Historiador uruguaio conclui doutorado na UPF

Um dos mais renomados historiadores do norte do Uruguai, Eduardo Palermo realizou o seu mestrado na Universidade de Passo Fundo (UPF) e, agora, conclui o seu doutorado também pelo Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da Instituição. Atual diretor do Museo del Patrimonio Regional da Prefeitura de Rivera e coordenador do Centro de Documentacion Historica del Rio de la Plata y Brasil, com sede em Rivera, Palermo apresentou sua pesquisa na quarta-feira (28). A banca contou com a presença dos professores da UPF Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel e Dr. Luiz Carlos Tau Golin e, por vídeo conferência, das professoras Dra. Ester Judite Bendjouya Gutierrez, da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e Dra. María José Becerra, da Argentina. O trabalho foi orientado pelo professor Dr. Mário Maestri.

Com o tema “Terra Brasiliensis: La región histórica del Norte uruguayo en la segunda mitad del siglo XIX - 1850-1900”, a pesquisa foi uma continuação da dissertação de mestrado do historiador. Antes de apresentar, Palermo agradeceu à UPF pelas bolsas oferecidas a pesquisadores do Mercosul, que, segundo ele, foram fundamentais para que pudesse concluir a qualificação, tanto no mestrado quanto no doutorado. Ele também ressaltou a qualidade do corpo docente do PPGH.

Em sua tese, Palermo buscou provar a existência de uma região histórica no norte do Uruguai, fronteira com o Brasil, em uma área de pesquisa restrita, em termos de pesquisa histórica no Uruguai. “Minha arguição tenta demonstrar a existência dessa região, que, em comparação com o sul do país, onde o foco principal se dá em Montevidéu, nós temos singularidades bem diferentes que nos vinculam muito mais com a história e a cultura do Rio Grande do Sul, até o ponto de afirmarmos que o norte uruguaio e a fronteira com o Brasil são uma extensão cultural, econômica e política do Rio Grande do Sul”, pondera.

Segundo ele, questões históricas e culturais ligam os países por meio da fronteira, mas nem sempre essa relação próxima é compreendida pela comunidade local. “Temos uma cultura de base rural, com forte presença escravista, visto que a escravatura permaneceu um tempo até a abolição do Uruguai, e, mais tarde, no Brasil, onde a mão de obra a serviço do homem não era mais escrava do ponto do vista jurídico, mas era na prática, pois pessoas ainda trabalhavam nas fazendas pela comida e por um lugar para dormir. Essa constatação é absolutamente singular para o Uruguai, já que, no sul do país, essas questões não existiam mais”, explica.

Demonstrar a importância da fronteira na história uruguaia, desde o ponto de vista historiográfico, é um avanço importante para a sociedade, de acordo com o historiador. “O desafio da tese passa pela compreensão da própria comunidade local, visto que há uma concepção antiga de que o Uruguai existe como um território único, sem diferenças. Então, o fato de mostrar a existência de territórios com diferenças é o grande desafio”, pontua.

Para o orientador, Dr. Mário Maestri, a presença de Eduardo Palermo no Doutorado em História tem significativa importância para qualificar ainda mais o Programa. De acordo com Maestri, já durante o mestrado Palermo produziu uma brilhante dissertação sobre a escravidão no norte do Uruguai, com a projeção da escravidão sul-rio-grandense. “Agora, na tese de doutoramento, ele segue o processo, estudando – sempre nessa região que ele denomina como ‘banda norte’ – a continuidade dessa realidade, a projeção dessa escravidão até, praticamente, o começo do século XX. Um trabalho extremamente importante, desenvolvido com muita capacidade e responsabilidade que lhe é peculiar. O Programa de Pós-Graduação em História e a UPF só têm a agradecer e celebrar essa importante construção desenvolvida aqui”, ressaltou o professor.

Bancas finais
A banca de Eduardo integra a programação das últimas apresentações do ano no PPPGH. No dia 14 de dezembro, será a vez de Fabiano Barcellos Teixeira, com a tese “Contra todos: a crítica positivista ortodoxa à Guerra contra o Paraguai (1889-1930)”, com orientação do professor Dr. Mário Maestri. Sua banca será composta pelos professores Dra. Ana Luiza Setti Reckziegel (UPF), Dr. Paulo Marcos Esselin (UFMS), Dr. Jorge Magasich-Airola (IHECS) e Dr. Gerson Luís Trombetta (UPF).

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