Pesquisa e Inovação

Programa de Pós-Graduação em História consolida parcerias internacionais

27/09/2018

10:23

Por: Caroline Simor

Fotos: Divulgação

Ao todo, cinco doutorandos realizaram e realizam seus estudos em instituições de renome por meio do Programa de Doutorado Sanduíche no exterior

Em 2017, o Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da Universidade de Passo Fundo (UPF) registrou a saída de cinco estudantes para a realização do Doutorado Sanduíche no exterior, por meio de um programa da Capes. Em instituições de renome, eles desenvolvem suas pesquisas e consolidam as parcerias existentes entre o Programa e as universidades.

De acordo com a professora Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel, coordenadora do PPGH, o Programa completa 20 anos em 2019 e tem trilhado um caminho de conquistas, crescimento e, principalmente, de contribuição social com as pesquisas e o conhecimento gerado. “No âmbito das três linhas de pesquisa – Política e relações de poder; Espaço, economia e sociedade e Cultura e patrimônio –, o Programa promoveu importante processo de reconstrução da história a partir do norte do Rio Grande do Sul, com impacto significativo no conhecimento científico da área na sua dimensão regional, nacional e internacional. Ao longo dessas duas décadas, os resultados podem ser acompanhados por meio das mais de trezentas dissertações e teses defendidas e da profícua produção científica dos docentes”, pontua.

No Instytut Archeologii, na Polônia, o doutorando Fabrício José Nazzari Vicroski desenvolveu parte da orientação para a tese “Índios, jesuítas e bandeirantes no Alto Jacuí: implicações históricas e geopolíticas da redução de SantaTteresa del Curiti”. Orientado pelos professores Dr. Józef Szykulski e Dr. Luis Carlos Tau Golin, Fabrício defenderá sua tese em outubro.

Douglas Orestes Franzen realizou o estágio sanduíche ainda em 2017 na Pontifícia Universidade Católica do Chile e já dez a sua defesa. Seu trabalho versou sobre “Ajustando as peças do tabuleiro: a cooperação da Misereor em comunidades agrícolas do Sul do Brasil (1959-1979)” e foi orientado pelo professor Dr. Javier Puente e pela professora Dra. Rosane Neumann.

Docente da Faculdade de Música da UPF, Alexandre Saggiorato também participou do programa de doutorado sanduíche e esteve na Tulane University, nos Estados Unidos. Sua tese foi sobre “Sons da contracultura: o rock no Brasil na década de 1970”, com orientação dos professores Dr. Christopher Dunn e Dr. Gerson Luis Trombetta.

Na Universidade de Coimbra, em Portugal, o doutorando Túlio Albuquerque Paz realizou pesquisa para a tese “Brasilianização do espiritismo em Portugal (1960-1980)”, orientado pelos professores Dr. Vitor Parreira Neto e Dra. Gizele Zanotto. Túlio defenderá a tese em outubro.

Laços intelectuais, experiências e construções coletivas
O doutorando Wanilton Dudek irá defender sua tese nesta quinta-feira (27). Com o trabalho intitulado “Freie Deutschland: os alemães antinazistas no Brasil”, ele ampliou a sua pesquisa na University of Southern California, nos Estados Unidos. Orientado pelos professores Dra.  Susan Luftschein e Dr. Adelar Heinsfeld, Dudek pesquisou o exílio nas Américas de intelectuais alemães durante o nazismo.

Formado em História pela Unespar, especialista em Sociologia Política pela UFPR, Wanilton é mestre em História pela UPF. Como mora em União da Vitória, no Paraná, e é professor titular do Centro Universitário da Cidade de União da Vitória (Uniuv), ele teve uma caminhada de muitas viagens e desafios, mas recompensadora.

Ele ressalta que sempre teve interesse pela história contemporânea, mais precisamente o nazismo e suas implicações durante a II Guerra Mundial. Durante o mestrado, pesquisou os problemas enfrentados pelos alemães e seus descendentes na região do Vale do Iguaçu durante o período Vargas e a declaração de guerra contra a Alemanha. “No doutorado, pesquiso o exílio nas Américas de intelectuais alemães durante o nazismo. Trabalho com a perspectiva da história transnacional e da nova história política”, explicou.

A pesquisa começou com o movimento dos alemães antinazistas do Brasil. Mas na medida em que foi avançando nas análises das fontes no Brasil, o doutorando percebeu que havia uma grande rede de circulação de ideias entre os exilados nas Américas. “Pesquisei em arquivos uruguaios e argentinos. Percebi então que o grande centro de exílio era o sul da Califórnia, em Los Angeles. Escritores alemães famosos como Thomas Mann e Heinrich Mann se estabeleceram em Hollywood durante as perseguições nazistas, buscando trabalho na indústria cinematográfica e nas universidades do Sul da Califórnia. Desse modo, as trocas de correspondências entre os grupos organizados de alemães antinazistas nos EUA e América do Sul tornaram-se constantes. Em minha tese, analiso a conexão e a atuação desses grupos”, ressalta.

De acordo com Wanilton, o PPGH deu condições e o suporte necessários para que pudesse ampliar seus horizontes. “Fiquei lá durante 4 meses, convivendo com alunos e professores de umas das mais conceituadas universidades dos EUA. A experiência do estágio Sanduíche foi fantástica, tanto para o crescimento pessoal quanto profissional. Recomendo a todos que tiverem oportunidade que não abram mão dessa experiência. Trouxe comigo muito aprendizado e materiais de pesquisa que ampliaram significativamente a minha tese”, pontuou, ressaltando que tem planos de fazer uma pesquisa de pós-doutoramento em um futuro próximo e voltar aos EUA para fortalecer os laços intelectuais feitos na instituição.