Dissertações defendidas

2000

1 - Título: Cultura Historiográfica Regional e Identidade: uma possibilidade de análise (1980-1995)

Autor: Ironita Adenir Policarpo Machado
Orientador: Prof. Dr. Astor Antônio Diehl
Banca: Prof. Dr. Paulo Afonso Zarth (Unijuí), Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo (UPF)
Data Defesa: 21/01/2000
Resumo: Dentro do processo de discussão sobre a produção do conhecimento histórico e a configuração de identidade, contextualizados numa temporalidade de aceleradas transformações históricas, a presente dissertação consiste num estudo da cultura historiográfica, composta de livros de "história” publicados no período de 1980 a 199, de cunho regional e local. Trata-se de um estudo que visa discutir os limites e as possibilidades de escritos circunstanciais, no que se refere aos princípios teórico-metodológicos orientadores da prática da pesquisa histórica e da abrangência das relações socioculturais e políticas de grupos sociais pela busca de elementos constitutivos de identidade. Tematizam-se essas questões a partir da identificação de 23 autores e da análise de 32 obras, abarcando cinco vetores centrais da história-disciplina, os quais, por sua vez, configuram as partes deste trabalho, nas quais apresentamos: uma tentativa de identificação do contexto histórico e sociocultural no qual os autores e suas obras estão inseridos, das suas motivações para escrever e publicar; as concepções teóricas que orientaram os autores ao se reportarem para o passado; as formas de reconstrução da história subjacentes nos escritos historiográficos e indicando outras práticas operativas; as estruturas narrativas das obras, destacando o gênero e significado do discurso e enfocando a possibilidade de afrouxamento da tensão entre teoria e  narratividade; e, por fim, o significado e a função do conhecimento produzido no contexto vivido dos autores referenciando o livro como lugar de memória e símbolo identitário de elites e políticas frente às transformações promovidas pela modernização. Enfim, as proposições indicadas por este estudo dão conta de que: as obras apresentam uma produção de "conhecimento histórico" sem plausibilidade científica, mas significam uma forma de os autores assegurarem sua própria existência social; os autores e as instituições a que estão filiados buscam legitimação do poder na  hierarquia social através de um conjunto de articulações verbais e práticas, constituindo, assim, um imaginário social que privilegia agentes históricos e suas ações em detrimento de outros e desconsidera a pluralidade de culturas, portanto, de identificação e análise de dimensões históricas dos sujeitos negligenciados pela historiografia

2 - Título: O Movimento dos Monges Barbudos

Autor: Henrique Aniceto Kujawa
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Tedesco
Banca: Prof. Dr. Telmo Marcon (UPF), Profª. Dr. Loiva Otero Félix (UPF)
Data Defesa: 25/08/2000
Resumo: Este estudo ocupa-se do Movimento dos Monges Barbudos, que teve seu ápice em 1938 nos municípios de Soledade e Sobradinho e, com maior intensidade, na comunidade de Bela Vista. O trabalho foi desenvolvido a partir de depoimentos de indivíduos que participaram do movimento, seja como adeptos, seja como repressores; da historiografia e de documentos escritos, como os boletins da Brigada militar, notícias da imprensa e o relatório da Brigada Militar ao interventor do estado. Teve-se como objetivo reconstruir e analisar as diversas interpretações dadas ao movimento e demonstrar que ele faz parte de um contexto histórico, político e cultural. Historicamente, constituiu-se na região uma forma de ocupação da terra, um modelo econômico que excluiu o grupo social dos caboclos; politicamente, estava em vigência o Estado novo, com sua pretensão de construir um modelo de modernidade conservadora e uma identidade nacional, reprimindo manifestações e grupos sociais que não se enquadravam nesse modelo; em termos culturais havia o confronto da cultura cabocla, com sua visão econômica, social e religiosa, com a cosmovisão dos imigrantes alemães e italianos. Nessa perspectiva, o movimento não se produziu como fruto do fanatismo religioso, nem, tampouco, do atraso cultural dos sujeitos resistirem às mudanças econômicas e sociais em cursos e, ao mesmo tempo, de explicá-las por meio dos instrumentos que estavam a seu alcance; portanto, o religioso tornou-se um elemento de medição que possibilitou a construção de identidade (através da doutrina do Monge) e a reafirmação de sua cosmovisão. A repressão se fez necessária uma vez que o Estado não reconhecia a manifestação desse grupo e a expressão do movimento chocava-se com as concepções da Igreja romanizada e dos imigrantes, que introduziam na região formas de produção capitalistas. É por isso que, além de reprimir o movimento, foi necessário desqualificá-lo e jogá-lo no esquecimento para que não provocasse mais repercussões. Enfim, buscamos com este estudo realizar uma outra possível interpretação ao fato e alargar os horizontes analíticos da história regional.

3 - Título: O Cassino Guarani na História Regional - Iraí – RS

Autor: Sirlei Rossoni
Orientador: Prof. Dr. Astor Antônio Diehl
Banca: Prof. Dr. Jaime José Zitkiski (URI), Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo (UPF)
Data Defesa: 28/08/2000
Resumo: Esta dissertação focaliza a história do cassino Guarani, casa de jogos existente no município de Iraí - RS, em meados do século, analisando suas origens, seu apogeu e seu declínio, tendo presente a história regional. A discussão tem como suporte teórico a história dos jogos de azar no Brasil, a sociologia da festa e as relações entre fé católica e secularização. Em um primeiro momento, dá-se o resgate da trajetória histórica do Cassino Guarani, situando-o na configuração regional de então e discutindo suas repercussões no universo sócioeconômico e cultural da época; em seguida, analisa-se a instituição a partir da trajetória de proibição e legalização dos cassinos no país e suas relações com a confissão católica e a moral vigente. O objetivo que perpassa o estudo é registrar a história de uma instituição de natureza social e recreativa no diz respeito a sua influência na visa cotidiana de uma população específica.

4 - Título: As Relações de poder em Ijuí (1938-1945)

Autor: Sandra Maria do Amaral
Orientador: Profª. Dr. Eliane Lucia Colussi
Banca: Prof. Dr. Paulo Afonso Zarth (UNIJUI), Profª Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF)
Data Defesa 29/08/2000
Resumo: O tema central desta dissertação é estudo das relações de poder em Ijuí, no período de 1938-1945. A averiguação das relações de poder tem como objeto específico analisar a atuação dos indivíduos que integram a elite política. A partir de documentos oficiais e algumas entrevistas, estabelecer as mudanças ocorridas na elite política ijuiense, e o término das relações em âmbito local. Definir, também, através do método prosopográfico, as características comuns dos indivíduos que os tornou uma elite política homogênea.

5 - Título: O integralismo no Norte do Rio Grande do Sul (1932-1938)

Autor: Fausto Alencar Irschlinger
Orientador: Prof. Dr. Astor Antônio Diehl
Banca: Prof. Dr. René Gertz (PUC/RS), Profª. Dr. Eliane Colussi (UPF)
Data Defesa: 30/08/2000
Resumo: O presente estudo, de caráter histórico-político-regional, analisa a estruturação e repercussão da Ação Integralista Brasileira no Norte do rio grande do Sul no período de 1932-1938, visando elucidar variáveis, como as estratégias de afirmação e expansão da AIB pela região, questões direcionadas à sintonia e relações internas do movimento, aspectos voltados à oposição política regional e suas estratégias contra o integralismo e o posicionamento da sociedade frente ao verde integralista no contexto histórico. Para tanto, a pesquisa foi operacionalizada através de uma "redução de escala" na interpretação e análise "coletiva" das fontes primárias, tendo como destaque a imprensa de circulação regional (jornais de Passo Fundo, Carazinho, Erechim e Getúlio Vargas). Salientam-se aspectos referentes à efetiva diversidade do movimento regional em relação ao integralismo em geral, levantado-se a hipótese da existência de especificidade nas ações práticas integralistas regionais frente ao movimento de cunho nacional e suas prerrogativas.

6- Título: Crime e Castigo: os conflitos políticos em torno do assassinato de Waldemar Ripoll

Autor: Carlos Roberto da Rosa Rangel
Orientador: Profª. Dr. Ana Luiza Setti Reckziegel
Banca: Profª. Dr. Sandra Brancato (PUC/RS), Profª. Dr. Eliane Colussi (UPF)
Data Defesa: 31/08/2000
Resumo: O objetivo geral desta investigação é, tomando o eixo o personagem Waldemar Ripoll, aprofundar o conhecimento sobre o conflito ocorrido entre os diferentes setores da elite política sul-rio-grandense e destes com o governo federal no período compreendido entre 1928-1938. Como objetivo específico, busca-se compreender de que forma o caso Ripoll foi apropriado ideologicamente pelos setores em conflito para justificar a intervenção federal no Rio Grande do Sul e a posterior implantação do Estado Novo. Trata-se de um estudo de caso, com fontes predominantemente documentais, que inserem personagens e cenário específico - a região de fronteiras Brasil/Uruguai - num contexto envolvente. Constata-se que o caso Ripoll foi utilizado ideologicamente para justificar o combate ao caudilhismo, representado pelo governo de Flores da Cunha, ao tempo que se propunha a substituição da suposta barbárie existente no Rio Grande do Sul por uma nova ordem moralizadora, racional e nacionalista na qual todo crime teria o seu castigo.

7 - Título: Os trabalhadores da Educação 1979-98: Duas décadas de uma história política

Autor: José Carlos Eloy Martins
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. Jaime Giolo (UPF), Prof. Dr. Fernando Camargo (UPF)
Data Defesa: 08/11/2000
Resumo: A história da educação é a própria história política do povo catarinense. A ocupação do solo pelas correntes migratórias sejam elas paulistas, européias ou gaúchas, demarcou consigo as perspectivas de desenvolvimento que, quase sempre, trouxeram como traço marcante a escola. Os dirigentes políticos que comandaram e decidiram os rumos da educação, ora fizeram uma âncora eleitoral, ora um entrave no processo de desenvolvimento autônomo da comunidade escolar, tendo em vista projetos de desenvolvimento de todo o Estado, centrados no capital. O magistério público, no caso específico, o regional, ator e coadjuvante deste processo, levou mais de meio século para concretizar sua autonomia política como a categoria organizada. Nos anos de 1980, que foram de transformação política, alcançou um quadro associativo e depois sindical. As greves se tornaram constantes, com a  determinação de construir uma categoria profissional de funcionários públicos ao mesmo tempo em que se lutava pela ampliação do espaço comunitário de  democratização do processo educativo. Nos anos de 1990, o magistério público estadual alcançou aproximadamente 15 mil filiados, dentre mais de 50 mil professores, ainda com direitos a serem constituídos e outros a serem recuperados, que perdera, como a Democratização da Educação.

8 - Título: A Lei do Silêncio: Repressão e Nacionalização no Estado Novo em Guaporé (1937-1945)

Autor: Cláudia Mara Sganzerla
Orientador: Prof. Dr. Mário Maestri
Banca: Prof. Dr. René Gertz (PUC/RS), Prof. Dr. Marco Montoya (UPF)
Data Defesa: 09/11/2000
Resumo: Ao longo de sua história, o Brasil tem sido considerado o ponto de chegada de vários imigrantes das mais diversas nacionalidades e etnias, como africanos, portugueses, alemães, italianos, suíços, franceses, entre outros. No entanto, pouco se sabe da relação desses povos como o povo brasileiro e até que ponto ocorreu uma integração. De 1937 a 1945, os imigrantes italianos e seus descendentes, de acordo com a tradição oral, foram alvo da violência policial determinada por diversas formas de repressão, das quais a mais conhecida foi a proibição do uso público de dialetos italianos. As práticas autoritárias das políticas de nacionalização do Estado Novo manifestaram-se de várias formas nas comunidades coloniais italianas. Neste trabalho elucida-se até que ponto as medidas autoritárias das políticas de nacionalização do Estado Novo aturaram na comunidade ítalo-gaúcha da colônia de Guaporé entre 1937 e 1945, e a forma como esses imigrantes reagiram à discriminação e suas consequências.