Pesquisa e Inovação

Games podem melhorar a capacidade cognitiva de mulheres idosas

07/06/2022

13:00

Por: Assessoria de Imprensa

Fotos: Caroline Simor

Pesquisa foi tema da primeira tese do Doutorado em Envelhecimento Humano da UPF

Fisioterapeuta, com especialização em Fisioterapia Intensiva, Patrícia Bazzanello sempre teve interesse pelo desenvolvimento humano e os processos que envolvem essa área. A curiosidade dela fez com que buscasse a UPF para realizar o mestrado e também o doutorado. Pesquisando sobre Intervenção cinesioterapêutica associada a exergame como agente modulador de marcadores epigenéticos e aspectos cognitivos em mulheres idosas, ela foi a responsável pela primeira defesa de tese do Programa de Pós-Graduação em Envelhecimento Humano.

A agora doutora explica que esse processo foi construído depois de perceber, por meio de estudos científicos, que o envelhecimento humano é um processo natural, inevitável, irreversível e acompanhado por diversas alterações, como diminuição da força muscular, déficit de equilíbrio, alterações das funções cognitivas e desequilíbrio de marcadores epigenéticos. 

Patrícia ressalta que é de conhecimento dos pesquisadores da área que um programa de exercícios cinesioterapêuticos, sem movimentos das articulações, podem minimizar ou recuperar os efeitos dessas alterações, principalmente se associado ao uso de tecnologias. “Dessa forma minha pesquisa teve por objetivo estudar e avaliar os efeitos de um protocolo de intervenção cinesioterapêutica com o uso de um exergame, um game de exercícios, sobre a modulação dos marcadores epigenéticos periféricos: níveis globais de acetilação da histona H3, níveis globais de acetilação da histona H4, níveis do fator neurotróficos derivado do encéfalo (BDNF) e os aspectos cognitivos em mulheres idosas”, pontua.

Resultados que poderão ser utilizados para melhorar o atendimento às mulheres idosas

Ao realizar as pesquisar sobre o tema, Patrícia percebeu que os efeitos neuroprotetores do exercício físico, bem como o aprimoramento de desfechos clínico-funcionais em resposta a sua prática, estão associados, pelo menos em parte, com a modulação de marcadores epigenéticos, tanto em estudos pré-clínicos, quanto clínicos. “Porém percebi que não existiam, até o momento, estudos que associassem os marcadores epigenéticos com a cinesioterapia realizada com jogos virtuais, dessa forma optei por pesquisar nesse sentido”, comenta, ressaltando como se deu a escolha do estudo.

O trabalho feito por Patrícia apresentou dados importantes e que terão impacto na prática dos profissionais que atuam na área. Segundo ela, os resultados da tese demonstraram que as intervenções propostas podem ser consideradas importantes estratégias capazes de promover melhora cognitiva em mulheres idosas saudáveis. Os achados revelam, de acordo com a doutora, novas percepções sobre os caminhos envolvidos com o impacto benéfico do exergame em idosas e reforçam a importância de incentivar e implementar essa nova estratégia como ferramenta terapêutica e preventiva para essa população.

“Hoje formamos uma pesquisadora”

Patrícia pontua que mais pesquisas devem ser realizadas para expandir o escopo dos exergames, especialmente estudos que realizem avaliações semelhantes, utilizando amostras e contextos diferentes para verificar se os resultados encontrados estão associados ao exergame, ao método ou ao perfil do paciente. “Desenvolver um ensaio clínico durante a pandemia foi um desafio, sobretudo para garantir a segurança dos pesquisadores e sujeitos da pesquisa. A avaliação dos resultados clínicos foi realizada através de uma interação direta no local em que foi desenvolvido o ensaio. Com as restrições para circulação de pessoas e distanciamento social, tornou-se fácil visualizar os problemas enfrentados”, comenta.

Como a pesquisa nunca é feita de forma isolada, Patrícia registra o agradecimento às pessoas que fizeram parte da caminhada. Entre elas, as coorientadoras do mestrado professoras Dra. Eliane Colussi e do doutorado Dra. Viviane Elsner. “Sou muito grata pelo incentivo e apoio de sempre, bem como ao meu amigo e colega também doutorando do PPGEH Fabrizio Martin Pele Perez, que foi quem desenvolveu essa pesquisa comigo durante seu mestrado. Não poderia deixar de agradecer também a Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS) que financiou minha pesquisa, a CAPES pela minha bolsa durante formação e ao PPGEH e todos os professores e colaboradores do mesmo por sempre terem sido amparo e proteção quando eu precisei”, frisa.

Orientadora dos trabalhos da Patrícia no mestrado e no doutorado, a professora Dra. Ana Carolina Bertoletti De Marchi ressaltou a importância da pesquisa e destacou o empenho para a construção da tese. “Em agosto completaremos 3 anos do ingresso da primeira turma de doutorado.  O PPGEH vem buscando excelência na formação humana a partir de pesquisas interdisciplinares e a primeira defesa representa um marco histórico neste processo. O projeto da Patrícia contou com apoio da Fapergs e a parceria do Centro Universitário Metodista - IPA e Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - UFCSPA, sob a coorientação da Profa. Dra. Viviane Rostirola Elsner. Sabemos que muitos outros doutores em Envelhecimento Humano virão depois dela e estamos felizes porque hoje formamos uma pesquisadora”, celebrou a professora.