação apresenta um estudo sobre o rock produzido no Brasil durante a ditadura militar, mais precisamente no período de maior repressão e censura causada pelo Ato Institucional Nº5 (AI-5), dentro de uma perspectiva da transgressão comportamental da censura moral do regime militar e da tentativa de engajamento artístico exercido por parte da esquerda. Contudo, será explorada a obra e a conduta de alguns grupos de rock existentes no período, dentre os quais serão destacados: Novos Baianos, Casa das Máquinas e O Terço, sendo através da construção social desses, que investigaremos os efeitos da repressão no rock brasileiro dos anos 1970, constatando de que maneira os artistas atuaram na época.

117 – Título: O “Monstro de Erechim”: um estudo de caso sobre o imaginário do medo (1980)

Autor: Humberto José da Rocha
Orientador: Profª. Dr. Janaína Rigo Santin
Banca: Prof. Dr. Mozart Linhares da Silva (Unisc), Prof. Dr. Mário José Maestri (UPF)
Data Defesa: 25/04/2008
Resumo: Esta dissertação aborda uma série de crimes ocorridos na cidade de Erechim-RS na década de 1980 cometidos por um homem chamado Luiz Baú, que pelo perfil desses crimes, ficaria conhecido em todo o estado como o “monstro de Erechim”. Além da narrativa histórica em torno dos crimes, onde considera-se o contexto histórico da época, este trabalho busca também analisar a repercussão destes crimes nos aspectos sociológico, psicológico e jurídico. Inicialmente, recorrendo principalmente à psicologia, apresenta-se um quadro geral que teria condicionado o protagonista a se tornar um criminoso, além de apresentar o primeiro crime de uma série. Preso por este crime, analisa-se o período de cárcere no Presídio Estadual de Erechim, para tal, recorre-se principalmente ao Direito. Com a fuga do protagonista do presídio, remonta-se o período em que esteve solto pelo município de Erechim, momento em que cometeria quatro assassinatos, tendo uma influência significativa no imaginário popular da cidade. Novamente preso, procura-se analisar a eminência do linchamento por parte da população de Erechim, e a conseqüente remoção do acusado para o Instituto Psiquiátrico Forense, em Porto Alegre. A partir do internamento no Instituto, procura-se discutir como o caso foi tratado pela justiça e pela memória da população de Erechim. Finalmente, aponta-se para o desfecho do caso.
Palavras-chave: Imaginário, medo, memória, crime

118 – Título: Relações de Poder: Getúlio Vargas e Borges de Medeiros

Autor: Jonas Balbinot
Orientador: Profª. Dr. Janaína Rigo Santin
Banca: Prof. Dr. Luciano Aronne de Abreu (PUC/RS), Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman (UPF)
Data Defesa: 05/05/2008
Resumo: O presente trabalho se propõe a estudar o período de 1922 até 1928 analisando a trajetória política de Borges de Medeiros e Getúlio Vargas, traçando-se um paralelo entre a atuação desses dois políticos. Faz-se uma breve retrospectiva biográfica dos dois personagens, buscando entender sua formação no campo político: Borges de Medeiros nos chamados Republicanos Históricos e Getúlio Vargas na Geração de 1907.Em 1922 Getúlio Vargas assume o cargo de deputado federal enquanto Borges de Medeiros assume o governo do Estado do Rio Grande do Sul pela quinta vez. Contrariando essa manutenção constante do poder as oposições entram em conflito com a situação. A revolta de 1923, e mais diretamente seu pacto de pacificação, iniciam um processo de quebra de poder de Borges de Medeiros, o qual é agravado com as mudanças na constituição federal, em que os poderes dos Estados são reduzidos. Enquanto Borges de Medeiros vai gradativamente perdendo sua força na política gaúcha Getúlio Vargas vai se destacando, inicialmente na deputação federal e em seguida ocupando o cargo no ministério da fazenda, desenvolvendo sempre trabalho em defesa dos interesses do Estado, mas não deixando de ao mesmo tempo solidificar sua imagem com ações que o credenciavam a ser um político mais conciliador. A atitude por ele adotada diante das oposições causou boa impressão na política estadual. Em 1927, quando aconteceram as eleições para presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros estava impossibilitado de concorrer pelo pacto de Pedras Altas. Por sua vez, Getúlio Vargas, devido à sua ação política, credenciava-se ao cargo. Logo, foi indicado ao cargo, mas não sem sofrer oposições.Com a eleição de Getúlio Vargas marcou-se mais um importante passo no processo que mudaria os rumos da política gaúcha e nacional, o qual foi iniciado em 1923 e finalizado com a revolução de 1930.

119 – Título: “Interfaces da Colonização do Oeste Catarinense: a antiga Fazenda Rodeio Bonito (1920-1954)”

Autor: Valdirene Chitolina
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Artur Cesar Isaia (UFSC), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 09/05/2008
Resumo: Esta pesquisa investiga as interfaces da colonização do oeste catarinense, ancorando-se no processo colonizador da antiga fazenda Rodeio Bonito, conduzido pela subcolonizadora Irmãos Lunardi, entre 1920 e 1954. Justifica-se por certo avanço na historiografia regional no que tange a formação territorial de Coronel Martins, Entre Rios, Galvão, Ipuaçu, Jupiá, Lajeado Grande, Marema, São Domingos e Xaxim. A questão norteadora desta investigação, ancorando-se na história regional, ocupa-se das particularidades que envolveram a antiga fazenda Rodeio Bonito para mostrar as marcas identitárias que transcenderam o meramente geográfico e que envolveram o cultural, o econômico, o político e a historicidade de diferentes grupos sociais que se fixaram nessa região em decorrência do processo colonizador. Para tanto, faz-se uso da análise documental, bibliográfica e vale-se de memórias orais de caboclos e migrantes que protagonizaram esse processo. Objetiva diagnosticar as disputas territoriais; a organização sociocultural dos caboclos; a trajetória dos migrantes rio-grandenses para o oeste de Santa Catarina; a ação das colonizadoras; a reconstrução de espaços sociais, viários, econômicos, sanitários e domésticos dos migrantes nas novas terras; a operacionalização da Igreja Católica e do Estado no processo colonizador. Os resultados evidenciam que as disputas territoriais desencadearam a colonização oestina; que a postura do Estado e das companhias colonizadoras foi determinante para a apropriação das terras por parte dos migrantes, ao passo que, os caboclos foram lícita ou ilicitamente afastados das áreas que ocupavam; que a fazenda Rodeio Bonito, antiga propriedade da baronesa de Limeira, foi concedida pelo Estado à colonizadora Bertaso, Maia & Cia. como pagamento pela construção da estrada entre Passo dos Índios e Goio-En; em 1920, essa área foi vendida à subcolonizadora Irmãos Lunardi, a qual partiu para a colonização controlada, demarcando lotes destinados principalmente à policultura familiar e à exploração da madeira. Os compradores das terras eram essencialmente de Guaporé, Veranópolis, Antônio Prado, Getúlio Vargas e Fagundes Varela, no Rio Grande do Sul. Além disso, o estudo constata a operacionalização da Igreja Católica, dos educandários religiosos e do Estado na expansão da brasilidade e do catolicismo romanizado numa área que metaforicamente se transformou numa trincheira católica. De maneira singular, evidencia também a complexa teia de interesses das forças locais e regionais na evolução jurídico-administrativa de antiga fazenda Rodeio Bonito para município de Xaxim.
Palavras-chave: Caboclos. Colonização. Ítalos. Migração. Oeste. Rodeio Bonito

120 – Título: “Educação indígena: fronteiras culturais e inclusão social - análise da Terra Indígena Xapecó”

Autor: Claudio Luiz Orço
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Profª. Dr. Thaís Janaina Wenczenovicz (UNOESC/SC), Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 23/05/2008
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar as políticas de educação indígena e sua compreensão/articulação com a Escola Indígena de Educação Básica Cacique Vanhkre e a comunidade representada no movimento social indígena Aika. Nesse sentido, a partir de uma aproximação entre a história e a antropologia, buscamos problematizar, neste trabalho, a escola indígena como um espaço de fronteiras culturais. Especificamente, foi analisado o caso da Escola Indígena de Educação Básica Cacique Vanhkre, localizada na Terra Indígena Xapecó, Oeste de Santa Catarina. No primeiro capítulo de nosso trabalho, buscamos trazer à tona as imagens construídas do índio pela ótica do “outro”, em diferentes momentos e períodos do processo de constituição/formação da sociedade brasileira. No segundo capítulo, optamos por discutir as concepções de escola e as políticas desenvolvidas pelo Estado para os índios, em diferentes contextos históricos sociais. No terceiro capítulo, foram analisadas as formas de articulação da comunidade Kaingang da Terra Indígena Xapecó no conjunto do movimento social indígena, seus desdobramentos em ações reivindicatórias dos direitos indígenas, sobretudo no que se refere ao direito à educação. Podemos concluir apontando para a desarticulação existente entre as políticas públicas de educação indígena, as práticas efetivas de educação indígena na Escola Indígena de Educação Básica Cacique Vanhkre e as demandas do movimento social indígena Aika.
Palavras-chave: Educação indígena, Kaingang, políticas públicas, movimentos sociais indígenas.

121 – Título: “Partido Social Democrático: Formação e Fragmentação em Passo Fundo (1945-1950)”

Autor: Isaura de Moura Gatti
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman
Banca: Profª. Dr. Mercedes Cánepa (UFRGS), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 16/06/2008
Resumo: Este trabalho apresenta a trajetória do Partido Social Democrático na cidade de Passo Fundo, tendo em vista as relações assimétricas de poder na composição das instituições político-partidárias riograndenses e as relações a nível nacional. O recorte temporal compreende a formação dos partidos políticos em 1945 até as eleições de 1950. Passando por momentos que caracterizam a trajetória do partido como: a demissão das fileiras partidárias pessedistas de políticos trabalhistas agravando a distância entre as linhas dutristas e getulistas; a formação da Ala Trabalhista nas hostes internas do partido, o que originou movimento queremista, e por fim, o processo de “desgetulização” do PSD, com a separação dos autonomistas. Seu objetivo principal está em ilustrar as disputas internas entre pessedistas com status político de destaque regional como: Telmo Azambuja, Nicolau Vergueiro, Arthur Ferreira Filho, Túlio da Fontoura e Antonio Bittencourt Azambuja. Desse modo, através da trajetória do Partido Social Democrático local, é possível mapear sua posição referente aos graus de instância dos diretórios, alinhando-se ora nacionalmente, ora estadualmente, o que influi no comportamento do sistema partidário como um todo.
Palavras-chave: Partido Social Democrático, Passo Fundo, partidos políticos, estadual, nacional e local.

122 – Título: “A fazenda pastoril na República Velha rio-grandense: da crise econômica à criação da FARSUL”

Autor: Rosângela de Cássia Comassetto Pedroso
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. Paulo Marcos Esselin (UFMS), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 14/08/2008
Resumo: O presente trabalho tem como principal objetivo analisar o papel na sociedade rio-grandense da fazenda pastoril e da classe pecuarista, durante o período da República Velha, e as razões da crise que esse setor viveu no período, assim como a fundação da FARSUL. Inicialmente, o estudo aborda a entrada dos primeiros animais no Estado e a estrutura social da fazenda pastoril. Analisa, a seguir, a formação dos partidos políticos dos criadores pastoris e os principais sucessos conhecidos pela fazenda pastoril sulina durante a República Velha. Enfatiza a situação de crise enfrentada pelos estancieiros, como as tentativas de superarem a crise que envolvia a pecuária no pós - 1ª guerra. Aborda, finalmente, o Congresso de Criadores, evento que deu início à criação da FARSUL, como principal representante da classe dos estancieiros no Rio Grande do Sul.
Palavras-chave: fazenda pastoril, elite pastoril, crise, FARSUL

123 – Título: O Grande e Velho Erechim: ocupação e colonização do povoado de Formigas (1908-1960)

Autor: Jane Gorete Seminotti Giaretta
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Profª. Dr. Isabel Rosa Gritti (URI), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 23/05/2008
Resumo: Em 1908, com base na política econômica positivista, instituiu-se a ordem como fator de progresso, e o Estado, através das comissões de terras e colonização, baseadas nos princípios da Lei de Terras, passou a administrar as terras públicas, denominadas “devolutas”, demarcando-as e disponibilizando os lotes apenas para a venda. Então, a terra que se encontrava ocupada por índios e caboclos pelo princípio de intrusão sofreu redefinições, sobretudo com a introdução do imigrante europeu. Esta dissertação consiste numa análise sobre a ocupação/desocupação da terra na região Alto Uruguai, que compreende a colônia Erechim e o povoado de secção Formigas, no período de 1908 a 1960. Para tanto vale-se da análise de documentos governamentais (requerimentos de posseiros, descendentes europeus, ofícios de governo, relatórios da comissão de Terras Públicas, confrontados com depoimentos orais e demais bibliografias que embasam o tema. O fio condutor do estudo são as redefinições dadas à terra no decorrer do período, as formas de exclusão que afetaram, primeiro o índio e o caboclo e, posteriormente, o pequeno agricultor e as indústrias coloniais. Assim, conclui que a região do Alto Uruguai iniciou o processo de privatização da terra em 1908 com base no plano do governo positivista, mas em 1950 e 1960 uma nova política econômica afetou o Brasil e negou o acesso à terra de parcela da população do campo. A pesquisa permitiu conhecer e compreender, além dos fatores que dinamizaram a colônia Erechim e secção Formigas, a história silenciada das primeiras etnias que ocuparam a região Alto Uruguai.
Palavras-chave: Colonização. Colônia Erechim. Secção Formigas. Intrusão. Terra. Ocupação. Região Alto Uruguai.p170

124 – Título: “Os colono só trabalha [...] A colônia Rio Uruguay: Aspectos da atuação das companhias colonizadoras entre 1920-50”

Autor: Carlos Fernando Comassetto
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. Paulo Pinheiro Machado (UFSC), Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 27/08/2008
Resumo: O avanço do capitalismo na Europa motivou a migração interna no continente e a travessia transoceânica de trabalhadores, sobretudo rurais, para a América. No Brasil, a Lei de Terras, de 1850-54, marcou o fim da concessão gratuita de terras e abriu caminho para a especulação imobiliária privada. A partir das primeiras décadas do século 20, a ocupação territorial da região oeste de Santa Catarina ocorreu principalmente com a atuação das companhias particulares de colonização. A comercialização de terras trouxe a lógica da acumulação capitalista. O objetivo principal da presente dissertação é estudar a atuação das companhias colonizadoras e do movimento migratório que promoveram a ocupação da região do Alto Uruguai catarinense, entre 1920 e 1950, por colonos-camponeses, tendo como eixo de análise a Colônia Rio Uruguay.
Palavras-chave: terra, propriedade, colonização, companhia colonizadora, Alto Uruguai

125 – Título: “A CONSTRUÇAO DO IMAGINÁRIO ANTICOMUNISTA EM PASSO FUNDO: o olhar da imprensa sobre o final da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria”

Autor: José Altemir da Luz Ferron
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Profª. Dr. Thaís Janaina Wenczenovicz (Unoesc), Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho (UPF)
Data Defesa: 11/09/2008
Resumo: Tendo como pano de fundo o momento internacional, nacional e regional na década de 1940, este trabalho tem o intuito de observar a apreensão da sociedade regional em relação ao final da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria, utilizando a imprensa escrita como mediadora. As informações que chegavam até a sociedade passo-fundense tinham como base, notas, reportagens, artigos e opiniões que, eram veiculadas pelos jornais O Nacional e Diário da Manhã. O recorte temporal deste trabalho compreende o período que vai de 1945 a 1949, e procura observar como temáticas vinculadas à situação internacional tinham influência no meio regional. A pesquisa objetiva mostrar como a imprensa de Passo Fundo, representada pelos dois jornais, vai abordar os principais acontecimentos relacionamentos ao final da Segunda Guerra Mundial e ao início da Guerra Fria e como isso vai resultar numa campanha para a formação de um imaginário político-ideológico regional que tinha o anticomunismo como objeto principal.
Palavras-chave: Imprensa - Segunda Guerra Mundial - Guerra Fria – imaginário anticomunista.

126 – Título: “De Borges a Getúlio: a transição política nas páginas de O Nacional (1923-1930)”

Autor: Aline Brandt
Orientador: Profª. Dr Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Profª. Sandra Maria do Amaral (Unijuí), Mário Maestri (UPF)
Data Defesa: 19/09/2008
Resumo: O presente estudo coloca em foco os acontecimentos que acarretaram as revoluções de 1923 e 1930. Reúne uma expressiva gama de informações sobre as estratégias políticas da época. Prioriza-se, no entanto, a região norte do Rio Grande do Sul, porque praticamente todo o estudo é baseado na ótica do jornal “O Nacional”, sediado em Passo Fundo. Faz-se uma retrospectiva histórica com o intuito de mostrar a divisão política ocorrida no estado depois da proclamação da República. Os republicanos, a maioria do norte do estado, ascendiam ao poder estadual mesmo sendo minoria. Para fazer frente a esse poderio, os grandes fazendeiros da campanha investiram, durante longos anos, em uma sistemática oposição. Borges de Medeiros comandou o governo do Rio Grande do Sul por 25 anos. A região norte foi a grande responsável pela sua longa permanência no poder.Com a Revolução de 1923 e a insatisfação latente das alas oposicionistas o poder de Borges de Medeiros começou a declinar. O acordo que cessou os movimentos revolucionários também impediu Borges de Medeiros de continuar disputando o cargo de presidente do estado. O chamado “Pacto de Pedras Altas”, cabe frisar, pôs fim à “Era Borges”. Getúlio Vargas despontou como favorito à sucessão de Borges de Medeiros. Seu nome foi lançado nas eleições de 1927. Nessa oportunidade a oposição não lançou candidato e, como os republicanos, apoiou Getúlio Vargas. Getúlio Vargas governou o Rio Grande do Sul por dois anos. Já em 1930 concorreu à presidência do Brasil, com apoio de Minas Gerais e Paraíba. Foi derrotado nas urnas. Mesmo assim ascendeu ao cargo maior da nação através de um movimento armado.
Palavras-Chave: Borges de Medeiros, Getúlio Vargas, política, borgismo, oposição

127 – Título: “Entre Desterro e Florianópolis... da Ribalta à Bancada: Aspectos da sociedade desterrense e florianopolitana no século XIX, vistos a partir de seus espetáculos”

Autor: João Baptista Giachini Fabrin
Orientador: Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho
Banca: Profª. Dr. Vera Regina Martins Collaço (UDESC), Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta (UPF)
Data Defesa: 24/09/2008
Resumo: Na dissertação que segue, é apresentado um estudo da sociedade oitocentista da Ilha de Santa Catarina, vista por meio de alguns de seus espetáculos e divertimentos. Mostra-se de que maneira alguns dos espetáculos e outras práticas sociais e econômicas efetuadas pelas elites irão culminar nas medidas de saneamento, urbanização, modernização e ordenamento da cidade, enfatizando, devido a essas práticas, como os populares, suas vidas, seus hábitos e espetáculos de diversão foram passíveis de uma tentativa de controle, de regramento por parte das elites. Divide-se o trabalho em dois eixos principais, aos quais foram acrescentadas análises pertinentes dando corpo à obra: os espetáculos destinados às elites e aqueles designados às classes populares. Do primeiro eixo se sobressai, entre bailes e festas de salões particulares e jantares sociais, o teatro, todo ele de caráter elitista, particular e amadorístico, exceto pelas parcas visitas de companhias teatrais profissionais que atracavam nos portos da Ilha. Percebem-se, então, nos espetáculos de palco, as Sociedades Dramáticas Particulares, as companhias profissionais, as principais casas de espetáculo e os espaços adaptados para a empreitada teatral. Cabe à segunda parte temática relacionar e analisar os espetáculos que são dedicados às classes populares, às quais não é permitido o acesso aos espetáculos de teatro. Surge, assim, dos bairros mais pobres da antiga Nossa Senhora do Desterro (Florianópolis), divertimentos variados entre os quais figuram circos, cosmoramas, prestidigitações (espetáculos de magia), polioramas, brigas de galo, touradas, ratos amestrados e outros mais. Por fim, o trabalho percebe no teatro elitista, um caráter, um desejo, um projeto almejado por parte das classes mais privilegiadas, entre elas a burguesia comercial e administrativa emergentes, um intento moralizador, modernizador de caráter civilizatório que perpetra por seus salões e que irá culminar, em fins do século XIX e início do XX, em práticas e discursos que abrangiam valores de civilização e progresso desejados para a cidade e sua população. Valores estes pautados num projeto nacional (inspirado num modelo burguês europeu de comportamento) que tinha como exemplo substancial as transformações urbanas acontecidas  na virada do século XIX para o XX, baseadas na ideologia de uma higienização social, a qual acometeu, inicialmente, a cidade do Rio de Janeiro, capital do país, , a partir da qual se  buscou para a nação, um conceito de civilização que abrangia o ideal de embranquecimento, entre outros, intentado através da entrada de imigrantes no país e do “esquecimento” daqueles que se enquadravam má condição social menos favorável, a começar pelos ex-escravos, recém libertos pela Lei Áurea. O estudo final se dá pela análise de parte da obra do dramaturgo catarinense Horácio Nunes Pires, na qual são percebidos diversos costumes e práticas de sua sociedade.
Palavras-chave: Teatro, espetáculos elitistas e populares, Nossa Senhora do Desterro, Florianópolis, Horácio Nunes Pires.

128 – Título: “O coronel e os prelos: relações entre imprensa e poder em Passo Fundo”

Autor: Cristiane Indiara Vernes Miglioranza
Orientador: Prof. Dr Haroldo Loguercio Carvalho
Banca: Prof. Dr. Gunter Axt (pesquisador associado da USP), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 30/09/2008
Resumo: Gervásio Annes foi um ator com vários papéis desempenhados concomitantemente: político, jornalista, advogado, comerciante. Acompanhar sua vida pública oferece um panorama ainda inexplorado das relações de poder em Passo Fundo e no estado e do uso de novos mecanismos – como a imprensa – para a consolidação de uma ideologia e de uma elite em uma posição preponderante. Imprensa esta que despontava em diversas cidades do Rio Grande do Sul, impulsionada pelo planejamento político do Partido Republicano Rio-Grandense. O republicanismo brasileiro – do qual se sobressaíram duas vertentes: a liberal e a de inspiração positivista – serve como pano de fundo para a análise regional e local da consolidação simbólica do castilhismo, tendo por amparo e como fomento as penas, prelos e páginas do jornal.
Palavras-chave: imprensa política, castilhismo, relações de poder

129 – Título: “Tierra esclavizada – El Norte Uruguaio em la primera mitad del siglo 19”

Autor: Eduardo Ramon Palermo Lopez
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Profª. Dr. Sandra Fernandez (Universidade de Rosário/ARG), Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman (UPF)
Data Defesa: 27/11/2008
Resumo: El presente trabajo trata sobre la introducción y utilización de trabajadores esclavizados en las estancias del Río de la Plata desde los inicios del período colonizador europeo en el siglo 16. Particularmente se centra en el uso intensivo de mano de obra esclavizada en la campaña de la Banda Oriental, en la frontera norte uruguaya, fronteriza con Brasil, durante el siglo 18 y 19. Se analiza el proceso de población de la actual frontera uruguayo-brasileña concibiéndola como un espacio regional cuya construcción histórica demando intercambios intensos de factores de producción y la lucha por la propiedad de tierras, ganados y esclavizados. El recorte temporal seleccionado culmina con la Ley de abolición de la esclavitud de 1846.
Palabras de referencia: esclavitud, espacio regional fronterizo, estancias, contrabando.

130 – Título: “Ucranianos na Europa e no Brasil: uma história camponesa”

Autor: Pedro Alves de Oliveira
Orientador: Prof. Dr. Haroldo Loguercio Carvalho
Banca: Profª. Dr. Thaís Janaina Wenczenovicz (Unoesc), Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 01/12/2008
Resumo: Determinados períodos da história de uma nação são especialmente significativos, não porque representam um rompimento radical com as estruturas sociais, políticas ou econômicas anteriores, mas porque neles os agentes históricos procuram dar novas dimensões e significados à realidade passada, a fim de construírem no presente um mundo adequado a seus próprios projetos. A história camponesa da etnia ucraniana, partindo do leste europeu em direção ao Ocidente, atingiu o Brasil no final do século XIX e todo o início do século XX. Pressionados em seu espaço ancestral pela disputa das terras férteis numa situação de servidão, estes camponeses submeteram-se às Companhias Marítimas para o transporte, e as Companhias Colonizadoras para atingirem o local de destino, neste caso o sul do Paraná e o norte de Santa Catarina. A evolução histórica e política do povo ucraniano, chegam ao século XX numa trilha de complexidade na busca de liberdade, ocupação do espaço, terra para a agricultura, expressão e manutenção cultural. As razões pelas quais eles emigraram estaria motivado pela busca de terra e trabalho, fugir da servidão que reinava no leste da Europa, além do sonho de uma vida melhor. Na chegada como imigrantes ao Brasil, foram direcionados para as terras férteis do vale do rio Iguaçu adentrando para a região Contestada. Tal região foi marcada pelo conflito do Contestado, após a construção da ferrovia São Paulo Rio Grande do Sul, e a disputa pela posse da terra. A etnia ucraniana superou adversidades e conseguiu produzir do sonho europeu à realidade camponesa em solo brasileiro.
Palavras-chave: Ucranianos, Imigração, Cultura, Política, Memória

131 – Título: “Fazendas pastoris no Rio Grande do Sul [1780/1889]”

Autor: Setembrino Dal Bosco
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. Théo Lombarinhas Piñeiro (UFF), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 05/12/2008
Resumo: A presente dissertação tem com objetivo principal definir um perfil geral das fazendas pastoris do Rio Grande do Sul em finais do Setecentos e no Oitocentos. Escolhemos para análise de nossa pesquisa as regiões de Bagé, Rio Pardo e Vacaria poravaliar que, dada as suas localizações territoriais [região Nordeste, Central e Sudoeste]sintetizam uma realidade média, no que se refere às fazendas pastoris. Procuramos, assim, afastarmos do singular para melhor aferrar o geral. Nesse processo, utilizamos,para apoiar nosso trabalho, autores que presenciaram in loco aquela realidade, com destaque para Francisco João Roscio, Auguste Saint-Hilaire, Nicolau Dreys, Àrsene Isabelle, Alexandre Baguet, Joseph Hörmeyer, conde D’Eu, Manoel Antônio Magalhães, etc. e, sobretudo, inventários post mortem coletados no Arquivo Público do Rio Grande do Sul [APERS]. Investigamos, portanto, a evolução das técnicas produtivas [marcação, castração, rodeios etc.]; a evolução arquitetônica; o mundo do trabalho; relações sócio-produtivas e, sobretudo, a mão-de-obra utilizada – capatazes peões [gaúcho e nativos] e cativos – nas lides pastoris da estância sulina em fins dos séculos 18 e 19. Embora restritas as regiões propostas, em forma mais ou menos acabada, no contexto de suas especificidades, o desenvolvimento das fazendas pastoris de Bagé, Rio Pardo e Vacaria sintetizam o geral ocorrido no Rio Grande do Sul.
Palavras-chave: fazendas pastoris; Rio grande do Sul; economia pastoril; Terra; trabalhadores [capatazes, peões e cativos].

132 – Título: “A construção de sentidos na moda brasileira: a customização do vestuário como espaço de contestação e remodelação do indivíduo nas décadas de 1960 e 1970”

Autor: Cícera Ângela Raymundi Lago
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Banca: Prof. Dr. Ricardo Rossato (UNIFRA), Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa: 18/12/2008
Resumo: A moda é produto do binômio espaço-tempo. Assim, a cada momento, e a cada lugar, ela toma formas e cores diversas, imprimindo significados diferentes: sua linguagem, seus signos e sua expressão. Desta forma, instala-se o problema científico central: no período de 20 anos, compreendido entre 1960 e 1979, sobre influências estrangeiras e nacionais, houve, no Brasil, alguma manifestação, ou alguma forma de expressão, através do corpo e do vestuário, que se utilizou da personalização (ou customização) de roupas como signo e da moda como linguagem? Para solucionar este problema, esta pesquisa tem vista ao entendimento da customização do vestuário como espaço de contestação e remodelação do indivíduo nas décadas de 1960 e 1970, na construção de sentido da moda brasileira daquele período. Na busca de alcançar tal objetivo, parte da visão da moda como construção de sentido – considerando que através dela é possível espelhar, traduzir e alterar a percepção do mundo e do corpo, e que, por meio da arte se faz moda e vice-versa: o corpo se torna a tela ideal para a auto-expressão do ser humano, podendo ser remodelado, manipulado e gerenciado. Depois, com os rumos da moda no Brasil, e as influências externas determinantes – os grandes estilistas, o contexto cultural, a influência e o poder da mídia, a cultura de massa, o trabalho fundamental do estilista Dener nas décadas especificadas. Segue com a visão da moda como espaço de contestação – por meio da antimoda, da contracultura, do movimento hippie, da época de libertação feminina e da contraposição à ditadura, expressa pela costureira Zuzu Angel. Por fim, tratando da customização e da remodelação do indivíduo como forma de reinvenção da sua subjetividade, principalmente nos idos de 1960 a 1979. A partir de todos estes aspectos, conclui que a moda, impulsionada pela compreensão humana que a produz, consiste em forma de linguagem cuja gama de signos, após escolhidos e combinados pelas pessoas, transmite informação pré-compreendida, pois todos já conhecem os significados originais das peças usadas. Contudo, conclui também que, quando há modificação nos signos, como personalização através da customização e da remodelação do indivíduo, a mensagem transmitida exige uma recolocação conceitual das pessoas: foi o que aconteceu com a moda brasileira das décadas de 1960 e 1970, que rompeu os padrões expressivos da época pela personalização, construindo sentidos novos de moda e, com isso, trazendo modificações a toda a sociedade brasileira.
Palavras-chave: contestação, construção de sentidos, customização, moda, remodelação do indivíduo.
 

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