Protagonistas: mais de 70 mulheres integram programa que estimula o empreendedorismo feminino no agronegócio

A busca por conhecimento e a vontade de se conectar com outras mulheres empreendedoras instigou a administradora e produtora rural, Luciana Nogueira, a percorrer cerca de 150 km de distância para participar do primeiro encontro do Programa Protagonistas. A iniciativa é resultado da parceria entre o UPF Parque Científico e Tecnológico e o Encontro de Lideranças do Agronegócio (ELA RS), com o propósito de fortalecer um trabalho com lideranças femininas, focado na realidade da mulher no campo. O evento de abertura ocorreu nessa segunda-feira, 10 de outubro, na Arena UPF Parque, com mais de 70 mulheres inscritas.

O primeiro encontro contou com a presença da secretária adjunta de Inovação, Ciência e Tecnologia do Estado do Rio Grande do Sul, Dra. Simone Stülp, e da reitora da Universidade de Passo Fundo, professora Dra. Bernadete Maria Dalmolin, que puderam conversar e inspirar mulheres que, assim como elas, estão à frente de cargos de liderança. O encontro foi norteado pela temática “Sou líder e agora?”, no qual foram abordadas as hard skills e as soft skills, competências necessárias para a transformação de um perfil de liderança.

Impactar o futuro de mulheres como líderes no agronegócio

Ao compartilhar um pouco de sua trajetória profissional com as demais mulheres, Simone também apresentou dados que apontam que 38% dos cargos de liderança no Brasil, considerando alta e intermediária gestão, são ocupados por mulheres, atualmente. Segundo ela, as mulheres apresentam algumas habilidades que são vantajosas do ponto de vista dos negócios. “Por termos uma sensibilidade de conseguir sentir os ambientes e construir coletivamente em todos os espaços. É comprovado que as mulheres são mais empáticas, que elas criam projetos mais sistêmicos, com maior impacto e, com isso, se tornam mais lucrativos”, apontou.

A secretária ainda destacou competências importantes para quem está liderando uma equipe ou almeja um cargo de gestão. “As hard skills são aquelas habilidades que podem ser quantificadas, os diplomas que podem ser buscados. Já as soft skills envolvem competências de gestão humana, como a convivência em equipe, a ética, a comunicação interpessoal e o autoconhecimento, a sensibilidade e a vontade de aprender constantemente”, completou.

A reitora da UPF, professora Bernadete, parabenizou as participantes por terem se engajado no programa que visa impactar o futuro de mulheres como líderes e empreendedoras no agronegócio, ao se referir que os atributos necessários para a liderança vão se constituindo ao longo da vida, exigindo bagagem técnica, visão sistêmica e uma importante capacidade emocional.

"Precisamos nos dispor a um aprendizado ativo, de acordo com a nossa área e com o propósito da nossa empresa/instituição” disse. A professora destacou, ainda, que a velocidade das mudanças, o avanço da ciência e da tecnologia e a complexidade das coisas exigem da liderança a importante capacidade de trabalhar em equipes, de buscar saberes múltiplos e de desenvolver uma escuta ativa daquilo que acontece no trabalho, bem como daquilo que ocorre no contexto externo, inclusive internacional. "Liderar é uma arte que se ensina e se experiencia de várias formas, mas principalmente pela postura”, finalizou.

Busca por aperfeiçoamento e aprendizado

De acordo com a produtora rural e uma das organizadoras do ELA RS, Débora Grazziotin Finger, 32% das mulheres lideram suas propriedades no Brasil, número que pode chegar a ser maior, considerando que há muitas que trabalham junto dos pais ou maridos e não se consideram gestoras. “Estamos tendo uma nova geração de mulheres que representam boa parte dos alunos dos cursos de Agronomia e Medicina Veterinária. Elas já vêm com outra bagagem, de liderança, com visão administrativa, uma personalidade diferente. Elas se colocam no mercado como profissional não como ajudante dentro da fazenda”, observou Débora.

“Com esse evento a gente fortalece o conhecimento delas em várias áreas técnicas e essa rede de contatos ajuda ela nas tomadas de decisões. Mesmo às vezes não tendo feito uma graduação na UPF, a UPF com toda a sua estrutura, vai potencializar esse conhecimento e certificar a participação delas por meio do programa Protagonistas”, salientou.

A administradora e produtora rural Luciana Nogueira foi uma das mais de 90 mulheres inscritas no programa Protagonistas. De Salto do Jacuí, ela conta que foi apresentada ao programa através de uma amiga e na mesma hora já demonstrou interesse em participar. “O que me instigou a fazer parte do programa foi a necessidade de estarmos informadas o tempo todo, pois ocupamos cargos importantes, então saber se portar, se comunicar é muito necessário. Fiquei maravilhada com o evento de hoje e já estou curiosa para os próximos encontros. Estou feliz por ter feito a escolha de participar”, disse.

Programa terá duração de seis meses

Conforme a head de Estratégia e Relacionamento com o Mercado do UPF Parque, Cassiane Chais, o programa foi pensado para um público que inclui mulheres produtoras rurais, colaboradoras ou proprietárias de empresas do agronegócio que queiram desenvolver um perfil de liderança. “Queremos mostrar para a mulher que sozinha ela não vai a lugar algum, ela precisa estar munida de pessoas e instituições que a ajudem a crescer e se desenvolver. Então ao longo do programa teremos diversas atividades para desenvolverem habilidades e competências, com muitos parceiros que estão se engajando conosco nessa iniciativa”, afirmou Cassiane.

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