Aula Magna do PPGEdu reflete sobre o estudo como base do processo de pesquisa
15/09/2025
10:31
Por: Assessoria de Imprensa
Na última sexta-feira, 12 de setembro, o Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Passo Fundo (PPGEdu/UPF) promoveu sua Aula Magna, com a presença da professora Carlota Boto, diretora da Faculdade de Educação da USP. O encontro reuniu estudantes, professores, egressos e membros da comunidade em um momento de reflexão sobre o tema “O estudo como atividade fundadora do processo de pesquisa”.
O estudo e sua importância na formação
Ao longo de sua fala, a professora Carlota destacou a relevância da cultura do estudo, apontando seu enfraquecimento tanto nas instituições formais de ensino quanto na vida pessoal dos sujeitos contemporâneos, especialmente diante do avanço das tecnologias digitais. Para ela, o estudo é um exercício que exige entrega, disciplina, concentração, tempo e solidão — entendida não como isolamento, mas como encontro meditativo consigo mesmo, que prepara o sujeito para o diálogo com o outro.
Inspirada em autores clássicos, entre eles Max Weber, a professora apresentou o estudo como prática que fortalece a subjetividade e sustenta os processos de ensino, aprendizagem e produção científica. “Sem a cultura do estudo, não há condições de escrita clara e consistente tanto da dissertação como da tese e, menos ainda, da vida bem-sucedida do ponto de vista profissional e humano”, destacou.
A dimensão histórica do estudo
Em sua exposição, Carlota relembrou a origem das universidades europeias nos séculos XII e XIII, quando mestres e estudantes se reuniam em corporações de ofício para cultivar o conhecimento. Nesse contexto, o ensino se estruturava a partir da lectio (preleção) e da disputatio (debate). Segundo a professora, esse duplo movimento permanece atual: retirar-se para o estudo individual e retornar ao coletivo para o diálogo e a partilha.
Reconhecimento à UPF
Durante a palestra, a professora ressaltou a relevância acadêmica e social da UPF. “A Universidade de Passo Fundo é um exemplo de instituição que apresenta a um só tempo o rigor intelectual imprescindível à vida universitária e a relevância social dos temas escolhidos para serem investigados. Eu acompanho a produção dessa universidade, trabalhos desenvolvidos no PPGEdu, são demonstrações do que há de melhor na produção nacional, sobretudo, no campo da pesquisa dos fundamentos da educação”. afirmou.
Ecos da Aula Magna
A atividade contou ainda com manifestações de professores e estudantes do PPGEdu.
Segundo o diretor do IHCEC, professor Luiz Marcelo Darroz: “O estudo constitui a base fundadora do processo de pesquisa, pois possibilita a apropriação crítica de conhecimentos já produzidos. É por meio dele que o pesquisador identifica lacunas, amplia sua compreensão e fundamenta teoricamente suas investigações. Assim, de acordo com a palestrante, o estudo não é etapa acessória, mas parte essencial da construção do saber científico, tão necessário para o enfrentamento das demandas do mundo contemporâneo”, disse.
Para a professora Cleci Werner da Rosa, coordenadora do PPGEdu, a fala da professora Carlota permitiu aos acadêmicos pensar a sua caminhada dentro de um programa de pós-graduação, lembrando que o percurso é sempre de muito estudo e diálogo com a literatura, com o outro e consigo mesmo. “Foi um momento impar para o nosso programa poder ouvir e perguntar a professora Carlota Boto, uma pesquisadora referência no campo educacional”, afirmou.
Para a professora Luciana Rizzi, representando a voz de mestrandos e doutorandos do PPGEdu, a palestra da Professora Carlota trouxe aspectos fundamentais para pensar a pesquisa, a docência e a gestão escolar. “Em um mundo altamente tecnológico, habitar a cultura letrada tem sido uma das tarefas mais desafiadoras na educação. Pois estudar exige estado de ânimo para o tempo lento, num necessário intervalo da órbita cotidiana. Desse modo, exige disciplina, entrega, dedicação, renúncia e decisão individual sobre o quê e como se vai estudar, articulando valores, conhecimentos, ideias e ideais”, comentou.
Por fim, segundo o professor Claudio Dalbosco, que coordenou a Aula Magna: “Pensar sobre o sentido do estudo na perspectiva de diálogo com autores clássicos, como fez hoje à noite a professora Carlota Boto, nos abre a possibilidade de pensar em outras formas de viver, mais críticas e examinadas, bem diferente da vida tipicamente dispersiva e desregrada das redes sociais e de seus respectivos dispositivos digitais. Se o poeta diz com muita graça que navegar é preciso, imitando-o, podemos dizer que estudar é preciso!”, finalizou.