Mais de 470 animais foram atendidos pelo Grupo de Estudos de Animais Silvestres no último ano

Durante o ano de 2014, o Grupo de Estudos de Animais Silvestres (Geas) da Universidade de Passo Fundo (UPF) atendeu 478 animais de diferentes espécies. Animais feridos ou oriundos de apreensões provenientes de aproximadamente 130 municípios da região encontram na Instituição toda a estrutura que precisam para sua reabilitação. No Hospital Veterinário, eles são avaliados e examinados e recebem o tratamento adequado antes de serem devolvidos à natureza ou encaminhados a abrigos, quando não puderem voltar ao seu habitat natural.

A professora Michelli de Ataide coordena o Geas. É ela quem explica que o número de animais silvestres feridos geralmente apresenta um aumento nas estações mais quentes do ano. Além disso, destaca que o deslocamento ocorrido nessas épocas à procura de parceiros para acasalar ou em busca de lugar seguro para depositar ovos ocasiona um aumento no índice de acidentes de trânsito envolvendo animais silvestres. A maior parte dos atendimentos realizados pelo Geas em 2014, num índice de 72%, é constituída por aves. Na sequência, aparecem os répteis, incluindo quelônios, serpentes e lagartos, com 16% das ocorrências. Os mamíferos atendidos somaram 11%, os aracnídeos 0,7%, os anfíbios 0,2% e os peixes 0,1%.

Além dos animais feridos, o Geas atende animais que são apreendidos por autoridades ambientas, seja por tráfico ou por qualquer outra irregularidade de cativeiro. Nesta semana, por exemplo, uma cobra que havia sido enviada pelos Correios, do estado do Espírito Santo para o município de Tapera, foi apreendida em Passo Fundo. Um equipamento de raio x permitiu a identificação do animal dentro da embalagem. O Ibama foi imediatamente acionado e entregou o animal aos cuidados do grupo da UPF. Da espécie Perictamboia, encontrada principalmente no norte da Amazônia, a cobra chegou à Instituição desidratada, mas não apresentava fraturas. Ela passou por exames que ajudarão a definir qual o melhor tratamento pelo qual deve passar.

O Geas
O Geas é um grupo que reúne acadêmicos e professores dos cursos de Medicina Veterinária e Biologia que se reúne semanalmente para discutir temáticas relacionadas à fauna e ao meio ambiente. Conjuntamente a essa atividade, foi criado o setor de atendimento veterinário no Hospital Veterinário, no qual são desenvolvidas atividades relacionadas à disciplina de Clínica e Cirurgia de Animais Silvestres. No espaço, são atendidos animais feridos e que necessitem de cuidados oriundos da região de Passo Fundo, que corresponde a 130 municípios.

Atendimento
Os animais são encaminhados ao Geas por grupos ou instituições como Batalhão Ambiental da Brigada Militar, Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Ibama e Polícia Federal, e, inclusive, por pessoas da comunidade. “Após o devido recebimento, o animal passa por uma triagem (um exame completo: clínico, laboratorial e de imagem) que vai identificar o que está ocorrendo, para, com base nos resultados, definir o tratamento correto (seja ele clínico ou cirúrgico)”, resume a professora.

Quando o atendimento é realizado com aves, é muito comum que, entre a alta médica e a soltura, seja  necessário fazer um treino de voo, que faz parte do programa de reabilitação. Isso demanda um pouco mais de tempo e é feito em parceria com instituições como o ZOO UPF, GramadoZoo, Hayabusa Ambiental e Zoológico Municipal de Canoas. Após a aptidão para voos ser certificada,  as aves retornam a Passo Fundo, para que sejam encaminhadas ao destino correto.

Destino
Havendo alta médica, o Geas comunica a liberação  aos órgãos competentes de destinação e à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, que é, atualmente, juntamente com o Ibama, a responsável por questões ambientais dessa natureza. Os órgãos oficiais verificam, em conjunto com o grupo, qual a melhor destinação,  se o cativeiro ou a reintrodução ao habitat selvagem, bem como decidem, nos casos em que o animal não possa voltar para a natureza,  qual o local apropriado para sua permanência.

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