Pesquisa e Inovação

Microalgas para melhorar o desempenho térmico de edifícios

22/09/2022

08:38

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Divulgação

Projeto de pesquisa inovador da UPF visa desenvolver protótipos de microalgas para serem utilizados em prédio no Campus I como forma de contribuir com a eficiência energética

Melhorar o uso de fontes de energia, de maneira a reduzir custos e preservar o meio ambiente, é o que caracteriza a eficiência energética. Com o propósito de pensar em novas alternativas para que esse conceito seja colocado cada vez mais em prática, o curso de Arquitetura e Urbanismo e o Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental (PPGEng) da Universidade de Passo Fundo (UPF) desenvolvem o projeto de pesquisa “O uso de microalgas na envoltória das edificações para mitigação/sequestro de carbono”.

O cultivo das microalgas já é realizado na UPF

Financiado pelo Programa Pesquisador Gaúcho, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS), o estudo apresenta novas perspectivas para a eficiência energética de edifícios, aliando estratégias e tecnologias, de forma a interconectar arquitetura, tecnologia e biologia. Uma delas é a utilização de modelos e protótipos de microalgas no prédio L1 da UPF, cuja aplicação pretende buscar melhorar o desempenho térmico do edifício, estudando a proteção solar nas fachadas e evitando o sobreaquecimento em função da incidência do sol.

Inovador no Brasil, o projeto será aplicado na UPF, mas poderá ser um exemplo para outras universidades e para a construção civil como um todo. De acordo com o coordenador, professor Dr. Marcos Antonio Leite Frandoloso, o trabalho busca alternativas para a construção sustentável e da mitigação e minimização dos efeitos das mudanças climáticas.

Fases do projeto
A pesquisa, que conta com o envolvimento de estudantes e docentes de distintas áreas do conhecimento afins ao tema do desenvolvimento sustentável, da eficiência energética e do cultivo de microalgas, encontra-se na fase de produção de estudos de caso da aplicação de fotobiorreatores (equipamento que utiliza uma fonte de luz para cultivar microrganismos fototróficos) com microalgas na arquitetura. Nas próximas etapas, serão feitas aplicações nas fachadas do prédio com os fotobiorreatores, além de simulações por programas específicos de desempenho térmico e energético dos edifícios, isso tudo comprovado com monitoramento dos resultados reais da aplicação nas quatro fachadas do prédio L1.

Segundo Frandoloso, o conhecimento sobre o cultivo de microalgas, que é um elemento importante para novos desafios para a produção alimentar, já tem uma tradição de pesquisa na UPF. “No entanto, o uso delas na arquitetura ainda é pouco explorado, tanto no âmbito internacional como nacional. Desta forma, o estudo apresenta desafios para a discussão e aplicação efetiva destas inovações tecnológicas”, comenta, ao relatar que o protótipo tem base nas pesquisas de referências bibliográficas e, principalmente, de visitas técnicas às experiências de aplicação.

BIQ, Edifício com Quociente Inteligente em Hamburgo

Viagem para conhecer experiências
Para complementar o projeto de pesquisa, o professor realiza, com o apoio financeiro da FAPERGS e UPF, viagens de estudo pela Europa em diferentes instituições internacionais. Por exemplo, em Barcelona e Madrid, na Espanha, estão previstos intercâmbios com universidades como UPC, UPM e IAAC - Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha.

Recentemente, foi feita uma apresentação do projeto e das atividades acadêmicas do curso de Arquitetura e do PPGEng para a equipe de projeto do estúdio ON-A, de Barcelona. “Os profissionais da ON-A trazem a preocupação com relação aos edifícios e cidades frente às mudanças climáticas e sustentabilidade, por meio da incorporação da vegetação a fim de mitigar os efeitos climáticos para o conforto e a redução das emissões de carbono na atmosfera. Este ponto é convergente entre a pesquisa da UPF e os projetos em desenvolvimento pelo escritório de arquitetura”, conta Frandoloso.

Outra visita técnica ocorreu em Hamburgo, na Alemanha, para conhecer os processos de uso de microalgas em edifícios. O professor da UPF menciona que o BIQ - com sua tradução como Edifício com Quociente Inteligente - adota estes processos na prática, sendo o primeiro edifício com estas características no mundo com aproximadamente 10 anos de operação.

“O técnico Martin Keller, da SSC, faz parte da equipe que desenvolveu o projeto e atualmente é o responsável pelo monitoramento e operação de todo o sistema, que também incorpora outras tecnologias, estratégias de eficiência e sustentabilidade. Conforme ele, os resultados obtidos são comprovadamente eficientes, com ótimo desempenho”, destaca Frandoloso, ao ressaltar também, como parte de um parque com outros edifícios que incorporam requisitos sustentáveis, os habitantes se sentem responsáveis por toda esta preocupação e inovação para a mudança de paradigmas de modos de vida, de trabalho e de consumo.

Visitas em Londres, com o EcoLogic Studio, inovador na aplicação das microalgas para a arquitetura e produção de biomassa, também foram feitas.

É preciso pensar no futuro das cidades e na vida das comunidades
Para Frandoloso, temas como o da pesquisa trazem à tona as preocupações sobre o futuro das cidades, dos edifícios e, sobretudo, das pessoas. “Buscar entender o que pode ser feito para mudar o processo tendencial de caos e propor novas tecnologias no caminho do Pós-Antropoceno, um cenário no qual meio ambiente e pessoas sejam objeto de ações concretas equilibradas. É com este objetivo mais amplo que este projeto de pesquisa busca contribuir: melhorar a qualidade dos ambientes de viver, trabalhar e estudar”, finaliza o professor.

O projeto de pesquisa “O uso de microalgas na envoltória das edificações para mitigação/sequestro de carbono” terá duração de 3 anos, seguindo com atividades até 2025.