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Professor da UPF faz conferência em evento internacional na Europa

17/12/2019

17:44

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

Dr. Julio Bertolin foi um dos palestrantes ao lado de pesquisadores dos Estados Unidos, Reino Unido, Noruega e Portugal

Um dos palestrantes da Conferência Internacional Edulog 2019 – Equidade no Ensino Superior: evidência, políticas e práticas, realizada nos dias 5 e 6 de dezembro, em Porto, Portugal, foi o professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Dr. Julio Bertolin. Além do professor, representando o Brasil, a conferência contou com pesquisadores e especialistas em equidade no ensino superior dos Estados Unidos, Reino Unido, Noruega e Portugal. O evento teve como objetivo reunir experiências diversificadas, de diferentes contextos nacionais, sobre os desafios enfrentados e as abordagens usadas para reduzir a desigualdade social da participação no ensino superior.
 
Os especialistas expuseram as suas preocupações sobre as dificuldades que enfrentam os estudantes de contextos menos favorecidos para frequentar as instituições acadêmicas. O título da conferência do professor da UPF foi “A persistência da inequidade na educação superior brasileira: dados de background e desempenho dos estudantes”. Em publicação no site do evento, o professor da UPF destacou as desigualdades do sistema educacional e enfatizou que as mesmas possuem origens nos níveis iniciais. “Na educação básica a qualidade, geralmente, está na escola privada. Os jovens que são de famílias mais favorecidas frequentam as escolas privadas e a maioria dos jovens que vêm de classes desfavorecidas vão para a escola pública, que tem dificuldades e carências de toda a ordem e natureza”, destacou Bertolin.
 
Para o professor da UPF, um dos grandes desafios do Brasil é melhorar a qualidade da escola pública no ensino fundamental e médio, que atende aproximadamente 80% das crianças e jovens brasileiros. “Esse é um sério problema: as crianças e os jovens provenientes de grupos sociais desfavorecidos deveriam estar frequentando escolas com melhor qualidade, de forma a compensar as desigualdades decorrentes da origem social e proporcionando condições de igualdade nos processos de seleção da educação superior. Mas no Brasil, de forma perversa, ocorre exatamente o inverso”, enfatizou o professor.
 
O professor Julio Bertolin também comentou sobre a inversão do lugar da qualidade na educação superior, que se desloca para as instituições públicas. “O problema é complexo e difícil de resolver. O que ainda acontece - agora menos por causa da lei das cotas - é que, em geral, os jovens que fazem parte das famílias mais ricas ingressam na educação superior nas universidades estatais como as federais e não pagam mensalidades. E muitos jovens de famílias pobres acabam ingressando em instituições privadas sem qualidade como faculdades com fins de lucro, pagando mensalidades”, observa Bertolin.
 
Na conferência do professor da UPF foram destacados dados da grande expansão da educação superior brasileira nas últimas décadas, fazendo com que as matrículas crescessem de aproximadamente 1,5 milhão para mais de 8 milhões de estudantes. Tal fato está alterando o perfil dos estudantes, visto que em 2002, nenhum estudante fazia parte dos 20% mais pobres da população e somente 4% integravam o grupo dos 40% mais pobres, enquanto em 2015, aproximadamente 15% dos estudantes da educação superior estavam no grupo dos 40% mais pobres. 

Entretanto, o sistema brasileiro não se tornou horizontal e com nível de equidade aceitável. Por exemplo, no ano de 2014, apenas 5% dos filhos de pais sem instrução brasileiros conseguiam concluir um curso de graduação. Já, entre os filhos de pais com educação superior, 70% alcançavam um diploma superior. Ainda, segundo o professor, matriculados e concluintes provenientes de famílias com maior renda, que estudaram em escola privada no ensino médio e que possuem mães com maior escolaridade, frequentam e concluem, proporcionalmente, mais universidades de pesquisa, cursos com maior status social e maior potencial de renda futura e a modalidade de ensino presencial.
 
Sobre o professor da UPF
Julio Bertolin é doutor em Educação e mestre em Ciência da Computação. Atualmente é professor titular e pesquisador da UPF e integra o Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu). Fez parte da Comissão Especial de Avaliação (CEA) do Governo Brasileiro que elaborou o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Atuou também como consultor da Unesco, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e do Ministério da Educação no desenvolvimento de sistemas de avaliação da educação superior. Possui projetos e publicações internacionais sobre avaliação, qualidade e desempenho de estudantes na educação superior.