Dissertações defendidas

2004

42 – Título: Relações de Poder no Estado Novo: uma permanência Sui Generis o caso Albino Hillebrand em Carazinho

Autor: Maria Eloisa Cavalheiro
Orientado: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Banca: Prof. Dr. René Ernani Gertz (PUC/RS); Prfª. Dr. Eliane Lucia Colussi (UPF)
Data Defesa: 26/01/2004
Resumo: Este estudo buscou aprofundar a análise sobre o cenário político das interventorias no Rio Grande do Sul, destacando as trocas e manutenções de prefeitos no período de 1937 a 1945. A questão norteadora foi o caso da interventoria da cidade de Carazinho, as relações de poder no município no período estadonovista, tendo como objeto específico o prefeito Albino Hillebrand. Metodologicamente, adotou-se como fonte bibliográfica básica a imprensa local, dando destaque aos jornais Jornal da Serra e Noticioso, de Carazinho, e O Nacional, de Passo Fundo. Também se utilizaram obras pertinentes para dar fundamentação teórica. A importância da imprensa neste estudo tornou-se fundamental devido à precariedade de informações sobre o objeto deste estudo, o prefeito Albino Hillebrand. Após exploração, análise e interpretação das fontes utilizadas no decorrer do estudo, pode-se concluir que se trata de um estudo fenomenológico, pois preocupou-se com a descrição direta da experiência tal como ela se deu no período em estudo, construindo a realidade social e comunicando esta realidade, que não é única, pois existem inúmeras interpretações e comunicações. O sujeito ator foi reconhecidamente importante no processo de construção do conhecimento, pois manteve-se no poder durante doze anos.

43 – Título: Madeireiros na Região Norte do Rio Grande do Sul: perfil socioeconômico e articulações de classe (1902-1950)

Autor: Liliane Irma Matje Wentz
Orientado: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Banca: Prof. Dr. Paulo Afonso Zarth (Unijuí), Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Data Defesa: 24/03/2004
Resumo: A indústria extrativa da madeira na região do Planalto Médio gaúcho, mais especificamente nos municípios de Passo Fundo e Carazinho, foi, junto com a chegada da ferrovia, a base para o desenvolvimento da economia local desde 1902 até 1950, quando escasseou o mato e muitos madeireiros se mudaram para Santa Catarina ou Paraná. Usufruindo sua política intervencionista, o governo federal criou o Instituto Nacional do Pinho para regular a produção e comercialização de madeiras nos três estados do sul do país, procurando fiscalizar com mais rigor as derrubadas das matas, ao mesmo tempo em que serviu de base de apoio para os madeireiros junto à política de comércio exterior. Os madeireiros se organizaram de várias formas, criando cooperativas e sindicatos, pois perceberam que somente unidos conseguiriam melhorias para seus empreendimentos e comercialização dos produtos, já que se envolviam constantemente em discussões com representantes da Viação Férrea sobre a falta de vagões para o transporte de suas madeiras.

44 – Título: Joaçaba e a perda da condição de "Capital do Oeste Catarinense": a apreensão pelo grupo dirigente

Autor: Rogerio Augusto Bilibio
Orientado: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Banca: Profª Dr. Eunice Nodari (UFSC), Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo (UPF)
Data Defesa: 26/03/2004
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo perceber as impressões do Grupo Dirigente a respeito da trajetória do município de Joaçaba a partir do seu período maior de crescimento, os anos 50, até os dias atuais, na perspectiva de uma cidade considerada polo regional, para uma perda desta polaridade. Demonstrar, partindo de uma exposição da formação do município e de seu crescimento econômico, detalhando as principais atividades econômicas responsáveis por este crescimento, como este polo foi se construindo. Utilizar os recursos da oralidade, dos conceitos de representação, de um grupo de indivíduos integrados ao processo histórico com o propósito de estabelecer uma linha de raciocínio a respeito do fenômeno de diminuição da influência regional, que se verificou nos últimos vinte anos do século passado.

45 – Título: Alguém na terra de ninguém: a ocupação do território de Palmas - PR

Autor: Maria Dôres Makowski
Orientado: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld (UPF)
Banca: Prof. Dr. Earle Macarthy Moreira (PUCRS), Prof. Dr.Mário Maestri (UPF)
Data Defesa: 02/04/2004
Resumo: Este trabalho tem como finalidade estudar o processo de ocupação da Comarca de Palmas-PR, a partir da expansão pastoril advinda dos Campos de Guarapuava. O projeto de ocupação era do governo Imperial que visava garantir pelo Uti possidetis de facto este território, tendo sua posse contestada pela Argentina. Esta disputa territorial determinou ações políticas específicas para com esta região, tanto do poder Imperial quanto Provincial. Além da importância geopolítica da região de Palmas, o elemento humano era fundamental na construção deste espaço, especificamente aqueles que ficavam à margem do processo histórico oficial e, nesse caso, destacam-se os Kaingang e o escravo negro. A construção teórica se constituiu de uma revisão bibliográfica, onde as fontes foram os documentos oficiais, especialmente do Executivo da Província do Paraná, do Legislativo Municipal Palmense e os Autos Civis de Inventários de Bens e Testamentos dos Fazendeiros de Palmas. Os dados comprovaram que a Comarca de Palmas era primeiramente considerado um “espaço vazio”, mesmo sendo habitado por Kaingang. Os recursos destinados para a ocupação oficial do território eram tão poucos que geraram a estagnação econômica e o abandono. A frente de ocupação pastoril e o governo Imperial foram “limpando” os Campos de Palmas da presença dos Kaingang livres, donos destas terras, combatendo os resistentes e aldeando os derrotados sobreviventes. Os fazendeiros trouxeram consigo um contigente de escravos negros, os quais são o suporte de todo e qualquer tipo de trabalho.

46 – Título: A atuação da Comissão de Terras e Colonização no projeto de ocupação da região da Grande Palmeira/RS. 1917-1930

Autor: Jussara Jacomeli
Orientado: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Banca: Prof. Dr. Paulo Afonso Zarth (Unijuí), Prof. Dr. João Carlos Tedesco (UPF)
Data Defesa: 14/04/2004
Resumo: De 1889 a 1930, o Partido Republicano Rio-Grandense administrou o estado do Rio Grande do Sul tendo como prioridade a defesa e a concretização da estabilidade e autonomia político-econômica, estatuídas na assertiva da ordem como fator de progresso. Com esse propósito, em 1917, diante da crescente instabilidade política, recrudescida em âmbito local pela ocupação espontânea e pelos fluxos e refluxos políticos, econômicos e culturais pertinentes e afetos a áreas de fronteira, instalou a Comissão de Terras e Colonização, sob a chefia de Frederico Westphalen, a fim de desenvolver o projeto de colonização previsto pelo estado como veículo de controle, obtenção de receitas e erradicação de incertezas na Grande Palmeira. O intercruzamento do controle, acesso e permanência no solo com as divergências políticas, o contrabando e a fronteira, determinou o desencadeamento de relações de poderes pertinentes e decorrentes da atuação da Comissão na região. Através da centralização do poder e do intervencionismo, a Comissão ampliou a presença do estado no local, mediatizada pela política do clientelismo, do paternalismo e pela aplicação do princípio da intrusão. Do controle, do acesso e da permanência na terra derivou o processo de ocupação-desocupação, refletindo na organização da oposição e na intensificação de relações de poder de combate à ordem estabelecida pelo partido-estado.

47 – Título: Educadores Capuchinhos  em Soledade: criação do Ginásio São José e da Escola Técnica de Comércio Frei Clemente (1936-1978)

Autor: Elizette Scorsatto Ortiz
Orientado: Prof. Dr. Mário Maestri (UPF)
Banca: Prof. Dr. Romualdo Luiz Portela de Oliveira (USP), Prof. Dr. Jaime Giolo (UPF)
Data Defesa: 21/05/2004
Resumo: Esta dissertação tenta mostrar, através de fontes documentais locais e bibliográficas atualizadas, o processo de criação e organização de duas escolas confessionais, um ginásio e uma escola técnica de comércio, nas décadas de 40 e 50 do século 20, na região de Soledade – RS, com o objetivo de realizar uma leitura com interesses acadêmicos da história educacional regional, mediante um estudo de caso singular. Buscou-se saber quais as razões que determinaram a vinda dos padres capuchinhos para Soledade e por que eles dedicaram ao ensino, se essa não era sua atividade prioritária. Através do processo nº91079/55, desvendou-se os trâmites oficiais e burocráticos necessários à legalização de um educandário. A pesquisa evidencia a insuficiência de recursos humanos formados para atender a demanda educacional. Também ficam claras as disputas confessionais pelo monopólio do espaço educacional regional e caem por terra algumas assertivas generalizantes já fixadas na historiografia oficial de que, por exemplo, no Rio Grande do Sul, os colonos italianos não se preocuparam com a educação dos seus filhos. Comprova-se que a vinda dos capuchinhos tem finalidade pacificadora e estreita ligação com a presença de colonos italianos na região.

48 – Título: Lembranças submersas: o caso da cidade de Itá em Santa Catarina

Autor: Salete Munarini Sartoretto
Orientado: Prof. Dr. Astor Antônio Diehl (UPF)
Banca: Profª Dr. Maria izilda Matos (PUC/SP), Prof. Dr. João Carlos Tedesco (UPF)
Data Defesa: 28/05/2004
Resumo: Este estudo tem por proposição descrever o impacto sociocultural que envolveu o passado e o presente da história da cidade de Itá no estado de Santa Catarina. O objetivo foi localizar no espaço e tempo a história da cidade de Itá, por se entender que, através da memória material e dos relatos orais, é possível descrever a reverência dos moradores ao local de origem. Justifica-se o estudo pela importância de se compreender como as mudanças ocorridas interferiram em uma comunidade que deixou seu espaço socialmente construído para dar lugar a um projeto de desenvolvimento visando à produção de energia elétrica, a qual desempenha um papel vital na sociedade moderna. Metodologicamente, trabalhou-se na coleta de informações para a recuperação da história da destruição dessa cidade com os relatos orais, paralelamente à consulta de fontes escritas, livros e periódicos. O estudo destaca três pontos de referência: o primeiro localiza no espaço e no tempo a história da cidade de Itá; o segundo descreve o elo entre tradição e inovação, patrimônio e vanguarda da nova cidade, retratando o sentido de progresso na visão da população removida, e o terceiro ponto desvela o espaço sagrado, traçando um paralelo entre história e memória. Em síntese, verifica-se que a comunidade de Itá busca uma identidade voltando ao passado, para poder construir o futuro. A memória e a história são processos sociais, construção dos próprios homens, e têm como referências as experiências individuais e coletivas. O relembrar individual encontra-se relacionado com a história de cada um, pois cada indivíduo é singular em seus relatos e testemunho no processo da preservação da identidade histórica.

49 - Título: Memórias de um povo de fronteira: Santo Antônio do Sudoeste (PR) – 1957-1965

Autor: Lunalva Edméa Bernardi
Orientador: Prof. Dr. Adelar Heinsfeld
Banca: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF), Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi (UPF)
Data Defesa: 26/08/2004.
Resumo: Este estudo buscou aprofundar alguns aspectos históricos referentes à questão da ocupação da região Sudoeste do Paraná e de seus desdobramentos através da luta pela posse das terras, bem como a resistência às opressões impostas àquele povo de fronteira. A questão norteadora do trabalho foi à memória em torno de dois momentos históricos vividos pelo povo de Santo Antônio do Sudoeste: a revolta dos colonos em 1957 e o Golpe Militar de 1964, com a passagem de remanescentes dos Grupos dos Onze pela região. Metodologicamente, baseia-se em inúmeras buscas de informações através de depoimentos orais, periódico local e regional, revistas, arquivos particulares. Também utiliza obras pertinentes para dar consistência teórica ao estudo. Os depoimentos orais, nesta pesquisa, foram fundamentais em virtude da precariedade de informações sobre o período destacado, principalmente tendo como objeto o município de Santo Antônio do Sudoeste. Após exploração, análise e interpretação das fontes utilizadas no decorrer do estudo, conclui que se trata de um estudo fenomenológico, pois se preocupa com a descrição direta de experiências tal como se deram no período em estudo. A memória registrou as formas de resistência à opressão sofrida e ao revisitar importantes episódios históricos vividos pela população santo-antoniense, demonstra a importância da história oral para a reconstrução de partes da história local e regional.

50 - Título: A Luta Pela Terra Prometida: políticas públicas de ocupação/desocupação e re-ocupação do espaço envolvendo colonos e índios na Reserva Indígena de Serrinha no norte do Rio Grande do Sul (1940-2004).

Autor: Joel João Carini
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Aldomar A. Rückert (UFRGS); Prof. Dr. Astor Antônio Diehl (UPF)
Data Defesa: 07/10/2004.
Resumo: O presente enfoque, de abrangência histórico regional, contempla uma análise do conflito envolvendo índios caingangues e colonos na reserva de Serrinha, no norte do Rio Grande do Sul, no período de 1940 a 2004, na perspectiva das políticas públicas de ocupação/desocupação e reocupação do espaço. Para tal intento, procura reconstituir as trajetórias históricas de lutas, tanto dos índios caingangues, pela preservação e recuperação das terras e riquezas naturais tradicionalmente por eles ocupadas, quanto dos colonos, pela garantia de acesso e permanência na terra camponesa. O estudo utiliza, sobretudo, fontes primárias: documentos e fontes orais. A investigação mostra que uma sucessão de medidas e/ou iniciativas político-jurídicas equivocadas por parte do governo do Rio Grande do Sul ao longo do período pesquisado permitiram a expropriação das terras tribais, num primeiro momento, em favor dos colonos e, num segundo momento, no desalojamento dos colonos em favor dos indígenas; no primeiro momento, a iniciativa do Estado foi traumática para os índios e, no segundo, está sendo traumática para os colonos. O estudo mostra que o evento de Serrinha expôs uma situação contrastante entre a comunidade indígena e camponesa na luta pela terra, com os índios caingangues demonstrando elevado grau de conscientização e coesão na luta pela retomada da terra da Serrinha e, ao contrário, os colonos mostrando-se desarticulados e divididos por facções político-partidárias desde o início, fato que tem enfraquecido os movimentos de pressão sobre o governo na luta pelos direitos às indenizações e reassentamentos.

51 - Título: Mato, palhoça e pilão. O quilombo, da escravidão às comunidades remanescentes [1532-2004]

Autor: Adelmir Fiabani
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. Théo Lobarinhas Piñeiro (UFF); Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo (UPF)
Data DefEsa: 16/11/2004.
Resumo: O presente trabalho aborda, a partir dos principais trabalhos da historiografia especializada, o fenômeno quilombola, desde a implantação do trabalho escravizado no Brasil, nos anos 1530, até a Abolição, em 1888. Apresenta o quilombo, nos seus mais de trezentos anos de existência, como forma singular de resistência do trabalhador escravizado à apreensão violenta e exploração de sua força de trabalho. Define sinteticamente o quilombo, no que se refere a sua tipologia e determinações essenciais. Finalmente, aborda o movimento de ressemantização empreendido, sobretudo por antropólogos da categoria “quilombo”, nos anos seguintes à determinação da disposição transitória da Constituição de 1988 que determinou o reconhecimento das terras dos remanescentes de quilombo. Assinala a negação do fenômeno quilombo e do passado histórico escravista em curso, devido a esse processo.

52 - Título: Tamancos de Madeira: imigração neerlandesa em Não-Me-Toque/RS (1949-2003)

Autor: Rudinéia Rejane Scherer
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. José Rivair Macedo (UFRGS); Profª. Dr. Florence Carboni  (UPF)
Data Defesa: 15/12/2004.
Resumo: A presente pesquisa aborda a história da ocupação e da colonização neerlandesa no município de Não-Me-Toque. Inicialmente, aborda sinteticamente a história da ocupação e da colonização do estado do Rio Grande do Sul, anterior à colonização do município. A seguir, refere-se à ocupação da região do Planalto rio-grandense e de Não-Me-Toque por grupos nativos, por caboclos coletores de erva-mate e por estancieiros. Com a formação da Colônia Alto Jacuhy, com sede na vila de Não-Me-Toque, a região passou a ser ocupada e colonizada por migrantes alemães e italianos provenientes das Colônias Velhas. Finalmente, aborda-se a imigração neerlandesa ocorrida em Não-Me-Toque a partir de 1949. Do ponto de vista do contingente imigratório para o Brasil, o grupo neerlandês representou uma minoria, comparado com os outros grupos migrados. Essa corrente imigratória processou-se em dois períodos: um de iniciativa individual, entre 1889 e 1940, e outro de caráter grupal, após a Segunda Guerra Mundial, de 1945 até a década de 1970. A formação da colônia de Não-Me-Toque inseriu-se no segundo grupo. Há de se ressaltar o papel fundamental nesse processo exercido pela Igreja Católica, por meio dos padres franciscanos, em sua maioria, neerlandeses. Esse fato foi determinante para a vinda dos imigrantes neerlandeses. Buscam-se os fatores que contribuíram para transformar a comunidade não-me-toquense. Demonstra-se o desenvolvimento do núcleo neerlandês consciente na participação na vida sociocultural política e econômica brasileira e regional.