Exposições

UM LUGAR NO MUSEU

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Alinhando-se aos rumos da arte, o Museu de Artes Visuais Ruth Schneider - MAVRS torna-se um lugar de imersão artística por meio do projeto curatorial Um Lugar no Museu, recebendo o artista porto-alegrense Sandro Ka (1981) para habitar seus espaços por quatro dias e a partir dele conhecer o acervo, propor ações e rever sua própria produção. 

Sandro Ka chega a Passo Fundo trazendo na bagagem algumas novidades que sacodem a poeira das estruturas do museu.  A natureza de sua poética dá visibilidade e atribui estatuto de obra de arte a objetos comuns comprados em lojas populares, como brinquedos de plástico e borracha e souvenires em gesso e louça, ícones da história da arte e da indústria cultural, presentes em nosso imaginário comum compartilhado.

Entre as ações do projeto, a exposição denominada Coleção se compõe a partir do acervo do artista com obras produzidas entre 2007 e 2017. O acervo trata desse poder de deslocamento do lugar comum para o lugar de destaque ao promover uma revisão dos critérios, não só no espaço sacralizado institucional do cubo branco, como movimenta a questão "o que é Arte?" para "quando é Arte?". A contemporaneidade trouxe esse movimento para o campo artístico onde o artista não só produz mas se apropria de objetos e imagens que estão a sua disposição e nos propicia perceber algo novo a partir de inúmeras recombinações. Nessa perspectiva, Sandro Ka joga com a leitura visual das formas para reconfigurar representações, posições de poder, hierarquias e afeto entre os desiguais. Na instalação Ainda Paisagem, elaborada a partir de jogos de quebra-cabeça, reorganiza imagens de pôsteres de cenários kitsch. As recombinações das imagens possibilitam arranjos diferentes, os quais desdobra, estabelecendo diálogos com a exposição como um todo, como um exercício de metalinguagem que converge para a montagem da obra inédita A Grande Paisagem. Na realização deste trabalho, o artista envolve o público para compor uma obra coletiva. Por meio da justaposição de tapeçarias, pinturas, desenhos e fotografias emprestadas por artistas, fotógrafos e colaboradores, a instalação estabelece um diálogo ampliado de sua poética, realocando lugares e protagonismos acerca da condição e do papel de artista, desafiando a hegemonia do que é pendurado nas paredes do museu e ampliando a pergunta que guia o desafio desta proposta curatorial para "quem faz Arte?". No processo, inteira-se das escolhas das imagens que fazem parte do cotidiano dos lares da cidade de Passo Fundo e região e amplia a capacidade de intermediar a condição entre arte e vida.   

Essas ações nos remetem a comparação feita por Martin Grossmann sobre as mudanças ocorridas a partir da obra A Traição das Imagens, que contém a frase Isto não é um cachimbo (1929), de Magritte. Assim como o artista reviu as questões da linguagem da pintura que atenta para a realidade da tela “enquanto matéria” em relação ao tema pintado sobre ela, O'Doherty revisa no seu livro No interior do cubo branco, ideologia do espaço da arte, da condição do espaço expositivo ser “um ambiente sacralizado, distanciado da realidade do mundo", alertando para a necessidade de sua ressignificação como um lugar onde a arte possa "aferir e calibrar seus valores com o mundo que a abriga e inspira".

Assim, a partir do propósito de desconstrução da matriz identitária do cubo branco e do lugar residência/ocupação/exposição/curadoria, bem como obra/espaço museológico/público, o projeto curatorial Um lugar no Museu expande-se para uma experiência inédita no contexto do MAVRS, desenvolvendo um processo de imersão artística e profissionalização do campo junto a profissionais, alunos da área de Artes da UPF, equipe do museu e comunidade em geral.

O Museu de Artes Visuais Ruth Schneider se movimenta recebendo o hóspede Sandro Ka e promete rever nosso modo de aproximação e suas relações de ser e estar nos diversos horizontes que se formam, tal qual uma “paisagem” que muda conforme o modo como percebemos os elementos que ela contém.            

Me. Luciane Campana Tomasini 
Curadora e Coordenadora do Setor Educativo do MAVRS


A ABERTURA, O ESPAÇO

A exposição A ABERTURA, O ESPAÇO, do artista Elias Maroso, trata da negociação em trazer para dentro do cubo branco o que nele “não cabe”. Em sua poética, Maroso tem como tema projetos de atravessamentos. Para o artista, “o que está para além da parede branca da exposição é estímulo de atividade artística”.
A partir das derivas de Maroso pelos espaços urbanos, o artista desdobra o exercício de observação e apreensão de imagens em fotografias e vídeos, entre outras linguagens. 

Não há limites para a execução de técnicas e para a utilização de diferentes linguagens quando Maroso se propõe a explorar o seu desejo poético. 

A proposta de curadoria desta exposição partiu da intenção em trazer a arte contemporânea brasileira como proposta de reabertura das salas expositivas do Museu de Artes Visuais Ruth Schneider com o intuito apresentar o pensamento do artista e seus questionamentos em pesquisas recentes. Alinhados às observações de Clair Bishop de que “museus são uma expressão coletiva do que consideramos importante na cultura e oferecem um espaço importante para refletir e discutir valores”.

Elias Edmundo Maroso é natural de Sarandi, RS, Bacharel em Desenho e Plástica, Especialista em Design para Estamparia e Mestre em Arte e Tecnologia pela Universidade Federal de Santa Maria. Atualmente, é doutorando em Artes Visuais com ênfase em Poéticas Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Desenvolveu, ainda, curso de Extensão Universitária, através de intercâmbio, na Escuela de Bellas Artes Universidad de la República, UNDELAR, no Uruguai e realizou exposições em Santa Maria, Porto Alegre, São Paulo, Montevidéu e Maldonado (Uruguai) e Florença (Itália). Junto ao grupo multidisciplinar Sala Dobradiça, de Santa Maria/RS, do qual é idealizador, participou da 7ª e 8ª Bienal do Mercosul. Recentemente, foi premiado no Concurso de Arte Impressa do Instituto Goethe Porto Alegre (2019), recebendo a oportunidade de desenvolver residência artística na Alemanha, ainda neste ano, no BBK Berlin Printmakers' Workshop (um dos maiores estúdios de impressão artística não comercial do mundo).

Me.Luciane Campana Tomasini.
Curadora