Ensino

Políticas educacionais são discutidas em Seminário Regional do Sul do Brasil

12/04/2018

16:24

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Jéssica França

Ao longo de três dias, a UPF sedia o V Seminário Regional Sul da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae)

O V Seminário Regional Sul é promovido pela Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae) e teve início na noite de quarta-feira, 11 de abril, no Centro de Eventos da Universidade de Passo Fundo (UPF). Com o tema “Políticas educacionais como campo de disputas: tensões entre o público e o privado”, o evento conta com o apoio da UPF, por meio do Centro Regional de Educação da Faculdade de Educação (Faed), do Programa de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor) e do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU).

A cerimônia de abertura contou a apresentação de uma orquestra de alunos da escola pública do município de Estação. Em seu discurso, o reitor da UPF, José Carlos Carles de Souza, destacou que a busca por uma educação de qualidade é protagonista da ações de gestão e planejamento da Universidade. “Em um cenário que estamos vivendo de dificuldades econômicas, crise moral, crise política, não raramente vemos os mandatários levantarem a bandeira dizendo que a educação é prioridade. Aqui na Universidade, de fato é prioridade, trabalhamos com muita seriedade e gostaríamos que isso extrapolasse esse espaço, por isso, esperamos que os participantes possam sair tocados para a defesa de educação de qualidade para o nosso país”, disse. 

A Anpae é realizada a cada dois anos, ocorrendo a cada edição em um dos três estados da região Sul do Brasil.  Conforme o vice-presidente da Associação para a região Sul, Elton Luiz Nardi, o espaço proporciona o encontro e a apresentação de pesquisas do campo da educação. “O objetivo do Seminário é promover o debate acima de temas emergentes relativos às políticas educacionais e administração da educação, considerando questões que orbitam no âmbito das pesquisas relacionadas às universidades sobre esse tema e também questões que emergem no campo da educação básica”, esclareceu. 

Segundo a diretora da Faed, professora Dra. Eliara Zavieruka Levinski, é uma alegria sediar o evento que reúne professores e acadêmicos não somente do sul Brasil, mas de outros estados. “Nós comemoramos 50 anos como UPF e realizar esse seminário da Anpae sul significa que estamos discutindo as perspectivas, os desafios e as tensões que existem na política entre o público e o privado. Isso nos impulsiona a pensar como as instituições de educação superior, com a interlocução da educação básica, podem dar conta desses debates e fazer todo um movimento de participação das políticas públicas da educação brasileira”, comentou.

Desafios da atualidade e o futuro da educação 
Conforme o coordenador do evento, professor Dr. Telmo Marcon, as tensões sobre o público devem transversalizar todas as discussões, já que o momento atual é de constante mercantilização da educação para o privado, possibilitando que entidades empresariais avancem significativamente, aligeirando os processos educativos, com formações mais rápidas, suprimindo dos currículos disciplinas e conhecimentos que proporcionam discussões mais profundas no campo das humanidades. “Se pegarmos um recorte, principalmente do governo Temer, temos um conjunto de situações muito problemáticas, que apontam para essa perspectiva, marcada por um processo de retirada do espaço público de discussão para o privado. Passa por isso a Reforma do Ensino Médio, que é importante e necessária, mas que foi pouco discutida e de forma rápida em forma de uma medida provisória foi aprovada. Essas questões da educação como são campos de disputa, precisam de um debate mais amplo e uma discussão mais qualificada”, destacou.

A primeira palestra da Anpae foi ministrada pela professora da UFRGS, Dra. Vera Maria Vidal Peroni, que explicou sobre as formas em que a educação vem passando do público do privado, a exemplo da compra de vagas em creches, da terceirização dos planos de ensino e currículo das escolas. “Muitas vezes, a escola permanece sendo pública, mas quem determina o que vai ser feito, gestão e conteúdo, não é a instituição pública e sim uma instituição privada, por meio de parcerias. Tem municípios que compram sistemas prontos, então, não são mais professores que pensam a sua aula, é uma lógica diferente de democratização da educação que estávamos construindo”, explicou.

Ainda conforme a professora Vera, muitas vezes os professores acabam sendo cerceados, passando a ser simplesmente executores de uma proposta e não mais aqueles que pensam, planejam e executam uma proposta educacional. “Tem outras formas de privatização do público, quando ocorre a proposta da Base Nacional Comum Curricular e quem elaborou foi o instituto de grandes bancos e que tem propostas diferentes daquela que estava sendo gestada coletivamente. A decisão chegou de cima com uma outra proposta de formação do privado para o público. A questão da ‘Escola Sem Partido’, é outro problema, que é uma grande censura para o professor”, lamentou. 

A Anpae segue com mesas temáticas nesta quinta-feira, 12 de abril, com apresentação de experiências de gestão em redes públicas do sul do Brasil. O evento encerra na tarde de sexta-feira, 13 de abril, com painel sobre “Desafios da educação pública no Brasil atual” e mesas temáticas.  

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