Por: Assessoria de Imprensa
Fotos: Leonardo Andreoli
A adolescência é uma fase da vida marcada por momentos e decisões importantes. Angústias, vontades, sonhos, preocupações, desejos e perspectivas com o futuro pessoal e profissional fazem parte do dia a dia dos jovens que vivenciam o período. Para debater essas e outras questões, o projeto de extensão “Observatório de Juventude, Educação e Sociedade” da Universidade de Passo Fundo (UPF) promoveu o sarau e a mesa redonda “Nunca me sonharam. Mas nós nos sonhamos!” com estudantes do 2º ano do Ensino Médio do Instituto Estadual Arco Verde. O evento foi realizado na noite da última sexta-feira, 30 de setembro, no auditório da Biblioteca Central, Campus I.
A atividade foi desenvolvida com alunos de duas turmas da disciplina “Vivências Juvenis”, que são acompanhadas pelo Observatório desde março, e envolveu a exibição e o debate do documentário "Nunca me sonharam", de Cacau Rodhen. A produção de 2017 traça um panorama sobre o Ensino Médio nas escolas públicas do Brasil sob diferentes pontos de vista, principalmente, a partir dos estudantes. Com base nela, o grupo debateu assuntos como as cobranças sobre o trabalho, que dificultam a presença na escola; a desigualdade nas instituições de ensino, tanto públicas quanto particulares; a falta de incentivo no momento da escolha profissional; os direitos dos jovens em expressar suas opiniões na sala de aula; entre outros.
Vitória Jaques da Silva, de 16 anos, foi uma das alunas que compôs a mesa redonda. Ela, que ama escrever e fazer música, além de ter o desejo de se tornar jornalista e ser reconhecida pela sua arte, conta que a preparação para o encontro começou há meses e foi marcada pelo trabalho conjunto. “Algo que ajudou a gente a criar tudo isso foi a nossa união, com o jovem ajudando o jovem. Preparamos tudo com muito amor e na intenção de que as pessoas olhem pra gente e saiam deste evento levando o que aprenderam aqui. Somos jovens ensinando pela primeira vez para jovens e adultos, então acho que é um grande passo para todos nós”, comentou.
A adolescente também relata que durante o preparo do evento se sentiu ouvida com relação às suas ideias e seus pensamentos. “Me sinto muito realizada em expor as minhas ideias no sarau e principalmente no debate. Me sinto feliz por poder ter voz para falar sobre isso, pois não pretendo parar. Quero trabalhar e continuar mostrando a minha voz e dar voz às outras pessoas, servindo de inspiração”, afirmou.
Universidade como local de fala
A professora Me. Clenir Maria Moretto coordena o Observatório e acompanha as atividades realizadas com as turmas do Instituto Estadual Arco Verde. De acordo com ela, após a vinculação à disciplina “Vivências Juvenis”, a qual trabalha o protagonismo e a leitura de realidade, o grupo chegou à conclusão de que os estudantes raramente têm voz e lugar de fala. “Então, nós pensamos em uma estratégia para que eles tivessem espaço na Universidade e dizer o que pensam sobre a desigualdade na juventude, a saúde mental, a incompreensão”, destaca.
Para a docente, ações desse tipo são importantes pois fazem com que os adolescentes se sintam valorizados e reconhecidos em estar formulando reflexões, pensando em como a juventude pode ser cuidada e nos seus direitos. “Ao ocupar um lugar como a UPF, os alunos poderão levar para as suas vidas, suas histórias, momentos onde eles foram valorizados e onde também foram muito queridos, pois fizemos um processo de praticamente 1 ano onde todo mundo acabou se querendo muito bem”, pontua.
Arte em diversas formas
Juntamente com a mesa redonda, um sarau com diferentes expressões de arte foi realizado. Nele, o público pôde conferir poesias, textos e desenhos, bem como a apresentação musical dos alunos e o varal de sonhos deles, que destacaram um mundo menos desigual, mais amor, o desejo de ser feliz, assim como se tornar um bom profissional e ter um carro e uma casa.
O evento contou com a presença da reitora, Dra. Bernadete Maria Dalmolin, do pró-reitor Acadêmico, Dr. Edison Alencar Casagranda, e da diretora da Escola de Ciências Agrárias, Inovação e Negócios (Esan), Dra. Cleide Fátima Moretto.
Sobre o Observatório
O projeto de extensão Observatório de Juventude, Educação e Sociedade (Cátedra da Unesco-UPF) visa promover os direitos das juventudes de Passo Fundo, em convênio com a Cátedra Unesco/UCB, tendo como foco as vulnerabilidades e violências vivenciadas por sujeitos, instituições e territórios, por meio de percursos de pesquisa e intervenções interinstitucionais e interdisciplinares. A temática prioriza a compreensão das violências relacionadas a realidades de crianças e adolescentes vinculados ao território de Passo Fundo, que concentra maior população em vulnerabilidade social, econômica e cultural.
Integrado às redes Brasil, Ibero-americano e Internacional de Observatórios de Juventude, o projeto tem as funções de incentivar a pesquisa, o ensino e a extensão, visando levantar indicadores para a elaboração de políticas públicas sociais e educacionais, bem como desenvolver estratégias de prevenção e enfrentamento da violência nas instituições educativas.
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