Geral

Desvendando o Acervo: Bugio

27/04/2018

16:38

Por: Muzar

Fotos: Leonardo Andreoli e Élinton Rezende

O Bugio-Ruivo (Alouatta guariba clamitans) está entre as espécies de primatas mais frequentemente encontradas em hábitats fragmentados de Mata Atlântica. Possui uma ocorrência ampla que vai desde o Rio Grande do Sul até o Espirito Santo, além da Argentina.  No Rio Grande do Sul é considerado vulnerável à extinção devido à redução do seu hábitat. No solo gaúcho há três espécies de primatas não-humanos: o bugio-preto (Alouatta caraya, Humboldt 1812), o bugio-ruivo (A. clamitans, Cabrera 1940) e o macaco-prego (Sapajus nigritus, Goldfuss 1809). A primeira espécie está associada ao bioma Pampa e as duas últimas ao bioma Mata Atlântica, que inclui as Florestas Ombrófilas Mistas (Mata de Araucária).

Estão entre os maiores primatas neotropicais, com comprimento da cabeça-corpo entre 450 – 585 mm e o comprimento da cauda entre 485 – 670 mm. Seu peso varia entre 4 a 7 kg.
Possuem sistema de acasalamento poligâmico. Geralmente um macho adulto e várias fêmeas adultas (Mendes 1989, Miranda et al. 2004, Ingberman et al. 2009). Período gestacional é em média de 180 a 190 dias, nascendo um filhote com cerca de 1/2 quilo.

Vivem em média 20 anos, possuem dieta basicamente herbívora. São facilmente detectados por suas vocalizações (o “ronco do bugio”), usadas para diversos fins, como defesa de recursos, disputas territoriais e comunicação entre indivíduos.

Diferentemente do que as pessoas pensam, os bugios não são reservatórios naturais do vírus da febre amarela. O principal responsável pela transmissão da febre amarela é o mosquito Aedes aegypti. Os bugios prestam um importante serviço de saúde pública, pois são os primeiros a sofrerem com a doença e morrem, então, alerta a população a tomarem as devidas precauções frente ao surgimento da doença.

A mortal febre amarela - uma doença infecciosa causada por um vírus carregado pelos mosquitos não era conhecida no Brasil até meados de 1686, quando chegou oficialmente ao Brasil, originaria do continente africano, veio juntamente com os navios negreiros e causou epidemias violentas em nosso pais que não era acostumado e não tinha anticorpos para tal doença.
A febre amarela foi controlada através do surgimento da vacina desenvolvida por Oswaldo Cruz e da erradicação do mosquito Aedes aegypti. Mas para a surpresa de todos o vírus é extremamente mutante e encontrou aqui no Brasil dois gêneros nativos de mosquitos (Haemagogus e Sabethes). Surgindo a Febre Amarela Silvestre e dificultando muito o controle da doença.