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- 13/06/2017
- Ensino
Documentário Central permeia debate sobre direitos humanos na UPF
A realidade do regime carcerário no Presídio Central foi tema de debate na Faculdade de Artes e Comunicação da Universidade de Passo Fundo (FAC/UPF), na manhã desta terça-feira, dia 13 de junho. Realizado em parceria com a Faculdade de Direito (FD), o cine debate contou com a exibição do documentário Central – O Poder das Facções no Maior Presídio do Brasil. Após a exibição, um debate foi promovido, com a presença da jornalista e diretora do documentário, Tatiana Sager; do codiretor do audiovisual e autor da obra Falange Gaúcha que inspirou o documentário, Renato Dornelles; e dos professores Fábio Rockenbach (FAC), Luiz Fernando Pereira Neto (FD) e Rodrigo Graeff (FD).
Conforme a professora Maria Joana Chaise, coordenadora do curso de Jornalismo, a iniciativa tem o objetivo de levar aos acadêmicos e público em geral discussões acerca de temas como direitos humanos. “Entendemos que dentro do universo jornalístico existem temas transversais, como educação e cidadania e direitos humanos. Quando lançaram, pensamos que era necessário trazer esse debate e mostrar a relação da produção fílmica com o Jornalismo. Os diretores são jornalistas e trabalham há mais de 30 anos cobrindo polícia, com isso, têm um contexto de experiência muito interessante para trazer aos alunos, que vão acabar se deparado com essas temáticas no seu dia a dia”, aponta ela.
Central
O documentário Central retrata a situação do Presídio Central de Porto Alegre, que já foi considerado o pior do Brasil pela CPI do Sistema Carcerário, da Câmara dos Deputados, em 2008. Por meio da perspectiva dos próprios presos, o documentário expõe a estrutura mal conservada e a vida de penitenciários em condições insalubres. Funcionários da prisão, detentos e familiares dos presos contam como é a vida cotidiana na cadeia e propõem uma reflexão sobre o estado do sistema penitenciário brasileiro.
O documentário foi inspirado na obra Falange Gaúcha - O Presídio Central e a história do crime organizado no RS, de Renato Dornelles. O livro-reportagem é fruto de pesquisas, de observações e de coberturas jornalísticas. Antes de se tornar livro, o tema de já servira como conteúdo de uma série de reportagens publicada no jornal Diário Gaúcho, que rendeu ao autor o Prêmio ARI (Associação Riograndense de Imprensa) de Jornalismo em 2007.
Diretora, produtora e roteirista do filme, a jornalista Tatiana Sager conta que foram mais de três anos até a conclusão do documentário que retrata a relação que as facções tem dentro do presídio de Porto Alegre. “Tentamos contar o poder das facções dentro do cárcere. Nosso principal desafio foi tentar mostrar algo em específico, pois tínhamos mais de 200 horas gravadas em todo sistema e várias situações que podem ser abordadas”, explica ela, adiantando que, a partir do material captado para a edição do filme, será realizada uma série com 13 capítulos. Para ela, um dos grandes diferenciais do documentário foi mostrar a realidade dentro das galerias, que são acessadas somente por apenados. “Conseguimos colocar câmera nas mãos dos presos dentro das galeria das facções, onde ninguém entra. São cerca de 11 galerias, com quase 400 presos em cada uma, controladas pelos líderes de facções”, finaliza.